A culpa é uma defesa emocional.
Por Andreza Justino.
Diante de um problema, a tendência natural de todo ser humano é procurar um culpado. Mas já perceberam que no relacionamento a dois, esse comportamento se intensifica? Em vez de olharmos para dentro, apontamos para fora. “É ele que não me entende”, “ela que nunca muda” — frases como essas se tornam comuns e, muitas vezes, automáticas no ato intenso de justificar o que houve. Eu te convido a se perguntar: ” Será que o problema é mesmo o outro”?
Gosto do conceito aplicado de Augusto Cury, renomado psiquiatra e escritor sobre comportamento humano. Ele diz que a maioria das nossas dificuldades nos relacionamentos nasce da nossa própria incapacidade de lidar com nossas emoções e frustrações. Culpamos o parceiro porque é muito mais confortável projetar fora aquilo que nos incomoda por dentro. Frase dura de ouvir, porém, com um potencial incrível de transparência e sentido.
A armadilha das expectativas irreais.
Outro ponto é o quanto nossas expectativas moldam, silenciosamente, a maneira como percebemos o outro. Idealizamos: esperamos que o parceiro adivinhe o que sentimos, tenha comportamentos perfeitos e supra nossas necessidades emocionais sem erros. Quando isso não acontece (e, inevitavelmente, não acontece), nos frustramos e usamos a frustração como munição. Dai então culpamos o outro.
Mas pense bem: quem é responsável pelas expectativas que criamos? Quando não reconhecemos que boa parte das nossas exigências nascem de desejos e inseguranças internas, acabamos condenando o outro por não ser capaz de preencher espaços que, na verdade, são de nossa própria responsabilidade.
Não são problemas de relacionamento, são questões existenciais.
O que muitos casais não percebem, é que a maioria dos conflitos conjugais não é sobre quem está certo ou errado. São questões de perspectiva.
Carregamos medos não resolvidos, inseguranças, traumas da infância, carência afetiva, necessidade de validação. Essas dores, que nada têm a ver com o nosso parceiro atual, entram no relacionamento como bagagem invisível. Quando algo dispara essas feridas, acontece o que chamamos de gatilho, reagimos como se a dor tivesse sido provocada agora — mas, na verdade, ela já estava lá.
Relacionar-se bem não é sobre escolher a pessoa certa, mas principalmente sobre entender as suas próprias questões. É ter consciência e auto responsábilidade. Sem esse entendimento, sempre veremos no outro a fonte da nossa infelicidade.
Falta de expressar sentimentos.
Outro aspecto crucial é a dificuldade que temos de expressar nossos sentimentos de forma clara e madura. Ao invés de dizer: “Me sinto insegura quando você não me responde”, dizemos: “Você é um irresponsável, nunca pensa em mim!”.
Percebe a diferença?
Primeiro eu quis expressar o sentimento e abri espaço para diálogo. A segunda eu ataquei, gera defesa e afasta o outro de qualquer dialogo saudável. Evidenciando o “analfabetismo emocional” — a incapacidade de ler e expressar nossos próprios sentimentos ao outro.
Se não desenvolvemos essa habilidade, é natural que as discussões se tornem batalhas de acusações, onde cada um tenta provar que o outro é o errado da história.
A coragem de assumir sua parte.
Reconhecer sua responsabilidade dentro do relacionamento é um ato de coragem e maturidade. É parar de olhar para o outro como “o problema” e começar a se perguntar: “O que em mim precisa ser olhado?”, “Que padrões estou repetindo?”, “Que sentimentos eu ainda não sei expressar de maneira saudável?”.
Essa consciência é libertadora porque tira você da posição de vítima das circunstâncias e coloca no papel de protagonista da sua própria história.
Não, você não tem controle sobre o comportamento do outro, mas tem controle sobre como escolhe responder a ele. Você pode decidir crescer, curar, mudar, independente do que o outro faça ou deixe de fazer.
Caminhar juntos é sobre evolução nunca sobre perfeição.
Em um relacionamento maduro, duas pessoas imperfeitas caminham juntas, ajudando uma à outra a evoluir, não a se culpar. Cada desafio pode ser visto como uma oportunidade de crescimento pessoal e não como mais uma prova de que “o outro é o errado”.
Quando entendemos isso, começamos a construir relações mais leves, mais humanas e, acima de tudo, mais verdadeiras.
E agora, quero ouvir você!
De qual parte deste texto fez mais sentido pra você?
Conta pra mim aqui nos comentários — vou adorar ler sua experiência! 💛✨
Andreza Justino.