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         A colonização do corpo feminino ao longo da história.

                     O choro colonizado da alma feminina.

Por Alíne Valencio

 

Deusa Poderosa,

 

,

 

Mais uma semana se passa e você está aqui comigo. Saiba que isso muito me alegra. Hoje, fiquei pensando a respeito de que eu iria escrever. Fiz essa indagação a mim mesma e corri para uma apostila imensa de mais 500 páginas que eu tenho sobre o Sagrado feminino, para continuar nosso bate papo. Entretanto, folheei aquelas páginas inúmeras vezes, fui, voltei, encontrei muito assunto interessante mas nada que puxasse um fio condutor para as primeiras linhas de uma matéria. Então, compreendi que tudo que já escrevi sobre o Sagrado Feminino cumpriu seu papel inicial de elucidar os meandros da sexualidade feminina e sua verdade. Sendo assim, pelo menos por enquanto, vou rumar para outras pautas interessantíssimas sobre ser mulher.

Nas outras matérias acerca do assunto discorri sobre as civilizações arcaicas e como a figura da mulher, ainda que em representações e imagens, sempre esteve presente e como foi reverenciada. Demonstrei que nas sociedades primitivas a mulher era uma divindade, e era adorada.  Enfim, raciocinando a respeito de todo esse axioma, entendi que é hora de avançar na história e continuar perambulando seus caminhos tortuosos para nós mulheres e discutir como, ao longo do tempo, fomos colonizadas.

Portanto, a partir da semana que vem, vou trazer para esta coluna, a figura da mulher, contextualizada na antiguidade. Veja, que já teremos avançado como pretendo. Até aqui falamos das sociedades primitivas e a mulher dentro desse contexto.  A partir de uma das obras históricas mais fantásticas que já li que é “No submundo da Antiguidade”, de Catherine Salles, vou traçar um perfil da visão das civilizações da antiguidade, mais especificamente, as sociedades gregas, sobre o corpo feminino. Ah, como esse assunto me arrebata, e me preenche tanto que pretendo fazer um mestrado em artes sobre como a sexualidade feminina e o corpo da mulher foi retratado ao longo da história no cinema, no teatro e nas artes em geral, a partir do estofo histórico e social. Será lindo!

Desta feita, hoje pretendo fazer desta coluna um confessionário. Mas, nem pense nisso no sentido religioso ou moral. Não! Por favor! Ao contrário. Um confessionário de amor e compaixão que torna essa coluna um espaço de acolhimento e fala. A fala da verdade da alma. É nesse lugar que quero fazer dessa coluna um confessionário e te contar algo muito íntimo meu. Talvez um pormenor que eu só contaria numa sessão de terapia. Contudo, acredito ser bem importante falar das minhas dores, das minhas sombras aqui, afinal de contas, eu sou uma mulher igual a você e tenho que lidar diariamente com minhas dores se eu quiser me curar e me tornar a mulher livre e feliz que estou me tornando.

Dessa forma, me atrevo a afirmar que você minha cara deusa, já é, para mim, uma amiga verdadeira, logo, me sinto totalmente confortável e confiante para te contar o que acontece comigo. Então, vamos lá. Por favor, me empreste seu ombro amigo para eu encostar minha cabeça e te contar o que se passa no meu íntimo. Quem sabe, mais alguma outra mulher esteja passando por isso e não veja saída. Quiçá eu possa ser uma luz para uma alma feminina em meio à escuridão de si.  Há mais ou menos uns quatro anos entrei no meu processo de despertar espiritual e de lá pra cá, tenho feito curas, limpezas e vivido todos os sintomas de um despertar espiritual. Quem está nesse processo sabe que ele vai desde sintomas físicos até grandes viradas de chave mentais, emocionais e espirituais. Além de situações concretas como não se encaixar mais na sociedade, na família, e muitas vezes em relacionamentos que não fazem mais sentido, bem como em trabalho e outras circunstâncias que antes eram comuns e que passam a não fazer mais sentido. E vem uma necessidade imparável de entender o que está acontecendo e ir até o fim.   É um processo dolorido, solitário e que te revira do avesso. Mas depois a gente compreende o bem que isso nos faz, porque apenas a nossa verdade sobrará no fim das contas. Mesmo que leve muitos anos. E não há como fugir ou desistir. Até tentamos, mas quanto mais resistimos às mudanças, mais lições a vida nos manda, com maior quantidade e velocidade. Até a gente finalmente se render e ir em busca da cura emocional, mental e espiritual.  Existem coisas nesse processo que podemos trazer de outras vidas e que ainda atrapalham nossa evolução, nossa vida atual e nossa prosperidade.

No meu caso, estou às voltas com um choro guardado na garganta que há muito tempo é meu companheiro, e que muitas vezes não sei de onde vem. Mesmo, por diversas vezes, estando feliz, estou com esse choro na garganta e não consigo liberar. Às vezes ele dura dias até que finalmente o choro se apresenta. E depois, começa tudo de novo. Mas, como tudo tem sua hora para acabar, estou absolutamente convicta de que seus dias estão contados. E como eu sei? Porque quando a gente se dispõe a se curar, o universo nos dá todas as ferramentas para nos guiar no caminho da cura. É o que está acontecendo comigo nesse exato momento da minha vida. Esses dias minha mentora de chamas gêmeas me disse que preciso fazer uma limpeza de vidas passadas, e eu concordei, mas não sabia exatamente porque, até que ontem veio a compreensão total, clara e lógica. Fui atendida por uma amiga minha que faz limpeza energética e ela disse que esse meu choro vem de outra vida passada, onde eu tinha uma filha e precisava engolir o choro para ela não perceber que eu estava chorando, pois devido a tudo que nos tinha acontecido eu precisava ser forte. Nossa! Na hora caiu a ficha porque eu sei do que ela está falando, pois sim, em outra vida eu tive uma filha e nós fomos abandonadas pelo pai da criança e eu a criei sozinha. Clic! Agora tudo fez sentido.

A espiritualidade age assim, manda as informações soltas e a gente precisa juntá-las para compreender o recado e montar nosso quebra cabeça da cura. Nossa! Estou muito feliz, grata e aliviada, porque agora entendi de onde vem esse choro, ou seja, a espiritualidade é tão generosa que me mostrou o que precisava saber para me curar. As duas mulheres foram apenas instrumentos de Deus para ele falar comigo. E porque essa informação não me foi passada antes, se há tanto tempo eu carrego esse choro na garganta e nunca sei exatamente porque eu sinto isso? Bem, talvez, porque não era a hora, e quem sabe eu não estava pronta para desapegar desse passado. Entretanto, se agora eu sei claramente o motivo desse choro é porque estou preparada para deixar esse passado ir e me limpar daquelas situações. É claro que eu vou fazer essa limpeza o quanto antes. Quero me curar e evoluir mais um “tiquin”.

Ok. Mas e o que tudo isso tem a ver com o livro que eu citei e com o título dessa matéria? O que esse meu choro guardado na garganta tem a ver com a colonização e castração dos nossos corpos? Tudo minha amiga. Tudo! Veja bem, em outra vida eu fui abandonada grávida pelo pai da minha filha. Total semelhança com os dias atuais não é mesmo? Para você ver como não é de hoje que isso acontece e que há séculos milhões de mulheres tem seu grito parado no ar, por conta de seu choro entalado na garganta porque elas não tem outra opção a não ser, serem fortes, mesmo não querendo ser.  Foi o que aconteceu comigo e esse choro é um reflexo claro do impacto que um abandono causa na vida de uma mulher. Eu venho carregando esse choro na garganta por muitas vidas. E agora chegou a hora de sair do cárcere do apego e dar meu grito de liberdade. É um processo. Quer dizer, talvez não seja nessa primeira limpeza que eu consiga. Contudo, minha fome de cura me levará a fazer quantas limpezas forem necessárias até essa vontade constante de chorar fique no passado. Esse é o meu despertar, meu processo. Minha hora, meu merecimento.

Nessa obra que trarei aqui à tona, a figura da mulher é relegada ao submundo. Aos porões sujos das cidades boemias da antiga Grécia e sua figura está diretamente ligada à promiscuidade e ao sexo banal, porque é assim que após a imposição do cristianismo a mulher passou a ser intitulada, ainda que de forma velada. E assim é até hoje sim senhora, e não pense que porque você pode ir e vir que isso mudou. Tanto é verdade que por qualquer coisa somos tachadas de loucas, ou putas. Portanto, todas temos um choro na garganta que não cessa de jeito nenhum. E isso nos afasta de nós mesmas porque ficamos presas à uma crença que nos limita, ainda que essa crença seja de outra vida. Está vendo como tudo isso está diretamente ligado? E o fato de uma mulher, até hoje ser obrigada a engolir o choro porque foi abandonada grávida pelo pai da sua filha, é o resultado de um processo histórico castrador e colonizatorio. Nas histórias que serão contadas, quantas serão as mulheres que passarão para gerações esse choro, porque já receberam da sua ancestralidade o choro guardado na garganta?

Quantas somos e onde estão todas as mulheres que carregam seu grito parado no ar? Em que submundo da sociedade elas estão? Em que submundo interno elas se encontram? Quantas de nós ainda estão presas a circunstâncias de outras vidas, mas por conta de não terem resolvido essa dor, estão aqui, nessa vida repetindo os mesmos padrões, sejam seus ou de seus familiares?

Quantas de nós tem o entendimento que eu tenho? Quantas se permitem expandir a consciência e se abrir para a cura das suas almas? E você minha amiga? Continua morando no cárcere de memórias passadas que te afastam da tua luz e do teu brilho?

Deixo aqui essa reflexão para você e na semana que vem nos encontramos.

 

Com todo amor,

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Alíne.

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