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Baralho Cigano e a representatividade feminina.

Baralho Cigano e a representatividade feminina.

O Oráculo Cigano e a força feminina!

Minha cara leitora. Quanta saudade! Hoje, confesso que me bateu uma nostalgia de estar encarnada em um corpo físico de mulher. Mas, ao mesmo tempo me inebria a sensação de estar mesmo encarnada, por exemplo, quando faço meus atendimentos, minhas consultas particulares de baralho cigano. Ainda mais se a consulente for uma mulher. É impressionante a energia feminina que emana de cada carta, embora algumas sejam totalmente masculinas e negativas. Mesmo assim, é contagiante a conexão que esse oráculo tem com a mulher. E olha, estou escrevendo aqui intuitivamente, pois se você pesquisar esse tema “Baralho Cigano e a representatividade feminina”, provavelmente você não encontre absolutamente nada acerca do assunto. Logo, tudo que você ler aqui vem da minha percepção, tão somente. O que me alegra demais, porque posso ser genuinamente sincera e escrever para você com a verdade do coração. E essa é a melhor verdade ,concorda?

O que eu vou te contar agora pode até soar coisa de gente doida ou de “outro mundo”, ahahahaha. É o que eu sou né? Bem, tudo bem! Você já está acostumada com isso. Assim espero. Vamos lá! Eu consigo sentir “cheiro de mulher” nas cartas ciganas. Você consegue conceber uma coisa dessa? Pois é verdade, eu sinto. Consigo “enxergar” a aura do baralho, e te garanto que é feminina. Completa e absolutamente feminina. É como se a potência feminina fosse inerente nas cartas e mais: é essa intensidade energética feminil que conduz o oráculo, atribuindo-lhe vida própria. E essa independência e autenticidade não pede permissão para agir. É como a natureza feminina, elasimplesmente existe, flui e abunda. Assim é com o baralho cigano. A mulher tem natureza nutridora e não é diferente com as cartas. A feminilidade intrínseca no oráculo nutre cada jogada. Com certeza o baralho se sustenta da essência feminina e as respostas precisas que ele expressa são inacreditavelmente certeiras e assertivas, conquanto muitas vezes, a notícia a ser transmitida venha imbuída de frustrações para a consulente, que na ocasião da consulta deseja profundamente outra resolução para sua pergunta.

No baralho, há muitas cartas consideradas arquétipos do feminino. E quando se apresentam no
meio de um jogo, podem mudar o rumo de toda a leitura, tamanha sua habilidade de captar a
energia da consulente, ou seja, comparativamente à mulher, que com sua intuição e feminilidade é eficaz na arte de solucionar com ternura qualquer situação, concedendo toda a sua generosidade e visão além das aparências, o amor, a orientação e o aconchego necessários quando as notícias exibidas na mesa são desoladoras. Da mesma maneira que uma mulher conduz a vida com firmeza e amorosidade, o oráculo se vale dos mesmos adjetivos com o intuito de contribuir para a evolução e crescimento espiritual da consulente. E raras são as vezes que a evolução espiritual nos poupa de dissabores dolorosos, porém profundamente transformadores.

 

Baralho Cigano e a representatividade feminina.
Fonte: Soy Expansion

 

Essa peculiaridade calorosa e afável dessa missiva, possui direta relação com as mulheres ciganas. Sua firmeza e doçura de caráter as conecta expressivamente com o oráculo, se tornando praticamente uma extensão da sua verdade de alma. É lindo e por demais restaurador me embeber dessa atmosfera feminina para então me preparar para contar tudo que o baralho está trazendo de mensagem no jogo. É isso! Bingo! O Oráculo cigano é uma extensão da feminilidade cigana e todo o seu legado. Tanto é verdade que sua fundadora, a senhora Anne Marrie Adelaide LeNormand, adaptou as cartas especialmente para cultura cigana, com o intuito de que elas tivessem fácil interpretação e adaptabilidade. Reparem que foi uma mulher a criadora do LeNormand, e foi essa mesma mulher que enxergou em outras mulheres, o quão longe elas chegariam com essas cartas nas mãos e a grandiosidade da transformação que gerariam no mundo.

Vejam só! O baralho cigano foi instrumento de sororidade e empatia feminina. Um oráculo secular, uniu gerações de mulheres, atravessando séculos e se configurando um elo de resistência e luta contra uma sociedade machista, que intentou, por todos os meios desqualificar não somente as cartomantes, como a própria prática da cartomancia e acultura cigana, que foi relegada à clandestinidade, por puro preconceito e ignorância. Discorrer sobre isso é dizer acertadamente que da mesma forma que nós mulheres, por séculos e séculos, fomos oprimidas e violentadas de todas as maneiras, assim se deu com este oráculo tão lunar e intuitivo. Aliás, justamente esse caráter intuitivo, se configura um motivo mais que plausível para o patriarcado aniquilá-lo, juntamente com as mulheres livres como as bruxas, as ciganas e as Deusas gregas e egípcias que se tornaram arquétipos do feminino.

Logo, esse oráculo que é tão femeal, compartilha da mesma trajetória de combate da qual nós padecemos. Ai, que dor! Meu coração fica entristecido em saber que durante mais de cinco séculos, nós ciganos, fomos escravizados no território onde hoje é a atual Romênia e logo após fomos dizimados pelo nazismo. O que me alegra, entretanto, é a constatação de que até os dias de hoje, resistimos e temos nas mãos um instrumento tão potente de profecias e adivinhação. Tanto que todos os presságios dos ciganos aconteceram. Todas as maiores tragédias da humanidade vislumbradas em seus prenúncios nos oráculos ao longo dos tempos se sucederam de fato.

Enfim, pode –se afirmar portanto, que este fenomenal instrumento de prognóstico também foi, e é vítima de ignorância e preconceito, marginalização e discriminação. O oráculo traz em sua essência o fardo do obscurantismo histórico, endossado por uma sociedade autoritária, cuja premissa é uma cartilha adestradora da moral, conduta e integridade. Alguma semelhança com o contexto social e cultural do qual nós mulheres somos mártires? Você é capaz de conceber tudo isso amiga leitora? E o que você pensa a respeito? Está percebendo como todas as mulheres na história da humanidade que possuíam competências energéticas e espirituais no manejo deste oráculo, foram massacradas, mortas, e coagidas a viver na clandestinidade? Sem contar as que foram queimadas e enforcadas, justamente pela igreja cristã. É nesses moldes, que atualmente, ainda sobrevive o baralho cigano.

É nesse contexto furtivo que tanto nós mulheres, quanto este oráculo travamos uma batalha diária de sobrevivência e hostilidade. E assim como nós, o baralho cigano está exausto. Portanto, esta coluna se antecipa e proclama: BASTA! Minha amiga leitora, me absolva deste desabafo consternado e aflito, por favor, pois para mim, é inconcebível e inaceitável que ainda em 2024, no século 21, tanto nós mulheres quanto o oráculo sejamos párias de tanta selvageria, numa sociedade que se intitula aberta e libertária. É nesse cenário contestador que encerro essa coluna, na esperança sincera de que minhas palavras cravem fundo no seu coração de mulher e você encontre as respostas para tantas aflições. Reflita sobre nossa conversa e nos encontramos na semana que vem.

Um afago no seu coração.

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Cigana Carmem.

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