As Diretoras que Brilham na Competitiva do 52º Festival de Cinema de Gramado.
Por Vanessa Cançado.
– Vai Som, Vai Câmera. Ação!
Olá Amoras (es), hoje destaco um lugar de encanto, charmoso, com uma arquitetura principalmente de influência alemã, mas também com forte influência italiana e francesa. Estou falando de Gramado, muito atrativa no inverno por seu clima e aconchego de um bom chocolate quente.
A primeira vez que estive na cidade foi para participar em 1997 do famoso Festival de Cinema de Gramado, o que repeti no ano seguinte quando teve a apresentação da nova produção do cineasta espanhol Pedro Almodóvar (Carne Trêmula). O cineasta foi tema da minha monografia na pós de cinema e que aborda o protagonismo feminino de uma forma única.
De lá para cá, venho acompanhando o Festival de longe, pelas redes, mas sempre muito atenta, porque afinal é um dos mais importantes e respeitados festivais de cinema de nosso país e, que nesse ano terá sua 52º edição. Dos filmes na competitiva de longas-metragens, quatro são dirigidos por mulheres. E quem são elas?
Começo pela sensacional e premiada atriz, uma mulher de cinema que admiro, DIRA PAES, que apresenta no festival sua primeira direção no longa “Pasárgada”. O filme recebeu no ano passado o prêmio do projeto Paradiso no Festival de Cinema de Guadalajara e vem fazendo linda trajetória, contando com mais duas mulheres na produção executiva – Eliane Ferreira e Tarcila Jacob.
Dira, conhecida por suas atuações marcantes em filmes como: Baixio das Bestas; Anahy de Las Misiones; Corisco e Dadá; A Beira do Caminho; Divino Amor e o mais recente Pureza, entre tantos outros filmes de destaque, apresenta agora sua direção e assina também o roteiro do longa. O filme tem como protagonista Irene, uma ornitóloga, solitária, em seus 50 anos que, durante seu projeto de pesquisa no meio da Floresta redescobre sua tropicalidade, ao conhecer um jovem guia que fala a língua dos pássaros e traz à tona seus dilemas como mulher, mãe e profissional.
Outro destaque desse ano no festival é o filme da diretora ANNA MUYLAERT que apresenta “O Clube das Mulheres de Negócios” , que se passa num dia de folga do clube de campo frequentado por poderosas mulheres de negócios, invertendo os estereótipos de gênero. A diretora também assina o roteiro do filme e conta com outras mulheres na equipe como as produtoras Mayra Lucas, Lara Lins e Dora Amorim. A direção de arte é de Juliana Ribeiro (Cine Holliúdy,2012; Cabras da Peste,2021…) e a direção de fotografia de Barbara Alvarez (Que Horas Ela Volta?, 2015; A Vida dos Peixes, 2010; Boa Sorte, 2014; Animal Cordial, 2017…). A montagem é assinada por Karen Harley e Marina Kosa.
Anna Muylaert tem uma extensa filmografia onde traça retratos nas suas protagonistas com a abrangência das múltiplas camadas, que as torna interessantes. Conhecida por seu filme Que Horas Ela Volta? (2015), mas tem em sua trajetória de mulher de cinema, outros sucessos como: É Proibido Fumar (2009), Durval Discos (2002), Mãe Só Há Uma (2016) e Alvorada (2021).
Outra mulher de destaque é a experiente ELIANE CAFFÉ, que apresenta na competitiva o filme “Filhos do Mangué” , onde assina também o roteiro e a montagem. O filme aborda temas importantes como desvio de verba pública, exploração da prostituição e violência doméstica.
Eliane apresenta em sua filmografia: Kenoma (1996), Narradores de Javé (2003), Para Onde Voam as Feiticeiras (2018) e outros filme que valem a pena pesquisar e assistir nos streamings da vida.
A última diretora destaque na competitiva do Festival é JULIANA ROJAS, que traz “Cidade; Campo” , um filme sobre a migração dividido em duas histórias, exibindo na primeira parte a personagem Joana, que após o rompimento de uma barragem em sua terra natal, se muda para São Paulo e na segunda parte a personagem Flávia se muda com Mara, sua companheira para a fazenda que herdou do pai.
Juliana tem em sua filmografia: Sinfonia da Necrópole, que lhe conferiu o prêmio de critica no Festival de Gramado de 2014; O Duplo (2012); Trabalhar Cansa (2011) com Marco Dutra, selecionado para a mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes. E assina as direções dos curtas Pra Eu Dormir Tranquilo (2011); O que se Move (2012) e Pulsações (2011).
O filme “Cidade; Campo” conta com uma equipe onde a maioria são somente mulheres e que valem destaque: as produtoras Sara Silveira e Maria Ionescu. Na direção de fotografia estão Cris Lyra (Três Tigres Tristes, 2022) e Alice Andrade Drummond. Na direção de Arte Juliana Lobo (Meu Nome é Gal, 2018) e Daniela Aldrovandi (série Zoo da Zu da Discovery Kids). A montagem é da experiente Cristina Amaral (Dois Corregos, 1999; Sonhos Tropicais, 2002; Person,2006; Abaixo a Gravidade,2018…). E ainda na trilha original tem Rita Zart.
Outros destaques nessa edição do Festival de Cinema são os longas-metragens documentais da diretora Renata Paschoal – “Clarice Niskier: Teatro dos Pés a Cabeça” e o longa “Mestras” da diretora Roberta Carvalho. E entre os longas-metragens gaúchos destacamos a direção de Cristiane Oliveira no filme “Até Que A Música Pare”.
Anota na agenda e se estiver pela região, vale a pena esticar até Gramado para conferir de perto e prestigiar essas mulheres do cinema e a 52º edição do Festival.
Até a próxima cena!
Abraço Afetuoso,
Vanessa.
Cine-Recorte: Amoras (es), minha dica de hoje é o próprio “52º Festival de Cinema de Gramado”. De 9 a 14 de Agosto – Gramado/RS.