Em qual versão você acredita?
Por Cigana Carmem.
Olá minha querida e amada leitora,
Mais uma segunda feira chegou e eu, mais uma vez começo essa coluna com muito amor te trazendo novamente abordagens instigantes e polêmicas. Mas, você já sabe que minha intenção não é te convencer a abandonar suas crenças, ou te influenciar a se “rebelar” contra os padrões estabelecidos como verdade. Meu intuito é tão somente te convidar a questionar se tudo que nos ensinaram como verdade é realmente da maneira que nos foi contada e te cutucar a fim de que você comece a pensar por si mesma, tirando suas próprias conclusões a respeito de paradigmas estabelecidos socialmente. E, como não poderia deixar de ser, trago nessa semana, um dos fatos históricos mais importantes da história da humanidade: a morte de Jesus.
Minha querida, alguma vez você teve curiosidade de ir a fundo nesse assunto, ou você nunca ousou indagar nada acerca dele? Você simplesmente vem vivendo sob o véu da versão religiosa ou você sente que tem algo além do que aquilo que a cartilha moral nos expõe? Pois bem, essa matéria traz esse assunto sob três vieses diferentes, porém dois deles intrínsecos e inquestionáveis. Vou abordar os aspectos religiosos, científicos e históricos. Mas, me debruçarei na versão histórica, porque, para mim ela é a mais coerente, lógica e congruente com a ciência.
Amada leitora, se você é daquelas pessoas que nem ousa sonhar em questionar a versão religiosa, talvez, você saia indignada com o que vai ler nas próximas linhas, ou até mesmo nem chegue ao final dessa matéria. Se isso acontecer, eu, claro, respeitarei com todo amor sua decisão e as portas dessa coluna estarão sempre abertas para você. Contudo, eu, como uma entidade imbuída da missão de descortinar verdades humanas camufladas e seguindo a premissa dessa revista, de cuja intenção é falar a verdade doa quem doer, não posso e nem quero pisar em ovos.
A ciência, ou mais precisamente estudos arqueológicos tornam plausíveis sua morte. Porém, nada de concreto até hoje foi provado, até porque existem divergências de datas em calendários e ao mesmo tempo uma conexão muito forte de acervos que confluem para uma data específica. Dada essa conjuntura, me volto para hipóteses, que para mim são as mais coerentes, e a versão religiosa é a menos provável. Sendo assim, é por ela que começo minhas indagações. Vamos lá! Você já se deu conta de que a maneira como as religiões versam acerca do assunto soam absurdamente distantes da realidade? Sim. Veja bem, do jeito que contam para nós, parece que Jesus foi um ser etéreo, alguém sem um corpo físico, ou uma pessoa que não existiu de verdade em carne e osso. E isso acontece para atender premissas religiosas que vão de acordo com interesses de poder. Já conversamos aqui inúmeras vezes a respeito do que penso das religiões não é mesmo? Não vou repetir, entretanto vou enfatizar a mesma vertente. Essa figura que existe no imaginário coletivo de um Jesus sobrenatural tem por trás desígnios muito claros. Afinal de contas, se sua figura for humanizada completamente, ou seja, se passarmos a enxergar Jesus como ele era realmente, quer dizer, um homem de carne e osso como nós, toda base da estrutura religiosa cai por terra. Ora, sendo ele um “homem comum” como nós – E entenda-se aqui “homem comum”, como um ser mortal- então implodem-se os pilares religiosos de pecado, moral, e doutrinamento. E isso seria a ruína das igrejas, porque ninguém mais acreditaria nelas, pelo menos não na versão mentirosa na qual estão emersas.
A história serve para nos apresentar fatos cronológicos da humanidade e acontecimentos reais de épocas e civilizações. Da mesma forma que no futuro os alunos estudarão a nossa sociedade e seus impactos sociais, nós também pudemos tomar conhecimento do passado. Logo, me baseando em dados históricos e mergulhando profundamente na história eu descarto totalmente a premissa religiosa de um Jesus que morreu por nós. Isso mesmo! Essa mentira foi contada para, novamente, repito, nos enjaular mentalmente e encerrar definitivamente qualquer possibilidade de questionarmos a religião. Preconizar a ideia de que Jesus “morreu por nós” é endossar e perpetuar a doutrina cristã punitiva, de culpa e pecado, através do medo. Definitivamente fico enojada com isso.
Você que prestou bem atenção nas aulas de história e se interessou em ir a fundo a respeito do que realmente acontecia socialmente na época em que Jesus viveu vai inferir facilmente que quem governava era Pôncio Pilatos. Você sabe quem foi ele? Ele também foi um homem de carne e osso. Era o prefeito ou governador da província romana da Judeia entre os anos 26 e 36. E ele era o Juíz que estava julgando, digamos assim, a condenação de Jesus. Segundo consta em relatos históricos ele não interveio contra os fariseus na condenação de Jesus. Mas, a pergunta é: porque? O que ele pensava a respeito de Jesus? Qual era o posicionamento político de Poncio Pliatos? E como isso o influenciou a não intervir? Cara leitora, Pôncio Pilatos era o representante da Roma dominante naquela época. Quem ditava as regras em Roma? A Igreja, correto? Não é preciso repetir aqui que as cartilhas católicas e protestantes deveriam ser seguidas. Destarte, está claro que Pôncio Pilatos defendia o conservadorismo e as premissas religiosas. Sendo assim, não poderia mesmo intervir a favor de Jesus, uma vez que ele estava indo contra as pregações dos religiosos, porque Jesus não acreditava em punições, culpa, autoritarismo e doutrinamento. Ao contrário. Muito ao contrário. Portanto, em suas palavras mais genuínas Jesus estava na contra mão da moral religiosa. Isso implica claramente em afirmar que Jesus era um subversivo, um contraventor. Por isso, se compararmos Pôncio Pilatos com a extrema direita de hoje, é óbvio que em hipótese alguma um juiz conservador poderia absolver um subversivo, um “comunista” na visão política extremista.
Dessa forma, fica fácil compreender o motivo pelo qual Pôncio Pilatos se isentou de intervir na condenação de Jesus. O fato de atribuir ao povo esta incumbência, considerando o alto índice de pessoas desletradas e ignorantes- e leia-se ignorantes no âmbito intelectual, cuja consciência civil, política e de classe era zero- provocaria uma insurgência geral, bem como conflitos e guerras. O que implica em afirmar que isso desviaria o foco da política e assim ele, além de governar livremente com a justificativa de que o povo tem voz e vez, criaria um ambiente favorável para que o sistema político, vulgo, religioso continuasse dominando, uma vez que o povo já era adestrado e portanto facilmente manipulável. Ele sabia que o povo defenderia a moral e os bons costumes custasse o que custasse. E não diferente dos tempos atuais, o povo condenaria qualquer um. Eu disse qualquer um que se mostrasse contrário ao sistema estabelecido. E nesse caso, esse alguém era Jesus.
Portanto, minha cara leitora, essa exegese patética de que Jesus morreu por nós não existe. E é mais uma ferramenta autoritária de imposição de medo. A morte de Jesus foi nada mais que um acontecimento político e social. Até porque, como foi mencionado no início dessa matéria, nada comprova verdadeiramente que Jesus morreu mesmo. Inclusive existem historiadores e pesquisadores que sugerem que ELE não morreu e teria ido para o Egito e Maria Madalena para a França. Mas, isso também são conjecturas.
Estou chegando ao fim dessa matéria, e a intenção foi te provocar a fim de que você observe a sociedade em que vivemos e se dê conta de que o nome de Jesus ainda está na boca de hereges que usam seu nome para defender Deus, pátria e família, defendendo armas, racismo, violência e julgamentos, aniquilando qualquer pessoa que não esteja dentro dessas regras, como se Deus as tivesse criado. Logo, se Jesus vivesse hoje, em 2024, ele seria sim condenado de novo pelo povo, que, manipulado e cego defende uma moral autoritária e retrógrada, porque assim foram ensinados e se recusam a questionar o status quo. E mais, espero que você tenha consciência de onde podem chegar dogmas autoritários e coercitivos, que adestram mentes e colonizam almas, sabendo que se você defende essa premissa conservadora você pode ali na frente ser vítima dela e não poderá contestar, uma vez que essa seria sua lógica de mundo.
Te convido a refletir e a gente se encontra na semana que vem.
Um afago,
Cigana Carmem.