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A libido feminina e as ciências da nutrição.

         Isto não é uma lista de alimentos afrodisíacos.

Por Gabriela Chepluki de Almeida.

 

Quantas coisas você deixa de usufruir, experienciar, desfrutar, gozar e viver, por conta de um condicionamento imposto por um fator externo, permeado na ignorância humana?

Agora, me dirijo especialmente a você, que é mulher, cada dia mais consciente do seu valor e do seu poder, mas que ainda está em execução da batalha contra seus demônios interiores, que ainda possui dominância ou traços de bloqueio mental e emocional que, principalmente, afetam de forma negativa a sua sexualidade.

Pare, por um momento, a sua mente automática e voltada ao “fazer cada vez mais/ não parar um segundo”, e se traga para a presente e atemporal reflexão: você acha que deu qualquer motivo para o Universo, para merecer viver esta frustração, este aprisionamento, esta exclusão e proibição dos prazeres da vida?

Prazeres da vida é um termo vasto. E eu não estou usando esta palavra só porque eu vou falar com você sobre sexo, querida.

Abrindo o parêntese de praxe: o próprio exercício de você parar sua mente automática e se desprender das tantas coisas que se impõe a fazer, já ajuda a sua sexualidade, que muitas vezes não pode ser sentida e vivida pelo simples fato de que a nossa cabeça preocupada não desliga.

A gente sabe que a sexualidade como pilar de vida, não só o hábito frequencial de praticar o ato sexual, mas sim a conexão profunda que cada mulher tem com ela mesma, com seu corpo, sua mente, seus desejos mais íntimos e com seu parceiro, não começa na cama, nem nas preliminares agudas, nem no ato de se despir. Seu despertar e invocação nascem de muito antes da sua dinâmica.

Não vou me ater aqui na parte que compete ao parceiro de fazer a mulher se sentir amada, desejada e excitada pelos tantos detalhes ao longo do dia. Vamos falar da parte que compete da mulher para ela mesma, apenas para a gente não se prolongar e acabar saindo muito do foco. Nesta revista feminina, onde dificilmente se entende o que uma nutricionista faz, e onde se fala abertamente da quebra de tabus e da varredura infinitesimal da ignorância social, há muitas companheiras conosco, que contribuem com sua sabedoria acerca deste tema em particular. Vou começar do ponto de onde iremos partir para chegar até a relação com a nutrição.

A sexualidade da mulher começa no primeiro dia da sua semana, na primeira atitude pela amanhã, na lealdade com a sua rotina, seja ela minuciosamente regrada ou completamente alinear, mas plenamente consciente e voltada a si mesma como prioridade, preservando a sua plenitude inabalável. Ela é sustentada pelos pensamentos, princípios e crenças inconscientes, pelas escolhas que tem força de carregar, pelo poder de decisão sobre se tornar enaltecida e capaz de tudo, pelo acolhimento que se dá quando compreende os pontos onde é impotente para com o TODO, e ao mesmo tempo pela consciência individual de que pode TUDO. A mulher segura sexualmente é uma mulher resolvida em sua plenitude e em todos os aspectos que compõem seu Ser.

Já por outro lado, a sexualidade de uma mulher é minada por ela mesma (e, obviamente, não por sua única ou própria responsabilidade), quando ela deixa de usar uma roupa por causa da forma como marca sua barriga, gordura do braço, celulite ou algum relevo, ou quando ela mostra uma marca, estria ou mancha; quando não se permite sair de casa com qualquer elemento que, mesmo discreto aos olhos da maioria, possua qualquer entendimento sensual ou até mesmo vulgar; quando usa roupas folgadas ou escuras para esconder os detalhes individuais que não crê que sejam adequados, ou bonitos para serem mostrados; quando crê que se repaginar vai fazer as pessoas tirarem sarro dela; ou, quando fizer qualquer coisa que sinta que a tira da posição do comum camuflado.

Vamos aprofundar? Quando a mulher se sente à vontade apenas se relacionando no escuro, ou apenas vestida, coberta, ou quando se sente profundamente envergonhada e constrangida ao ficar nua diante de um parceiro sexual, além de profundamente frustrada e humilhada com o fardo da obrigação de se expor, apenas para não desapontar a expectativa de quem está à sua frente.

Percebe que tudo isto caracteriza, mesmo que não tão proximamente do diagnóstico clínico, um distúrbio de imagem? Caso você se identifique, consegue se lembrar quando, como ou por que começou a enxergar a si mesma desta forma depreciativa?

Apenas na profunda perspectiva do distúrbio de imagem e da frustração com o peso ou formato corporal, já encontramos a interseção direta da nutrição com a libido. O corpo físico feminino, possuindo relação direta na autoestima e autoconfiança da mulher, possuindo qualquer característica que seja, por esta mesma mulher, considerada uma desarmonia, já abre portas para a frustração, insegurança e necessidade de se esconder.

Amada, eu não vou curar sua cabeça com alguns rolamentos de tela com um texto em uma revista, mas talvez minhas palavras sejam uma singela centelha que te faça repensar como você é valiosa, e como, talvez, esteja sendo muito dura consigo mesma, por conta de coisas que foi obrigada a ouvir e vivenciar. Deus queira que, pelo menos um pouquinho, você se veja livre de qualquer crença limitante ou depreciativa que, eu te prometo, do fundo do coração, não se baseia na realidade. E a realidade é que você é sensacional, você é incrível, você é perfeita! Só, infelizmente, não se lembra de prestar atenção nisto ao longo dos seus dias corridos.

Eu poderia ainda falar de muitos fatores científicos relacionados com a libido feminina, como a alimentação, o sono e a atividade física como contribuintes hormonais diretos ao bom funcionamento do organismo e, lógico, da sexualidade. Eu poderia mencionar os tantos alimentos, chás, especiarias e raízes termogênicos que são também afrodisíacos, poderia falar sobre as gorduras e as fontes alimentares que podem dar tesão, disposição ou desempenho sexual. Mas, nada disso teria poder de curar a mente de uma mulher. Não existe poção ou elixir, se não o primeiro passo, que é o comprometimento à cura individual e à continuidade dos hábitos que nos promovem saúde física, clareza mental, auto amor e consciência individual.

Quem sabe um dia, para trazer uma dose de humor um pouco maior do que as pitadas que pescamos no meio das conversas, eu venha falar destas cápsulas naturais com nomes cômicos que encontramos em sexy-shops, seus respectivos componentes e a veracidade (ou não) dos seus efeitos. Mas, como o próprio subtítulo da nossa prosa de hoje diz, isto não é uma injunção de alimentos afrodisíacos.

Isto é para te relembrar que você é mulher, e tudo que você merece viver, já passou da hora de chegar até você. Eu sou aquela que vem da direção oposta do seu caminho te entregar uma pequena pista de por onde você continua sua trajetória para conseguir viver plena, bem e feliz, e óbvio, sexualmente segura.

Ps. Se um dia você compreendesse a mente dos homens (ou mulheres, why not?) sobre como eles nos enxergam, você nunca mais teria vergonha da sua dobrinha, sobrinha ou barriguinha, como você costuma chamar. Guria, se seu parceiro é homem, tenha certeza, que isto é lindo para ele de uma forma que, da nossa ótica, talvez a gente nunca vá saber. Mas… se você acha que a sua insegurança, acima de tudo, é incentivada por este “homem”, talvez você deva fazer uma faxina nas suas companhias afetivas. De “moleque” para “homem”, são cento e oitenta graus de distância no compasso.

Fique bem, come um docinho, e vai namorar!

Gabi.

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