Festivais e mostras de cinema realizados ou protagonizados por mulheres.
Por Vanessa Cançado.
– Vai Som, Vai Câmera. Ação!
Olá Amoras(es), vocês gostam de ir ao cinema? E ir ao cinema ver filmes inéditos e de pouco acesso? Acredito que são como eu, que adoro uma estreia de filme e adoro os eventos nacionais, voltados a projeção do nosso cinema. Tem sempre filmes, debates e pessoas interessantes.
Essa semana pensei muito nos espaços voltados a dar voz e vez para nós mulheres de cinema, e pesquisando os festivais e mostras, me deparei com um painel de opções. No Brasil são mais de 300 eventos, mas aqueles focados na exibição de filmes realizados ou protagonizados por mulheres, cai para menos de 15 eventos. Há algumas iniciativas dentro de festivais maiores, mas aqueles específicos, organizados para as realizadoras, com objetivo de criar novas perspectivas em busca de representatividade e equidade de gênero, esses são poucos. Mas tendem a aumentar, e necessitamos que sim.
Esses eventos, quase sempre vem impulsionados por debates com questões pertinentes para todas nós e por isso quis trazer o tema até vocês. Para conhecermos quem são e para nos prepararmos, porque muitos desses eventos vão ocorrer ao longo do segundo semestre, a partir de julho deste ano. Eles contribuem para a desconstrução de estereótipos. De cara, destaco um dos principais eventos que temos no Brasil, que é o Cabíria Festival, e que traz à frente, como sua idealizadora, uma mulher de cinema que admiro – Marília Nogueira (roteirista, diretora, produtora, enfim, uma empreendedora do audiovisual).
Começou em 2015, criando o “Prêmio Cabíria de Roteiro”, para a escrita das mulheres e, hoje, tornou-se uma rede articulada para realizadoras e também para criadores da comunidade LGBTQIAPN+. Engloba três braços: o prêmio de roteiros (que tem o resultado do concurso sempre durante o festival); o festival em si e o laboratório de desenvolvimento – o Cabíria Lab. E ainda conta com uma grande rede de parcerias que conecta mercado e as cineastas roteiristas e criadores. Esse ano o evento ocorrerá em julho na cidade de São Paulo.
Merece destaque também, a Mostra “Lugar de Mulher é no Cinema”, idealizado por Hilda Lopes Pontes, mas articulada com um coletivo de profissionais mulheres da Bahia, esse evento tornou-se um dos melhores pilares no incentivo e projeção do gênero, dando vez e voz a filmes produzidos e/ou protagonizado por mulheres (cis e trans) e pessoas não-binárias. O evento
acontece em Salvador no final do mês de julho, culminando com a celebração do dia internacional da mulher negra latino-americana e caribenha. O evento foi criado em 2017, fomentando o mercado, e consta de três tipos de sessões de filmes: Nacional (LUA); Baianos (Raízes) e Público Infantil (Matinê).
Outros eventos provém o fortalecimento da rede feminina do cinema, ampliando a visibilidade, como o “Festival Mulheres+” da plataforma Inffinito, idealizada por Adriana L. Dutra (roteirista, diretora e produtora) e as produtoras Claudia Dutra e Viviane Spinelli. O evento, que é online e gratuito, exibiu em abril deste ano mais de 50 filmes de diretoras mulheres e proporcionou debates e masterclasses. E mais quatro eventos que ocorrerão no segundo semestre, os quais vale a pena serem citados, para vocês anotarem nas suas agendas: o “FINCAR – Festival Internacional de Cinema de Realizadoras”, em Recife; o “FIMCINE – Festival Internacional de Mulheres no Cinema”, de São Paulo; o “Femina Fest – Festival Internacional de Cinema Feminino”, no Rio de Janeiro e a “Mostra Nacional CineMarias”, em Vitória.
Então, amoras(es) preparem-se, com seus olhares atentos, com sua escrita e participem com filmes ou como espectadores. Cada vez mais, precisamos articular nossas redes, pois há muita resistência contrária e esses eventos ampliam a visibilidade, fortalecem e contribuem muito na luta feminina. Quem sabe nos encontramos numa dessas salas de exibição.
Até a próxima cena!
Abraço afetuoso,
Vanessa.
Cine Recorte: A dica da vez é para quem gosta de história, quer saber mais sobre o
mercado audiovisual. O livro de Ana Paula Sousa sobre os bastidores da política
audiovisual no Brasil (2022), ed. Fino Traço.
“O Cinema Que Não Se Vê “
A guerra política por trás da produção de filmes brasileiros no século XXI