A simbologia da serpente para o Sagrado Feminino: Cura, sabedoria e expansão!
Por Alíne Valencio.
Olá Deusa maravilhosa. Quanta euforia venho carregando no peito por conta da saudade que senti de você. Tenho tanto para te contar. Nas próximas semanas falaremos sobre o Sagrado Feminino e toda a sua abrangência. Vou trazer pra você um levantamento histórico, que engloba todas as esferas do feminino, desde aspectos espirituais, energéticos e físicos, para que você desmistifique alguns tabus acerca dessa filosofia linda e transformadora. Portanto, já começo, nesta matéria abordando o princípio de tudo. Vamos lá? Hoje trago um tema bem instigante, que é a representatividade da serpente para o sagrado feminino. Você sabia que a serpente carrega um legado ancestral e divino, mas que foi rebaixado e desqualificado? E mais uma vez, se assemelha `a condição de opressão e castração das mulheres há séculos? E ao mesmo tempo que me alegra e me abarrota o orgulho por constatar que a gente vem resistindo por tanto tempo à tamanha degradação e opressão, me entristece o fato de que ainda hoje, em tempos ditos tão avançados e modernos, tenhamos que conviver com desgastante jornada de combate por respeito e dignidade.
Por isso, eu Alíne, criadora desta revista, afirmo para você minha querida, que ainda que eu seja livre e dona da minha vida, padeço também de todo tipo de sentença que recai sobre nós mulheres. Principalmente pelo fato de eu não aceitar nenhum cabresto, de absolutamente ninguém, aí sim é que a sentença se torna violenta, cruel e baixa. E considerando o fato de que nem sempre fui essa mulher de hoje, te garanto que possuo autoridade suficiente para compartilhar com você o conteúdo de hoje. A serpente carrega em si a essência feminina, uma herança imbuída de ensinamentos dos quais a humanidade faz uso há muito tempo, mas que são invalidados e completamente desconectados da verdade acerca do seu real significado.
O mito da serpente remonta da antiguidade. A serpente era uma divindade nas antigas civilizações do oriente médio e representava a sabedoria. Isso explica porque em muitas dessas civilizações os sacerdotes eram envoltos por cobras. Ela representa o bem e o mal. Mas, em algumas civilizações ela era símbolo de fertilidade. Já em outras, representava o cordão umbilical, que liga todos os humanos à mãe terra. Não é arrepiar minha querida? Que coisa mais linda não é mesmo? Ou melhor, quanta sacralidade tem nessa simples introdução né? Imagine o nascimento de uma criança. O cordão umbilical do bebê está ligado à mãe, certo? Sendo assim, a serpente, que representa a Grande mãe tem papel espiritual fundamental num parto. Você sabe quem é a Grande mãe? Bem, vamos então fazer uma pausa na nossa conversa para eu explanar para você.
Antes da implementação e consolidação do cristianismo, haviam sociedades matriarcais e nessas civilizações existiam diversas Deusas. Uma delas, considerada a criadora de toda a vida, era Deusa- Mãe, que por sua vez, era associada à Mãe Terra, vista como sagrada por gerar os alimentos, sendo assim, a que nutre. Portanto, voltando ao nascimento de um bebê, podemos dizer que a criança é nutrida não apenas pela sua mãe genitora, mas também pela Mãe maior, a mãe de todas as mães. E se você for hábil em imaginar, pode ver na sua tela mental uma mãe ligada à outra, todas nutrindo todos os bebezinhos, através da simbologia da serpente, já que ela representa o cordão umbilical. OU seja, a Mãe Terra nutre as mães genitoras, que por sua vez, nutrem seus bebês. Nossa! É grandioso demais. Divino demais não é mesmo? Você compreende o que isso significa minha querida musa? Tudo isso quer dizer que nunca estamos sozinhas, abandonadas ou à deriva. Estamos diretamente ligadas ao cosmos através dessas simbologias. Daí a importância de conhecermos e resgatarmos essas conexões. Afinal, somos parte de um todo divino e a reconexão com esse conhecimento, é o mesmo que resgatar o nosso “todo”, você compreende? E o que é exatamente “resgatar o nosso todo”? Minha querida. Você já ouviu falar em fractais de alma?
Os fractais são partes da sua alma, ou melhor, as partes das memórias da sua alma perdidos no universo. Sendo assim, esses fractais estão desconectados de você, justamente porque estão presos e apegados em acontecimentos de vidas passadas. E isso explica, o porque, de muitas vezes nos sentirmos incompletas, infelizes, e não pertencentes a nada. Eu trouxe esse conhecimento para você minha querida, com o intuito de que você compreenda que é primordial resgatas sua essência para curar tais sentimentos e sensações que te assolam e você não sabe de onde vem. E , geralmente tomamos remédios, na esperança de que tudo será resolvido, e aí passamos anos e anos aumentando doses, mudando medicações , mas no fundo, aquele vazio não cessa. É por isso minha querida, porque você está desconectada da sua verdade, e do seu todo. Por isso, é fundamental esse resgate, conexão e cura. Somente a integridade da nossa alma será nossa cura.
Constantemente, nos meus atendimentos particulares de sexualidade sagrada, transmito tamanho legado e força. Além, disso, a serpente era a guardiã de segredos sagrados de nascimento e regeneração. É também símbolo da unidade tudo em todos, ou seja, da totalidade da existência. Consegue compreender a complexidade desse arquétipo minha querida leitora? E principalmente, tenho profunda esperança de que você consiga abarcar a grandiosidade de tudo isso.
Antes da imposição do cristianismo pelas igrejas, e à adoração a um único Deus, homem, adoravam-se várias deusas, e em tudo sobre a terra se reconhecia o feminino. Porém, com implantação do cristianismo, o significado da serpente foi invertido, sendo demonizado e visto como o “mau caminho”, representado enfaticamente pela figura de Eva. Ora! Sendo a serpente uma representação da fertilidade e da sabedoria, e tendo Eva aceitado a maça que a serpente lhe ofereceu, é fácil compreender a distorção desta falácia, não é manas. O que Eva fez foi simplesmente usar seu livre arbítrio para ir em busca da sabedoria espiritual, e liberdade completa. O único axioma aqui, difícil de engolir pelo cristianismo é o fato de que Eva não estava nem um pouco interessada em viver em função de Adão e nem tampouco de uma cartilha social e cristã que impunha como ela deveria viver. É isso que a torna uma pecadora perante a moral religiosa.
Leve em conta também, que provavelmente Eva tenha optado por exercer sua sexualidade na sua máxima potência, tanto em termos de fertilidade, e não necessariamente para a procriação, mas principalmente para “fertilizar” tudo que que quisesse em sua vida, pois provavelmente ela percebeu todo o seu poder pessoal, a coisa toma outra proporção. Eis aí todo o problema. Mulher que é livre, sábia, vive plenamente sua sexualidade e é dona do seu nariz? Ah! Não pode! De jeito nenhum!
Você percebe que Eva fez tudo isso em detrimento da subserviência e da obediência? Portanto, é claro, que para a igreja, que endossa até hoje o patriarcado, jamais aceitariam que uma mulher tivesse conhecimento, tanto material, quanto espiritual e energético da vida, e muito menos se servisse de todo o seu potencial sedutor, e agora falando em termos sexuais mesmo, quanto em termos de potência criativa e independência. Dito isso, fica fácil assimilar o fato de que, sendo a serpente considerada “pagã”, e nós, mulheres donas de dons sobrenaturais e de todo esse conhecimento, não poderíamos jamais ser consideradas dignas e decentes.
Isso significa dizer que, essa história de que Eva pecou, é uma falácia que nos contaram para nos meter medo. Afinal, mulheres livres e empoderadas não aceitam obedecer à ninguém. Mas, como conter tanta potência, tanto poder pessoal, que as mulheres exercem sobre a terra, sobre o tempo, sobre a existência? A partir do momento em que cria-se o mito de Eva, afirmando que ela, uma mulher (só podia ser) cai em tentação, inicia-se com isso um processo demonizante, porque colocou-se a serpente como símbolo da perdição. E a mulher também.
A igreja cristã na verdade é a responsável por implantar e consolidar essa associação da serpente com um feminino sinistro, ruim, feio, pecador. E mais: se utiliza de toda a sorte de ferramentas de manipulação para que mulheres “resistam aos desejos, em especial aos desejos da carne”. Isso implica em dizer, que a igreja cristã é responsável pelas doenças da humanidade. Não é à toa que a serpente também é o símbolo que representa a medicina. Vocês já repararam? Entretanto, essa visão também foi distorcida, porque esse caráter medicinal da serpente advém da alquimia, do curandeirismo, do xamanismo. Mas, em especial na sociedade ocidental, se apagou completamente essa conotação, criando-se a uma medicina que desconsidera por completo o ser humano como um todo onde corpo, alma, e psique, funcionam juntos. Ao contrário da cultural oriental, que ainda mantém e utiliza todos esses conhecimentos. É desse conhecimento que o sagrado feminino é feito e procurar resgatar nas mulheres contemporâneas.
Portanto, a serpente representa a sabedoria feminina, os conhecimentos sagrados e esotéricos que habitam dentro de toda mulher, mas que foram marginalizados pela moral cristã. Aqueles conhecimentos ocultos, que são os conhecimentos da alma, do misticismo, do esoterismo, das energias que regem a vida humana, das leis da estrutura funcional do universo. O conhecimento que liberta, e a gente para de acreditar em toda essa história da carochinha. Desta feita, ter pessoas fora da “caixa”não é interessante para o patriarcado e nem tampouco para igreja cristã. Mulheres então nem pensar, já que além de possuirmos o dom da vida e sermos o portal para ela, ainda teríamos controle sobre nossas próprias vidas e seríamos livres das amarras que nos adoecem a alma e o corpo. Imaginem só!
Minha querida, escrevo sempre com muito amor. Te espero na semana que vem.
Um beijo.
Alíne.