A Deusa serpente como metáfora simbólica do sagrado feminino.
Por Alíne Valencio.
Musas maravilhosas,
Espero encontrá-las bem e ousadas. Eu, como bruxa que sou, como guardiã do útero, sacerdotisa do sagrado feminino e discípula de Maria Madalena, amo demais tudo que se refere ao sagrado feminino e à mulher e sempre fico extremamente entusiasmada e feliz quando abordo esse assunto. Bem, é claro que sempre direciono todo meu trabalho para a sexualidade feminina, afinal além de atriz, produtora de teatro e dramaturga, também sou sexóloga holística e já venho desenvolvendo trabalhos práticos, vivências e conteúdos digitais voltados para a sexualidade feminina há algum tempo. Então, é óbvio que eu não via a hora de vir aqui dar continuidade à matéria da semana passada.
O intuito é fazer uma introdução acerca dos princípios e premissas do sagrado feminino, e chegar até os ensinamentos de Maria Madalena. Em breve trarei muito conteúdo a respeito dela, e tenho certeza que vocês vão amar, porque ela foi a mulher mais fascinante que já existiu nessa terra. Não é `a toa que ela é companheira de Jesus Cristo, o amor da vida dele. Mas, vamos ao assunto de hoje.
Fonte: @soyexpansion
Na semana passada conversamos a respeito da simbologia da serpente para o sagrado feminino. E porque isso é assim tão importante Alíne? Bem, minha querida, porque existem muitas teorias e explicações especulativas que remontam da premissa de que a criação do universo é “Um Grande Feminino”. Olha que coisa mais linda minha amiga”? Que emocionante! Que divino! Agora você compreende a força feminina? A potência que nós somos? Somos imensidão, somos o portal da vida, literalmente. A vida da humanidade surgiu do feminino. Uau!
Há inúmeras teorias que apresentam teses diversas a respeito da criação do mundo. Algumas afirmam que em tempos primevos que dançam na memória e nos arquétipos do inconsciente coletivo da humanidade, a Deusa Mãe, caos e cosmos na espiral infinita do tempo se materializaram numa metamorfose entre a serpente e a sabedoria. Diz-se também que ao olhar para o alto era possível ver um mosaico edificado no espaço simbólico como uma projeção da totalidade do “Grande Feminino”. Pois bem, você sabe o que significa a “totalidade” minha amiga? Totalidade se refere ao Todo, que é Deus. A completude. Você compreende que o feminino é o todo? E que está no mundo desde o princípio da criação da vida? Isso explica muita coisa sobre a vida, e muito mais ainda sobre a existência não é mesmo?
E se a gente pensar que existem teorias que ponderam que a origem do mundo situa-se muito antes do que se tem registro em diversas civilizações da antiguidade? Inclusive algumas se fundamentavam em processos catastróficos e caóticos na formação do mundo. Minha querida, dentro do todo também se engloba o caos. O caos se reconstrói e se ressignifica. Que metáfora linda para nossas vidas não é mesmo? Às vezes estamos vivendo o caos nas nossas vidas e acreditamos que nunca iremos nos recuperar, nos reerguer. Contudo, ao contrário do que imaginamos, o caos vem para reorganizar a rota e nos colocar novamente no rumo certo da vida que nascemos para ter.
E como aconteceu o nascimento dessa criação? O que se diz é que com características similares às da religião da Grande Deusa, os símbolos que fundam essa crença representam as tradições sagradas e as cerimônias performáticas e os cultos ancestrais dedicados à “Mãe Criadora e Mantenedora da Vida” , que se perpetuaram nas comemorações dos valores sagrados da terra e da natureza. Esse primeiro conceito sobre a divindade se manifestava através da nossa ancestralidade na forma da Grande Mãe mantenedora , nutridora e sustentadora de todos os seres. Você já percebeu portanto, que a figura feminina está diretamente ligada à prosperidade e à abundância, e a gravidez representa a fertilidade. Lembrando que por fertilidade entende-se não somente a gravidez em si. Ou seja, não é porque uma mulher não quer ter filhos que ela não terá prosperidade e abundância na vida dela. A gravidez é apenas uma metáfora da fertilização da essência feminina e de todo potencial e poder pessoal que existe dentro de nós para que sejamos quem nascemos para ser.
Um exemplo claro disso são os atributos de fertilidade e abundância que se apresentam nas estatuetas de Deusas grávidas ou dando à luz, bem como nas deusas com características zoomórficas. E você sabe que também há muitas conjecturas acerca da ideia de que foram através dessas representações que surgiram as civilizações matriarcais? Que, diga-se de passagem, foram as mais prósperas e pacíficas que já existiram. Há registros dessas civilizações encontrados na Índia, na Ásia Central, Egito e norte da América Central.
E não só isso, musa poderosa. A arqueologia aponta evidências tangíveis em seus achados, que remontam ao período mais antigo da história da humanidade, mais precisamente ao sexto e sétimo milênios antes de Cristo, e que , segundo pesquisadores parecem verossimilmente dominados pelo matriarcado. É evidente, porém, que não se conhecem documentos escritos a esse respeito, logo, não há muitos dados concretos que possam embasar e comprovar tais teorias. Todavia, por meio de mitos antiquíssimos, que estão entre os primeiros dos quais se tem conhecimento, que poderiam confirmar o que se chama de “Ginecocracia das origens”, e ao predomínio absoluto do amor e do acasalamento, da vida, do nascimento e da morte. Conta-se também que da Mãe Terra tudo brotava com uma abundância infinita, e há ainda os que questionavam se não era a serpente transformando-se em ser alado. Acredito que eu tenha comentado que a serpente representa atração e o diálogo entre opostos. Ou seja, o bem e o mal, dia e noite, claro e escuro. Dessa forma, é passível se reconhecer que a serpente simboliza o livre arbítrio. Lembram do mito de Adão e Eva? Pois é, quando Eva “mordeu a maça”, ela simplesmente fez valer seu livre arbítrio.
Minha Deusa, avaliando bem tudo que estamos conversando até aqui, tenho plena convicção de que você, com sua sabedoria feminina infinita, já absorveu e processou informações suficientes para tirar suas próprias conclusões a respeito do quanto todas essas teorias reforçam o poder infinito e abundante que existe em nós mulheres. Contudo, toda essa sabedoria ancestral foi aniquilada pela civilização patriarcal e os moralismos e autoritarismos religiosos. Fomos afastadas à força da nossa verdadeira essência e poder pessoal. E é esse o papel do sagrado feminino: resgatar toda essa sabedoria que já existe dentro de nós, e nos ensinar o caminho para acessá-las e potencializá-las com o intuito de sermos donas de nós mesmas, desde nossos corpos, até nossos desejos e vontades. Nossos corpos foram colonizados, você concorda? Catequizaram os corpos femininos e agora nós mulheres estamos infelizes, por mais que tenhamos avançado gigantemente nas conquistas pela liberdade e dignidade feminina.
Você já deve ter visto em livros de história, naqueles mitos arcaicos , a figura de uma serpente alada , portadora da luz e da consciência. Essa serpente alada nasce da Mãe Terra, como a portadora da potência e fertilidade.
Enfim, já deu para compreender a importância das mulheres no mundo não é mesmo? Simplesmente, sem nós mulheres não existiria a vida no planeta. Como somos poderosas né? Somos nós que não só criamos a vida na terra, como a nutrimos. E entenda-se nutrição nesse caso, como um processo evolutivo, espiritual e não necessariamente um bebê no ventre. Uma vez que estivermos novamente conectadas com a verdade – e à qual verdade eu me refiro? A essa minha querida, de que somos nós as responsáveis pela vida na terra- nós, não só transformaremos a sociedade, o mundo, como também seremos portais de luz do amor divino na terra. Você já reparou que em nós mulheres mora a necessidade de apaziguar conflitos, de cessar guerras, e ficar longe de violência? Se isso acontece em nossas vidas, não é por vontade própria e sim por conta de contextos familiares, sociais, e até psicológicos e emocionais. Contudo, nossa essência feminina, nossa natureza, nossa temperamento é de paz, de sutileza, de compaixão e amor. É ou não é?
E agora tudo faz sentido não é mesmo? Assim, é possível encontrar motivos para ir em busca de reconexão e ressignificação com a gente mesma. Desejo profundamente que tudo expus até aqui tenha te tornado mais forte e motivada a curar suas feridas e mudar a sua vida, e mais, ir até o fim nessa trajetória, sem desistir um minuto sequer de você mesma. Ardentemente espero que você esteja inspirada a deixar para trás tudo que trava, limita e bloqueia a sua vida, e que nada nem ninguém a segure nessa jornada de volta para casa. Com um profundo sentimento de alegria, me despeço e espero que você me conte as transformações que se sucederam na sua vida depois de toda essa tomada de consciência. Te espero para me contar tudinho. Pode contar sempre comigo.
Na semana que vem vamos continuar falando do sagrado feminino.
Você pode me encontrar no instagram, no perfil @alinevalenchioatriz ou você pode me enviar um e-mail, no endereço eletrônico : aline.valencio@maisminhadoquenunca.com.br
Nos encontramos na semana que vem.
Com todo amor,
Alíne.