A Páscoa das historinhas que contamos para nós.
Cigana Carmem.
Minha querida e amada leitora,
Essa semana entramos na semana da páscoa e aprecio jogar uma reflexão para você. Vou escrever na primeira pessoa do plural, porque dessa forma, me torno mais humana, ok? Nós seres humanos nos arrodeamos da necessidade de buscar significado e respostas para tudo, já percebeu? Um exemplo disso são as comemorações da páscoa. E isso é apenas uma ponderação, talvez, um tanto perdulária aos olhos de quem nada questiona sobre a vida ou as coisas ao seu redor. E algumas simbologias são realmente lindas, como o senso de renovação, preparação espiritual, olhar para dentro de si e fazer caridade que a páscoa tem. Além, claro, de todo o entorno acerca da morte e ressurreição de Cristo. Óbvio que todo esse enredo semiótico de respostas é encantador e nos toca o coração.
Porém, o ponto onde quero chegar é, por qual razão somente na páscoa ou datas religiosas nos voltamos para dentro de nós? Por que somente quando comemoramos essas manifestações cristãs lembramos de fazer caridade, ou do espírito renovação? Essas práticas deveriam se dar todos os dias nas nossas vidas de forma comprometida e séria. Quantas de vocês depois da páscoa ou do natal ou de qualquer outra data religiosa continua seu aprimoramento interior, ou torna constante a prática da caridade? Quantas de nós esquece do verdadeiro ensinamento de Deus? Que é: Vós sois Deus. Lembra disso? E o que quer dizer? Que ele está dentro de nós, pois somos ELE em espírito aqui na terra. Isso quer dizer que devemos agir todo dia para evoluir.
O Verdadeiro sentido de Orar.
A maioria das pessoas esquece que aqui não é um parque de diversões onde a gente não tem responsabilidade com ELE. A nossa função ao encarnar é cumprir o combinado com DEUS: evoluir a alma e ser feliz. Entretanto, não há evolução sem a prática constante de determinados hábitos, como olhar para dentro de si. Impossível a alma evoluir desprovida de educação, constância e comprometimento com a sua evolução. Não são alguns dias de páscoa que vão mudar maus hábitos de uma vida inteira. Para Deus, sinceramente, não adianta comemorar sua morte e ressureição se depois apagamos da memória a responsabilidade de honrar a dádiva que nos foi dada através da vida. O que ele espera de nós é que todo esse significado seja pratica DIÁRIA na vida, e não apenas num evento em alguns dias do ano.
Ademais, essa necessidade de significado para tudo, aniquila a possibilidade da responsabilidade sobre a nossa felicidade. E a felicidade verdadeira só acontece a partir do sentimento de satisfação e gratidão que a constância no comprometimento nos proporciona. Você me entende? É claro que, não sou contra as comemorações. Ao contrário. Acontece que sou a favor da celebração da vida todos os dias, não apenas na páscoa ou no natal. A gratidão deve ser praticada diariamente. Até porque para que possamos voltar para a casa do pai, ou seja, vivermos quem somos em essência, só há um caminho: a gratidão. E tenha em mente que a gratidão é uma oração diária de celebração da vida. Esqueça a ideia de que apenas um Pai Nosso ou Ave Maria são orações. Mesmo porque, de nada adianta rezar dessa forma com o coração amargurado e cheio de rancor. Para Deus mais vale quem nem rezar sabe, mas tem o coração grato e amoroso do quem vive enchendo a boca para proferir as orações ensinadas pela igreja, mas não perdoa, e carrega mágoa no coração. Esse é o ponto. Logo, o que é orar de verdade?
Só com a Fé em ação, a abundância floresce.
A verdadeira oração, a real prática da fé só tem valor para Deus com ação constante, e principalmente que venha de um coração que usa suas próprias palavras e não necessariamente repetições simbólicas de palavras que muitas vezes já sabemos tão decor, que vamos rezando e pensando em outra coisa. É muito mais sincero e verdadeiro as palavras improvisadas de um coração cheio de amor, em qualquer lugar, do que uma prática religiosa sem atitude e real intenção de mudança. Pense nisso!
Nos apegamos a conceitos porque nossa mente precisa a todo momento de validação e nós também. É como se a gente precisasse atestar para nós mesmas que estamos ali, obedecendo o protocolo que nos ensinaram e assim nos livramos da responsabilidade de ter que fazer diferente para ser feliz de verdade e honrar a Deus. Por que sim, minha amiga, honrar a Deus é ser feliz todo dia tá? Não é só ir lá na igreja uma vez por semana, tomar hóstia e continuar na mesma vidinha enfadonha e automatizada, trabalhando para sobrevier e pagar contas. NÃO! Deus não nos fez para acreditar que a vida é essa porcaria.
Isso é uma historinha que contamos para nós mesmas para justificar nossa falta de coragem e competência para olhar para dentro de nós e falar com Deus DO NOSSO JEITO. É isso que Deus quer. NÓS! Não projeções de vocábulos decorados e sem originalidade e atitude. Contudo, nos apegamos aos condicionamentos e a ele damos significados para justificar para nós mesmas e para os outros que estamos ali, obedientes e leais aos padrões de comportamentos.
Os desejos do Coração.
Vou te fazer uma pergunta, mas seja sincera com você….
- Você já teve um desejo imenso de apenas conversar com Deus genuinamente, mas acabou rezando uma Salve Rainha, sem nem mesmo saber porque? São os condicionamentos que automatizamos e nos repreendemos caso a gente fuja deles. E isso acontece ao todo momento, em situações cotidianas que nem percebemos. Por exemplo, temos a tendência de sermos tão metódicos que, se temos que tomar um remédio às 14 horas, e são 14:10, já ficamos aflitos querendo ligar para o médico para sabe se pode. Isso tudo é uma MENTIRA. O jeito certo de fazer as coisas é O NOSSO JEITO. Acontece que se fizermos as coisas com espontaneidade e autenticidade seremos criticadas não é mesmo?
Mas, você já parou para pensar que…
- Tudo ao nosso redor nos condiciona e automatiza e é exatamente essa função da prática constante de auto conhecer-se: nos tirar da caixa. Nos fazer ser livre. Na alma, no pensamento e na ação, porque foi assim que Deus nos fez, é assim que ele espera que a gente aja. Voltar para a casa do pai, minha amiga, não é seguir protocolos. A vida humana se assemelha a uma repartição pública onde o ser humano apenas bate ponto, nos pensamentos e bate cartão nos comportamentos. Todo dia do mesmo jeito. Viver o reino de Deus na terra, no nosso dia –a –dia é viver a vida do nosso jeito. É ser feliz seguindo nossa verdade, com leveza, paz e harmonia. Seguindo nossa intuição, silenciando e ouvindo-a porque Deus fala conosco através dela e agindo em prol da nossa evolução espiritual. Já vi tanta gente que ora, ora, ora e se sente vazio, sem perspectiva, sem alegria. Mas tá lá, rezando protocolarmente.
Rezar é atitude diária.
Rezar é se comprometer com a inconformidade de não ser feliz. Uma oração só vale a pena, minha querida, se mira a felicidade do ser. Mais nada. E a gente não precisa ensinar nada para quem é feliz, porque a pessoa vai naturalmente praticar a caridade e o aprimoramento interior por si só. Essa é natureza humana. Mas, nos escondemos atrás de cenários e scripts padronizados, que forjam a nossa percepção sobre a nossa verdade, por meio de comemorações impostas e maneirismos. Então, a reflexão que eu te proponho essa semana é a seguinte: o quanto você tem se comportado de maneira automatizada, sem nem mesmo olhar para dentro de si, sendo leal aos seus desejos para saber se essa é a maneira que te agrada o coração? Agradar seu coração é agradar a Deus de verdade. E agradar a Deus muito poucas vezes vai agradar as pessoas. Ponha na balança e pondere qual a sua escolha. Alegrar a Deus e ao seu coração, ou contentar os seres humanos que te enfiaram guela abaixo que é assim que se reza e se comemora? Depois que encontrar a resposta, é preciso dar o segundo passo: coragem para fazer diferente, do seu jeito. É esse jeito que vai deixar Deus bem feliz e você também. Pratique esse exercício e depois volta aqui para me contar. Isso é uma verdadeira revolução interior.
Uma ótima páscoa para você,
nos encontramos semana que vem.
Um afago.
Cigana Carmem.