Sintomas ocultos na alimentação.
Por Gabriela Chepluki de Almeida.
Olá novamente, querida! Prezo que esteja bem. Espero que você venha adquirindo entendimento sobre como funciona sua cabeça em relação à comida e ao seu corpo, seu comportamento no que tange à eles, e em tudo o que ele está embasado. A esta altura, você, que vem me acompanhando, já se deparou com vários termos citados, ao longo das nossas conversas, e já deve estar bem ciente do objetivo maior da coluna, através dos assuntos levantados. Você já sabe, por exemplo, o que é fome emocional, sabe sobre distorção de imagem, entre várias outras coisinhas que já foram postas em pauta por nós. Isto foi somente a ponta do nosso iceberg, foram pontos de interseção de uma enorme teia correlacionada.
O nosso próximo passo é falar sobre o comer transtornado. Sim, às vezes parece que estamos falando as mesmas coisas. Por exemplo, quando falamos de fome emocional, estamos falando, sim, de uma manifestação do comer transtornado. Porém, a fome emocional é uma situação
específica, direcionada ao ato de se alimentar sem fome física e com o impulso de alguma emoção indesejada. O comer transtornado possui muitas outras formas de se manifestar além desta. Vou mostrar para você!
Para começar, vou definir de forma clara e objetiva o que é o comer transtornado. É uma relação desarmônica com a comida, ou qualquer comportamento desta mesma natureza, baseada em crenças ao redor da alimentação, em sentimentos negativos provocados por ela, e condutas tomadas através deles; condutas estas, que podem se referir a se atrair demasiadamente pelo alimento, ou repeli-lo. Ele é uma definição formal para o conjunto de situações que envolvem alguma disfunção na relação com a comida, não caracteriza um distúrbio alimentar, mas pode se tornar um, se não tratado. Vamos dialogar mais a fundo.
Vou te falar alguns exemplos que sinalizam um comer transtornado, episódios de compulsão ou privação, que não necessariamente atinjam critérios para diagnóstico de um transtorno alimentar, mas ainda assim acontecem, sentimento profundo de culpa ao comer um determinado tipo de alimento ,cobrança excessiva e disciplina rigorosa na alimentação, se auto
impondo uma opressão com regras como “não posso sair da linha”, ou “este alimento é proibido”, privação alimentar e exclusão de alimentos por medo de ganho de peso, compensação com atividade física, ou jejum, após comer um alimento considerado calórico, tratar a comida como moeda de troca, os episódios físicos desencadeados pela própria fome emocional, etc. Acredito que sua auto observação esteja mais aguçada depois de tudo que já viemos conversamos. Provavelmente, você possa ter pensado em algum outro sinal, relacionado à relação disfuncional com relação à comida.
O que eu pretendo te mostrar com estes exemplos, cara leitora, é que um comer transtornado não se compõe somente de episódios físicos, como a fome emocional ou a alimentação exagerada, ou a privação e purgação alimentares. Mas, também, dos sentimentos que permeiam você quanto à comida, como a culpa, privação, frustração, medo, ou qualquer episódio semelhante. Você se identifica com isto, minha amiga? Se estes elementos são
constantes e persistentes na sua vida, provavelmente você sofra do comer transtornado, e nem mesmo sabia que isto existia! Ou, se sabia, vem se esforçando perante ele.
Mais uma vez, vou te propor: se observe. Se observe, e continue me acompanhando aqui, pois eu ainda não te falei nada, em relação a tudo que planejo. Como eu já disse várias vezes, nós precisamos conhecer o território para adentrarmos nele, e então começarmos a agir em função do nosso processo de cura e reconciliação com a comida. É nos conhecendo que sabemos por onde devemos começar, e a que pontos nossa atenção deve ser direcionada inicialmente. E, entender que sua alimentação pode estar com algum sintoma ou sinal de desarmonia, é importante para se descobrir que há algo a ser curado! Às vezes temos um elemento estranho presente na nossa rotina, que não conseguimos traduzir ou explicar, e às vezes ele é sutil e não nos incomoda tanto, a ponto de nos acostumarmos com ele ou o ignorarmos. E então,
aprendendo sobre a relação da comida através do aspecto emocional, descobrimos um inimigo oculto que precisa urgentemente ser curado.
O que você sente com relação ao que está comendo, é tão importante para mim quanto o que você está comendo em si! Espero que eu tenha conseguido te fazer entender mais um pedacinho acerca do que te rege, minha amiga, e do que pretendo desenvolver contigo. Você sabe que a minha nobre e sincera intenção é te dar um acolhimento que, talvez, você ainda não saiba que merece, ou até mesmo que pode encontrar. Provavelmente, você recebeu respostas agressivas
e opressoras, quando tentou pedir ajuda quanto a alguma questão ao redor da sua alimentação. Ouviu coisas como “feche a boca”, “se controle”, “você vai ficar doente”. Alguém que, perante seu pedido de socorro, te afundou mais, ao invés de te tirar do poço.
Minha função aqui é mostrar para você que você não é fraca nem descomprometida. Você é maravilhosa, e está precisando de uma perspectiva que, talvez, você realmente não consiga ter sozinha, e está tudo bem! E precisa também de alguém que te entenda, te acolha e te incentive a se reconciliar com sua alimentação, com seu corpo, suas vontades e consigo mesma, e é para isto que estou aqui agora. E não só isto, mas te mostre como fazê-lo. Nós nos encontraremos aqui novamente, muitas outras vezes, e descobriremos muitas coisas, algumas dolorosas, e outras incríveis. Todas elas são partes de um processo, da construção da harmonia entre nossa mente, corpo e a nossa alimentação. Daremos sequência na nossa longa jornada, juntas!
Até breve, querida! E, lembre-se: estou com você!
Gabriela.