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A materialidade do Sagrado Feminino.

           Materializar o “Ser Mulher” é honrar nossa ancestralidade.  

Por Alíne Valencio.

Deusa maravilhosa,

Nessa sexta feira desafiadora, me encontro ligeiramente indisposta. Toda mulher sabe o que é isso. E não, não estou menstruada não. É um conjunto de fatores que me causam esse achaque. Mesmo assim, estou aqui comprometida com você para tratar de um assunto muito importante: desmistificar de uma vez por todas o Sagrado Feminino. Há muitos equívocos a respeito dessa linda filosofia de vida.  E é sobre esses desacertos que vamos conferenciar hoje. Antes porém, preciso dividir com você como essa semana foi arrastada para mim. Não sei para você. Eu tinha a certeza de que estava sozinha no mundo, como se só existisse eu e meu universo interior. Foi aí que caí na real, porque no fim das contas é exatamente isso mesmo. Nós e nosso universo interior. Nada mais, ninguém mais. E ainda que a gente se encontre cercada de pessoas, no fundo e na realidade  seremos nós e nosso universo interno. Não há como fugir dessa atávica premissa existencial.

Quando virei essa chave, aquele sentimento apertado no peito se dissipou rapidamente, porque compreendi, ali naquele exato segundo que a agonia que estava me assaltando se devia ao fato de eu estar olhando para fora e de alguma forma ter me afastado de mim, mesmo que por alguns minutos ou algumas horas. Nossa! Era isso! Passou aquele sentimento agoniante e voltei a me sentir melhor. Claro, eu me ajudei também e fui fazer EFT. Uma técnica de cura emocional que em minutos levou embora aquele sentimento. Depois, tomei meu floral de Maria Madalena, passei lavanda no chacra laríngeo e usei a pedra LARIMAR na garganta. Em alguns minutos retornei para dentro de mim, e de novo me atinei de que novamente eu precisava ser paciente e esperar o tempo das coisas, do universo. E mesmo pensando: “Já tô esperando há tanto tempo”, me acalmei, me abracei e segui meu dia normalmente. Enfim, o despertar espiritual tem dessas sabe? Dizem que quando estamos prosperando e nos transformando de verdade, esse tipo de situação acontece muito. Eu sou testemunha de que é verdade.

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Bem. Chega de confabulações emocionais melancólicas e vamos ao assunto de hoje. Você, musa maravilhosa, se me lê desde o princípio sabe que essa revista é a revista do Sagrado Feminino e principalmente uma revista em homenagem à Maria Madalena, minha mentora. Pois é, então você já deve ter lido outras matérias que escrevi acerca do Sagrado Feminino e portanto já deve ter uma ideia do que se trata. Logo, vou afunilar o assunto e ir direto ao ponto.

Fonte: Soy Expansion

Lamentavelmente, acontecem alguns deslizes reprováveis que nem deveriam ser proferidos por pessoas espiritualizadas. Um desses lapsos consiste em acreditar que o Sagrado Feminino não considera o lado material da realidade feminina e nem tampouco o lado sombrio. Sinceramente, não sei de onde surgiram tais crenças. Em primeiro lugar porque quem vive o Sagrado Feminino na prática, pode afirmar com toda a certeza que é justamente o contrário. Essa filosofia preconiza que para encontrar nossa luz, é fundamental identificar, aceitar e acolher nossas sombras, porque são elas que nos fazem ver quem somos de verdade e aprender a conviver e equilibrar com elas (luz e sombra) é que nos libertam das correntes que nos prendem à essa sociedade que odeia mulheres.

Ademais, compreender que essa harmonia entre luz e sombra é exatamente o que nos coloca na frequência com o universo e com o TODO. A essência do universo é exatamente composta dessa UNIDADE entre luz e sombra. Lembram daquele símbolo do Yin e Yang? Perceba que no lado da luz (branco) mora a sombra, e na sombra ( escuro) reside a luz. Logo, é um contrassenso considerar que o Sagrado Feminino se fundamenta somente no Sagrado. Absolutamente. O PROFANO é parte intrínseca do Sagrado. Isso implica em dizer que- e eu sou prova disso- não há como se desconstruir e se reconstruir sem passar e aceitar nossas dores. Não há!  A cura perpassa necessariamente a dor. Para encontrar a cura, é preciso viver a dor. Não escondê-la de forma alguma. Uma é parte inerente da outra. Uma fortalece e precisa da outra. Essa é a verdade da existência. Inclusive é uma das leis do universo. Ora, é tão óbvio né? não há dia sem noite, e nem noite sem dia. Ou há? Pois bem! Desejo ardentemente que isso fique claro de uma vez por todas.

Outro engano bem comum é enveredar a acreditar que viver o Sagrado Feminino é viver apenas no mundo espiritual, ou seja, desenvolver apenas a espiritualidade no etéreo. Bem, se você entendeu bem tudo que conversamos nas linhas acima, nem preciso decifrar esse desatino não é? A espiritualidade engloba e perpassa a matéria. Afinal, nada é sem propósito e sentido no universo. Isso quer dizer que, se a matéria não tivesse importância, a espiritualidade encontraria outra maneira de nos fazer evoluir e aprender. Nossa configuração genética não teria fundamento na matéria. Aliás, é bem provável que nossa densidade não fosse compatível com a matéria. Você compreende? O que estou querendo dizer é que matéria e espírito andam juntos e não podem coexistir sem o outro. Como claro e escuro, branco e preto. Sendo assim, a importância da materialidade para o desenvolvimento e evolução espiritual das mulheres significa dizer que a realidade material importa e é fundamental e necessária.

Ou seja, a materialidade é o pilar que sustenta a evolução da alma. Se para evoluir, o espírito precisa experienciar a matéria e essa é a verdade que sustenta a existência, porque ainda há algum tipo de dúvida a respeito das leis da vida? Quem pensa que o Sagrado Feminino preconiza que mulheres apenas dêem atenção ao mundo extra físico e desenvolvam tão somente o mundo espiritual, duvidam exponencialmente das leis da vida e não entenderam nada a respeito de como o universo funciona. Urge revisarem toda a lição aprendida até aqui em suas vidas.  Se até mesmo Jesus Cristo precisou passar por aqui para que se tornasse quem é, por qual razão nós não iriámos vivenciar a matéria?

Inclusive, ouso afirmar que avaliar o Sagrado Feminino considerando unilateralmente o âmbito espiritual é continuar perpetuando um olhar estereotipado a respeito da mulher, como a santa intocável, ingênua e virgem e reafirma a condição social colonizada na qual nos enfiaram. Sendo assim, a matéria é primordial para romper paradigmas. Então, é na materialidade que desbancamos o pressuposto da mulher obediente e consolidamos o fato de que o sexo feminino e todas as mulheres tem sido demonizadas e afastadas do seu poder pessoal para que o patriarcado possa se estabelecer. Logo, é na materialidade que é possível sacralizar, celebrar e reverenciar a existência das mulheres, porque é na matéria que é possível compreender a importância de honrar a ancestralidade feminina e praticar o que eu chamo de sororidade ancestral. Esse termo foi intuído por mim.

Fui procurar e as duas palavras juntas não existem, portanto, tive certeza de que foi a espiritualidade que me deu essa expressão para que eu trouxesse a compreensão de que honrar a ancestralidade é justamente romper com ciclos repetitivos e encerrar lealdades visíveis e invisíveis para que todas as mulheres se tornem livres, ainda que muitas estejam em outro plano. E uma prova de que a matéria não existe sem a espiritualidade é que tudo que está manifestado aqui, já estava há muito tempo acontecendo do outro lado. Enfim, é na matéria que “ser fêmea”, é capaz de ressignficar o inconsciente coletivo que inverteu a palavra feminilidade conferindo à ela um tom de inferioridade. Para alguns, a feminilidade é essa construção social que inferioriza a mulher. Dentro dessa reverberação, SER FÊMEA, é a natureza da mulher. E ser fêmea tem a ver com instinto, intuição, com ser a Mulher que Corre com os Lobos que a Clarissa Pinkola Estés corrobora no seu livro.

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Fonte: Soy Expansion

E é um fato que há milênios é o “ser fêmea” que vem sendo violado pelo patriarcado porque “ser fêmea” nos confere essa natureza que amedronta o machismo conservador, porque ainda que hoje não seja mais obrigatório que a mulher dê a luz, esse poder não deixa de ser nosso, pois só a gente sangra, cicla e gesta. E isso nos confere a liberdade. É por isso que somos tão combatidas há tanto tempo. O patriarcado sabe que se a gente “tomar o poder”, e entenda-se essa expressão por “poder pessoal”, ninguém vai nos podar e o patriarcado vai desmoronar com um castelo de areia.

É por essa razão que até hoje existe feminicídio,  e é por esse motivo que o machismo existe e mata mulheres. E é exatamente por isso que a materialidade é importante no Sagrado Feminino. Logo, quem leva a palavra “Sagrado” para o sentido literal está mais uma vez reforçando a premissa da mulher da moralidade. Ao contrário, o para o Sagrado Feminino ser SAGRADA é justamente se manter íntegra e livre, resistindo até o fim em nome da sua verdade e essência. Porque viver a sua verdade é viver em consonância com Deus. E Deus é liberdade. Portanto, ser livre é ser divina. Essa é realidade que ninguém conta para você sobre o Sagrado Feminino.

Cada palavra que escrevi hoje encheu meu coração de alegria e espero que essa energia de luz e amor tenha chegado até você.

Um beijo de FÊMEA para FÊMEA,

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Alíne.

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