Search
Close this search box.

     A cura do feminino ferido como ferramenta para a politização da mulher.

Por Aline Valencio.

 

Minha Deusa,

Aproveitando o fim de ano, onde encerramos ciclos e deixamos para trás tudo que não nos serve mais é hora de compreender que não há mais espaço para continuar somente olhando para fora de nós. Eu sei que esse é um comportamento condicionado porque é assim que a gente aprende nessa conjuntura social colonizadora em  que vivemos. Nunca nos estimulam a olhar para dentro de nós e vocês já sabem as razões pelas quais isso acontece na nossa sociedade né? Mas, independente de todo o contexto histórico, cultural e social sobre nossos corpos há um fato que não pode mais ser ignorado: conhecer à nós mesmas profundamente, em especial no que diz respeito à sexualidade. E é claro que conhecer a fundo nossa sexualidade faz parte do processo de autoconhecimento, mas é muito mais do que isso. Mais amplo, profundo e complexo. Se trata de politização feminina. Mas, politizar também se trata de muito mais. É uma questão de autoconhecimento. Quanto mais a gente se conhece, mais sabemos como lidar com questões sociais, políticas e culturais e adquirimos habilidade suficiente para discernir a verdade da mentira. E quando me refiro à mentira, estou falando do que tange à nossa subjetividade.

Quando nos roubam o direito de exercer nossa sexualidade na sua plenitude também estão usurpando nossa subjetividade. E sem a total autoridade sobre nossa subjetividade não há como sermos politizadas. E leia-se por politizada, a capacidade de enxergar o invisível. A verdade oculta sobre a sexualidade que ninguém nos conta e que nos torna totalmente livres. Livres de alma. Essa é verdadeira liberdade. É por isso que é fundamental o autoconhecimento da nossa sexualidade. Quanto mais você tem consciência de quem você é de verdade, mais livre você se torna, logo, mais politizada você vai ser. Porém, quando eu instigo você a se conhecer de verdade, estou falando do conhecimento espiritual também, além do intelectual, do emocional e do sentimental. É o conhecimento espiritual que vai te proporcionar enxergar o invisível ao qual a sociedade faz questão que não vejamos.

Quando a gente compreende a sexualidade partindo da premissa da espiritualidade, aí sim, nos aproximamos da verdadeira politização feminina, porque a política deveria lutar pela liberdade em essência. Não há outra razão para militar pelo feminino senão liberdade. E não adianta ser livre física e materialmente se sua alma está presa, a seja lá o que for que a prende. Ou não? De que adianta uma alma presa num corpo supostamente livre? Isso não passa de mais uma mentira. Uma ilusão. Enquanto não houver liberdade da alma, não há liberdade da subjetividade feminina, nem tampouco da liberdade do corpo feminino. E quanto mais resistirmos a essa premissa mais longo será o percurso para a construção de uma sociedade livre para mulheres. Quando despertamos espiritualmente somos capazes de olhar para nós mesmas com a verdade da alma, e não da matéria. Isso quer dizer que o verdadeiro aprimoramento da sexualidade é o espiritual, porque ele sim nos tira os véus que a sociedade colocou sobre nossos olhos há milênios. Até porque a gente sabe que o grande esforço da sociedade em que vivemos é por nos manter cegas para essa verdade: O roubo da subjetividade sexual da mulher. Sim, a sexualidade é pura subjetividade. Tudo que é subjetivo precisa ser acessado através do que é invisível, mas não menos concreto. Aliás, é a única coisa concreta que existe é a subjetividade. Até porque a matéria é uma ilusão, já que somos seres espirituais vivendo experiências materiais. Logo, é um auto engano sair por aí pregando aos quatro ventos cartilhas políticas para pautas femininas sem a prática espiritual. E ninguém aqui está falando de religião tá?

Espiritualidade não necessariamente tem a ver com religião. Na minha opinião, não tem mesmo nada a ver. É totalmente descabido pregar a politização feminina sem defender a supremacia do autoconhecimento e do despertar da subjetividade sexual feminina. E do que exatamente se trata a subjetividade sexual da mulher? Vou te explicar agora. Está estreitamente ligado à fundamentos básicos ao que concerne às práticas ancestrais das grandes mulheres ícones espirituais feministas, mas em especial ao entendimento da sexualidade feminina como ferramenta de expansão da consciência. E o que é expansão da consciência? É justamente enxergar o invisível que não conseguimos enxergar quando nos desempossam da nossa intangibilidade no plano físico. Tudo que é intangível também é concreto. E tudo que é concreto não existe sem o que não é concreto. Assim como dia não existe sem noite, o preto não existe sem o branco e assim por diante. Enquanto isso não for aceito por nós, não haverá revolução feminina que realmente resulte em verdadeira libertação. Para que a verdadeira politização aconteça e provoque uma verdadeira insurgência social feminina é elementar que tomemos conhecimento da nossa espiritualidade, que por sua vez nos levará a acessar toda a nossa árvore genealógica feminina com o intuito de saber da nossa origem, a nossa procedência. Você acredita mesmo que para militar pela causa feminina não é preciso conhecer sua origem? Isso seria como um navio à deriva. Ou como um barco sem rumo.

Como lutar pelo futuro sem conhecer o passado? A gente busca tanto conhecer o passado da história da humanidade pelo viés feminino, mas negligenciamos o nosso próprio passado. Isso sim é se enganar né? Então, quando você se sentir uma militante pela causa feminina, antes observe seu comportamento para consigo mesma e sua própria história. Engajar-se politicamente na causa feminina é também lutar pelo que suas ancestrais passaram enquanto mulheres mas não conseguiram vencer. É tomar conhecimento de que esse algo que te faz militar pela causa feminina é um legado invisível e subjetivo que tem raíz na sua ancestralidade feminina, porque quando roubam a sua subjetividade é porque a delas foi usurpada há muito tempo. Então não adianta buscar a sua liberdade sem as libertar também, e principalmente saber que você, talvez, seja a única das mulheres da sua linhagem que está tendo a consciência de que você pode fazer diferente e não ser oprimida por uma sociedade castradora como a nossa.

Acontece minha deusa linda, que muitas das suas dores, são as dores delas e ok, você pode me dizer: “É justamente por isso que eu devo lutar, porque temos as mesmas dores”. Até aí concordo com você. Porém, qual é o objetivo da luta feminina além da liberdade de sermos quem somos? É também, de uma certa forma, a liberdade financeira não é? Mas, a verdadeira liberdade financeira está diretamente ligada à liberdade subjetiva. Mas, se seus conceitos a respeito do que é ser financeiramente livre estiverem inconscientemente ligados aos conceitos das suas ancestrais que não tiveram nenhuma prosperidade nesse quesito, então não há luta feminina que resolva. É preciso se curar desses conceitos invisíveis equivocados que te fazem estagnar financeiramente sem nem mesmo você saber exatamente o porquê e construir uma nova história para você e toda a sua linhagem. Por isso a cura das suas dores emocionais é também a cura das suas dores financeiras e será o resultado de toda e qualquer luta feminina nessa terra. Não tem fundamento nenhum abraçar a militância feminina carregada de dores emocionais que não nos libertam de verdade. Afinal, o nosso mundo externo nada mais é do que o reflexo do nosso universo interior, portanto, se você quer liberdade concreta, material, se liberte também das amarras inconscientes oriundas do seu sistema familiar. Caso contrário, nossa luta será em vão ou continuará caminhando a passos tão indesejáveis e infelizes como os que temos percorrido.

Pense nisso e tenha uma virada de ano transformadora e incrível.

Com um amor revolucionário,

Alíne.

 

Anúncio
Anuncio305x404

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *