Fora do Eixo: A Travessia das Mulheres Que fazem Cinema em Pernambuco.
Por Vanessa Cansado.
– Vai Som, Vai Câmera. Ação!
Amoras (es), vocês são ligadas em números, signos, significados e sonhos? Eu gosto e quero iniciar esse episódio da série Fora do Eixo, retratando mulheres fora do Eixo Rio-São Paulo com relação ao número sete (7), um número cabalístico e que denota muitos significados e quando ligados as mulheres tem diversos pontos de vistas. Um deles é sobre ciclos, ritos, intuição, sabedoria e a criatividade. E tudo isso misturado ao cinema, temos a sétima arte das mulheres e que aqui navego na maré audiovisual de sete mulheres de Pernambuco.
O Pioneirismo de KATIA MESEL

Começo por essa cineasta, pioneira do cinema pernambucano em diversos aspectos. A primeira mulher do estado a dirigir um longa-metragem e a primeira mulher cineasta do estado a participar como realizadora de um Festival de cinema no Brasil, isso em 1973. KATIA se formou em Artes Gráficas e Arquitetura. No inicio da década de 90 esteve a frente do grupo de cineastas que fundaram a ABD/Apeci em Pernambuco. Entre 2002 e 2007 ocupou a cadeira de audiovisual no Conselho de Cultura do Recife. Sua trajetória fílmica é marcada por registrar a cultura popular do estado. Em sua filmografia podemos ver filmes em diversos formatos e bitolas, de Super 8 ao digital: “Iaô de Oxum”(1975); “Itamaravilha” e “Pedro do Ingá”(ambos de 1976); “Oh de Casa!”(1985); “Recife de Dentro Pra Fora”(1997); “O Rochedo e a Estrela”(2007); “A Gira”(2008); “O Mago das Artes”(2014); “Fora do Eixo” e “Parto Sim”(ambos de 2018).
Entre Espelhos e Corações: O Enfrentamento no cinema de DEA FERRAZ

DEA FERRAZ, é Diretora e Roteirista com especialização em documentários pela Escola Internacional de Cinema de Cuba (EICTV) e Mestra em Comunicação pela UFPE. Tem em sua filmografia: “Agora”(2020) em que aborda o corpo como espaço de existência; “Mateus”(2019) que acompanha dois palhaços na procura da verdadeira cultura popular pernambucana; “Modo de Produção”(2017) que lança um olhar sobre Estado, Justiça e Sindicato; “Câmara de Espelhos”(2016) faz uma exploração minuciosa sobre a identidade feminina, sobre as violências sofridas pelas mulheres no Brasil, a partir de entrevistas com vários homens moradores da Região Metropolitana de Recife. Retrato aprofundado sobre o universo masculino e sobre como os homens enxergam o papel das mulheres na sociedade ocidental; “Sete Corações”(2014) em que mestres do frevo se reúnem para contar as histórias do estilo musical.
Olhar de Muitas Frentes: Cinema, Territórios e Poesia na trajetória de CECILIA DA FONTE,

CECILIA é Diretora, Roteirista, Diretora de Fotografia e Montadora. Integrante do coletivo Deixa Ela em Paz, com ações voltadas para intervenções urbanas e coordenadora do projeto Movimenta – Cineclubes e Organização Popular. Mestra em Design pela UFPE realizou em 2013 a animação “Salu e o Cavalo Marinho” sobre um menino que mora na cidade de aliança e sonha em ser artista. Ainda em sua filmografia: “Estamos Te Esperando em Casa”(2021), que documentou o cotidiano de Poliana, terapeuta ocupacional, num hospital do Recife que, no ápice de internações ocasionadas pela COVID-19, fez o que pode para conectar pessoas isoladas em UTIs a seus entes queridos; “Território Suape”(2020) em parceria com Marcelo Pedroso e Laercio Portela; “O Ventre da Baleia”(2020); “Parquelandia”(2018), que foi seu primeiro longa que circulou entre escolas, ocupações urbanas e centros culturais de 11 cidades brasileiras e “Sexta Série”(2013), seu primeiro curta-metragem que circulou em mais de 20 festivais.
O Videoativismo Como Caminho Para Transformar de YANE MENDES.

YANE utiliza o audiovisual para potencializar a voz sobre os direitos negligenciados e denunciar através de suas narrativas. É Diretora, Montadora e Diretora de Fotografia da periferia de Recife, Favela do Totó. É integrante da Articulação Nacional de Negras Jovens Feministas (ANJF) e tem como filmografia: “A Live Delas”(2020), realizado através do financiamento do Instituto Moreira Salles na série de filmes sobre a quarentena; “Podia Ter Sido Eu”(2020) em parceria com NANDA PAIXÃO, sobre a realidade das empregadas domestica no Brasil.
A Arquitetura do Cinema de SÉPHORA SILVA.

SÉPHORA é Arquiteta e Urbanista de formação, com formação também em Audiovisual pela Universidade de Guadalajara/México participou da equipe de arte dos filmes “Amarelo Manga”(2001) de Claudio Assis e “Cinema, Aspirinas e Urubus”(2003) de Marcelo Gomes. É Diretora, Roterista, Diretora de Arte, Cenógrafa e Figurinista com grande experiência no cinema. Tem em sua filmografia: “Sihem”(2011) que assina direção, roteiro e a arte do filme; “Maria”(2014) em que assina a direção de arte e ganha o premio no FestCine; “Edney”(2018) que atua como figurinista e recebe prêmio de melhor figurino; Assina a Direção de Arte e ganha o prêmio pelo filme “Amores de Chumbo”(2018); “A Felicidade Não É Deste Mundo” em que assina roteiro, direção e arte do filme, ganhando prêmio.
ADELINA PONTUAL: Precisão da Continuidade e as Direções na Pele do Cinema

ADELINA é formada em Comunicação Social pela UFPE e em Cinema com Especialização em Montagem pela Escola Internacional de Cuba. Na década de 90 foi sócia da produtora Parabólica Brasil, junto com Cláudio Assis e Marcelo Gomes. É Diretora, Roteirista e também atua como Continuísta onde realizou a função em mais de 20 filmes brasileiros, sendo muito requisitada. Entre eles: “Central do Brasil” de Walter Salles; “Carandiru” de Hector Babenco e “O Palhaço” de Selton Mello. Em sua filmografia como diretora e roteirista: “Retrato”(2012); “Rio Doce/CDU”(2013); “Veio”(2005); “O Pedido”(1999); “Cachaça”(1995); “El Monstruo”(1991); “Cosas de Mujer”(1989).
TAYNÁ NUNES, Um Olhar em Movimento.

TAYNÁ é Diretora, Produtora, Roteirista e Diretora de Fotografia. Sua trajetória revela uma artista multifacetada, plural, transitando por diferentes funções técnicas e criativas. Seu cinema se constrói a partir de uma escuta atenta dos territórios e das mulheres. Sua filmografia: assina a direção de arte, roteiro e continuidade do filme de curta-metragem “Mulher(es)pelhos”; direção e roteiro de “Avesso Reverso”; como Diretora de Fotografia “Sobrados”; “A Noite Amarela”, longa que assina a assistência de arte; “O Esquema”; “Mulheres de São Lourenço”.
E, então, que tal mergulharem nas sete marés aqui desenhadas e assistir a seus filmes? Acessem o site na Dica da Colunista logo aqui abaixo. E se quiser saber um pouco mais de outras tantas mulheres do cinema pernambucano acessem a pagina do coletivo Mulheres do Audiovisual de Pernambuco (https://www.mulheresnoaudiovisualpe.com.br/ )
Até a próxima cena!
Abraço Afetuoso,
Vanessa.
Cine-Recorte: Dica da colunista
Muitos dos filmes e cineastas aqui citadas podem ser conferidos na cinemateca pernambucana
https://cinematecapernambucana.com.br/