A Simbologia por trás do ato de comer.
Por Gabriela Chepluki de Almeida.
Você já deve ter ouvido a seguinte frase: “Você come as suas emoções.” O alimento, em sua definição bioquímica, é a substância que cede ao nosso organismo físico as propriedades fundamentais para sua manutenção, equilíbrio e sobrevivência.
“Comida” vai além desta definição acadêmica linear, ela é um instrumento fundamental de vínculo afetivo. Não se resume a nutrientes e compostos químicos. Ela é interação social, cultura, prazer, amor à vida. Ela é um elemento acolhedor, presente na consolação de um dia difícil, nas comemorações de significado especial, no saudosismo da nossa infância ou de uma companhia,
representa o cuidado dos nossos cuidadores, um gesto de carinho, tanto na perspectiva da alimentação pela sobrevivência, como na da alimentação como fonte de prazer. O uso das palavras “alimento” e “comida” tem uma vasta diferença de efeito.
Comer é uma expressão de autoamor, pois representa nossa vontade de nos mantermos vivos, nossa vontade de viver. E sim, comer deve ser prazer. Sobre qual a prevalência das preferências e prazeres de cada um, ou qual efeito físico da maioria dos alimentos considerados prazerosos, deixaremos para falar em outro momento, pois desviaria do foco. O que desejo falar neste momento, é sobre o fato de ela estar sempre presente quando há alguma emoção especial fluindo em nós, e sobre ela em si ser algo especial.
A comida está sempre presente nos contextos da nossa vida, de forma irrevogável. Mesmo que não esteja lá com o propósito de suprir, está no propósito de agradar. Quando estamos em um aniversário, formatura, casamento, visita, festa comemorativa, ou estamos na presença de alguém especial, estamos em um momento de prazer. Seja por conta das companhias que são estimadas por nós, ou das ocasiões que têm grande significado íntimo. Este alento propiciado pelos momentos de qualidade em si, é potencializado pela presença da comida.
Muitas vezes, todas estas correlações acabam sendo causa e consequência nas nossas preferências e escolhas alimentares, por uma razão lógica: o sentimento que aquele alimento te causa, a lembrança que ele te desperta, emoção que você quer evocar, reviver. Pode reparar, leitora: nós não necessariamente comemos nossas emoções. Porém, todas as vezes que temos algum tipo de emoção, comemos! E é desta lógica que vem a frase citada no início do texto.
O prazer gustativo é propagado com associação ao prazer emocional, ao acolhimento que temos de uma presença querida, de um momento de alegria, ou consolação.
Vou te dar um exemplo: há algumas semanas, nas redes sociais, apareceu uma moça que estava fazendo bolos gelados para venda. Por mais que seu trabalho fosse de grande capricho, o que viralizou não foi a produção em si, mas sim um corte do vídeo onde, na hora de embrulhar os bolos, ela se emocionou. A moça começou a chorar porque lembrou da falecida avó, a quem ela sempre ajudava na hora de embrulhar os bolos, e este era um momento significativo do amor da relação familiar. Percebe, neste caso, que o bolo é um elemento que a faz lembrar de alguém que ama?
E isto não é só sobre “guloseimas”! Muitas vezes, sentimos um cheiro vindo de um restaurante ou da casa de um vizinho, preparando o almoço, e este cheiro lembra a comida de nossa mãe, de nossa avó, de uma tia que é famosa na família por ser “cozinheira de mão cheia”. Esta comida pode ser uma carne de panela, um cozido de legumes bem temperado, um feijão feito na hora, alimentos que não estão na categoria “guloseima”, mas sim, presentes na própria pirâmide alimentar! E que ainda assim, não são menos associados ao cuidado e ao afeto.
Comida é afeto, é união, é criadora de vínculos, elemento de autoamor e auto cuidado porque deve ser. Não estamos discriminando aqui um brigadeiro (“calórico e diabético”) e comparando ele, por exemplo, a uma salada (“digestiva e antioxidante”). Nesta nossa conversa, não há separação de fontes alimentares, o alimento é uma coisa só. É a nossa fonte provedora de vida, e a manifestação da nossa autonomia e individualidade. É assim que eu pretendo fazer você enxergar este precioso elemento a partir de agora. Óbvio, tudo que é dito na internet, é distorcido completamente.
Provavelmente alguém se dê ao direito de entender que minha intenção é te incentivar a comer infinitamente. não. A minha intenção é que, ao longo de todos os nossos levantamentos e reflexões, você entenda que, ao iniciar um processo de cura na sua relação com a comida, ao
promover sua consciência sobre suas escolhas e hábitos alimentares, um dos aprendizados mais libertadores a ser compreendido é que, para haver harmonia entre você e a sua alimentação, os alimentos que você sempre amou são fundamentais, pelo simples fato de fazerem parte
da sua história. E que nenhum método de cura tem valia, se excluir da sua vida aquilo que é parte de você.
Claro que esta tratativa não vai ser concluída em somente um texto. O discernimento, a observação e o entendimento na alimentação são vastos. É para lhe ajudar a se entender neste contexto que eu estou aqui! Tenha certeza que, se você acompanhar os tantos esclarecimentos que desejo te proporcionar, você estará cada vez mais consciente da liberdade e autonomia que tem sobre suas escolhas alimentares, a ter conhecimento cada vez mais profundo sobre si
mesma. Com todo amor e sinceridade do mundo, estou com você, jamais pare te julgar, mas sempre para te acolher, e com você, jamais pare te julgar, mas sempre para te acolher, e com o grande anseio de contribuir com a sua evolução!
Com amor,
Gabriela.