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CINECLUBE PARA ELAS.

     Construindo Pontes: O Cineclubismo promovendo vozes do protagonismo das mulheres no cinema.

 

Por Vanessa Cançado.

– Vai Som, Vai Câmera. Ação!

Fotos: Reprodução do Instagram deles

 

 

 

 

 

 

 

 

Olá Amoras (es), vocês já frequentaram alguma vez um cineclube? Conhece algum na sua região? O Brasil tem uma porção deles espalhados pelas cidades e desses, pouquíssimos são dedicados ao cinema de realizadoras e também poucos são dirigidos somente por mulheres.

No mês de março de cada ano é comum vermos espaços abertos com foco nas mulheres, isso em virtude da comemoração do 8 de março. Em 2016, os cineclubes eram  uma realidade latente nos cineclubes, com programação voltada para cinema realizado por mulheres ou filmes com protagonistas mulheres, muito em virtude exatamente do mês de março. Nos outros meses o evento ficava de lado e voltava-se a poucos espaços. Será que persiste assim? Nesse mesmo ano, não existiam cineclubes específicos, dirigidos às mulheres. De lá para cá, o que mudou? Se é que mudou.

O marco inicial dos cineclubes no Brasil se deu em 1928 com o cineclube “Chaplin-Club” do Rio de Janeiro e que manteve sua programação por três anos. A década de 60, foi o auge dos cineclubes. Muitos foram perseguidos e acabaram por fechar. Os cineclubes voltam ser restaurados em 1974, assumindo um papel de espaços mais engajados, como espaços de resistência.

O surgimento do Cineclubismo no Brasil se deu muito pela procura de espaços de distribuição do cinema independente. Foi assim naquela época e ainda hoje faz esse papel de consolidar um espaço para a diversidade do cinema brasileiro. A popularização crescente dos cineclubes no país, fez com que em 1961 fosse criado o CNC – Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros e como no cinema, também se fez de um mundo extremamente masculino, tanto que nesses 50 anos, somente em 2019 o conselho teve como presidente uma mulher, que ainda hoje assume o cargo, é Teresinha Lucia de Avelar (Tetê Avelar) de Belo Horizonte.

O debate dos últimos tempos acerca do machismo e da misoginia, com a falta de espaços para mulheres realizadoras, fez crescer o numero de mostras, festivais e coletivos em prol do nosso cinema. E com isso também cresceram os cineclubes dedicados as diretoras, cineastas e ao protagonismo das mulheres do cinema. Quero falar com vocês sobre alguns desses cineclubes.

Em Goiânia tem o “Cineclube da Luluzinha” coordenado por Kely Carvalho, cujo objetivo é exibir e discutir sobre o cinema feito por mulheres. Além de longas produzidos e roteirizados por elas, também exibe curtas e médias-metragens, tornando-se forte aliado da potencialidade do audiovisual feminino. Através da Bio no Instagram do cineclube é possível entrar em contato para inscrição de obras (@cineclubedaluluzinha). Vale a pena acompanhar!

Foto: Reprodução do site do Cineclube

 

O “Cineclube Delas” do Rio de Janeiro se intitula um espaço feminista, que busca reflexões sobre a figura do feminino. No início não foi essa a intenção, mas já na estreia do cineclube com as exibições do filme de Agnès Varda e o longa-metragem documentário “Ela fica linda quando está com raiva” de 2014, de Mary Dore, seguidos por debate e com a repercussão, perceberam o quanto era necessário focar nas mulheres de cinema.

Outros cineclubes também merecem destaque: “Cineclube Aranha” de Belo Horizonte, propondo um debate sobre o olhar feminino no cinema; o “Cineclube Quase Catálogo” fundado em 2016 na cidade de Niterói, no Cine Arte UFF tendo sessões de filmes de Ana Muylaert, Teresa Trautman, Adélia Sampaio e da francesa Catherine Corsini; no mesmo ano tem início na baixada fluminense o “Cineclube Facção Feminista” que se propôs a ser uma rede de colaboração da criação independente, exibindo filmes de temática feminina e dirigido por mulheres.

Reprodução do Instagram

Também não podemos deixar de citar o “Cineclube das Outras” de São Paulo, com espaço em outras narrativas de produção audiovisual de mulheres, de negras, indígenas, LGBTQIAPN+ e migrantes. E ainda o “Cineclube Cine Cequinha” de Londrina/PR, que é itinerante e formado por mulheres e que valoriza o cinema feito por mulheres com protagonistas forte femininas e com diretoras de reconhecimento e destaque nacional e internacional. A ideia do cineclube é democratizar o acesso e levar até o público essas mulheres.

Mais dois cineclubes são importantes de citar e que trabalham suas programações especificamente com mulheres negras do audiovisual. São cineclubes da cidade de Vitória – o “Cineclube Afoxé” que tem uma natureza itinerante focado nas produções das realizadoras e com temática acerca das mulheres negras. E o “Cineclube Teresa de Benguela” que se propõe a ser um espaço de discussão e intercâmbio na representatividade da mulher negra no cinema brasileiro.

E por fim, o “Cineclube Cine Adélia” em homenagem a cineasta Adélia Sampaio, um espaço de Curitiba e que mostra na programação os criativos negros com realizadoras e com protagonistas, fomentando o consumo da produção do cinema negro. O cineclube foi idealizado por cinco mulheres, estudantes  de cinema (Beatriz Oliveira, Daniela Klem, Gio Knaut, Giulia Ribeiro e Kamilly Smith).

No universo audiovisual não há poucas mulheres realizadoras, o que tem são poucos espaços para distribuir as produções. Ainda somos muito silenciadas nos eventos e esses cineclubes específicos, fazem um papel importante na difusão, na formação do público, no fortalecimento das vozes femininas na indústria de cinema e na ampliação da diversidade. Que tal fazer uma visita em um cineclube desses na sua cidade?

Até a próxima cena!

Abraço Afetuoso,
Vanessa

CINE RECORTE

Cine Recorte: Amoras(es), minha dica da vez é o livro
Mulheres Negras na Tela do Cinema
Organizado por Barbara Maia Cerqueira Cazé, coordenadora do Cineclube Afoxé.

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O livro mostra diversos ensaios escritos por mulheres negras debatedoras em sessões do cineclube.

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