Por Carol El Agha.
A Ginecologia vem para tratar a mulher com um olhar diferente, como de costume. Com amor, respeito, integridade, acolhimento que sempre deveria ter sido e até hoje não é! Esse tema é sensível e muitas vezes polêmico, e tanto o aborto voluntário como o espontâneo deixam marcas profundas no corpo da mulher. As mulheres que passam pelo processo de aborto vivem um momento de crise, dúvida e confusão. Tudo isso porque se espera a VIDA e o que chega é a MORTE. Na maioria das vezes elas não recebem de lugar nenhum o tratamento que merecem durante este processo difícil, e é um erro achar que uma mulher que deseja abortar saia desse processo completamente aliviada e feliz. Julgamentos, culpa, responsabilidades e até mesmo o abandono são alguns dos “castigos” que recebem da sociedade depois de um aborto, sobretudo o induzido, como se o aborto fosse uma responsabilidade exclusiva da mulher.
Nos abortos espontâneos é muito comum elas precisarem de ajuda psicológica depois do trauma, e existe muitas vezes um sentimento de culpa, seja inconsciente ou consciente. Muitas mulheres não se sentem merecedoras, ou até, acreditam que não foram capazes de segurar o bebê, que falharam com a função que lhes foi dada. O apoio da família e dos amigos neste momento é fundamental, não para consolá-la com frases do tipo: “não foi sua culpa”, mas sim para deixá-la viver aquele luto até o fim, ajudá-la com um ritual de despedida e deixar que se esgote toda a angústia. Somente vivendo o luto intensamente e com respeito é que ela será capaz de continuar a vida, pois muitas vezes, a recuperação emocional pode demorar anos e em casos mais graves, uma vida inteira. Um dos erros mais comuns é quando o assunto vira tabu na família, e muitas vezes não se pode falar a respeito.
“É importante honrar essa vida, que, em algum momento existiu e continua existindo em um outro plano, o espiritual. Ela existe no seu coração.”
Independente do tipo de aborto, o corpo passa por um trauma forte durante o processo, o emocional fica totalmente abalado e psiquicamente falando também há um abalo profundo, mas infelizmente este é um assunto silenciado por muitos, principalmente pela sociedade. Algumas religiões condenam e fustigam ainda mais a culpa e a auto flagelação. O importante é a consciência que a mulher deve ter a respeito do seu próprio corpo e das suas escolhas.
Quando falamos de Ginecologia Natural olhamos para o processo abortivo de forma respeitosa, integrativa e acolhedora, pois, num momento tão delicado o mais importante é a saúde da mulher, por isso, abaixo segue alguns tratamentos da GN para uma boa recuperação de processo abortivo:
- No processo em que estiver sangrando é importante se preservar, então não receba muitas visitas.
- Tomar bastante líquido e comer alimentos nutritivos como frutas secas que tenham vitamina C, porque eles ajudam na absorção de ferro.
- Evitar o trabalho pesado. Pelo menos no período do sangramento.
- Evitar relações sexuais.
- Após cessar o sangramento tenha alguém de confiança para te acompanhar num ritual de despedida. Escreva uma carta e depois queime ou enterre.
- Ciclo de energização uterina com vaporizações e banhos de assento.
Dicas:
- Aveia: ajuda a reforçar o sistema nervoso e será de grande ajuda nos desajustes que podem acontecer, além de ser um sedativo natural, combate a depressão, a ansiedade e o estresse. Proporciona força e energia, melhorando o sistema imunológico.
- Infecções: comer alho cru descascado. Se for forte demais, fazer o chá ou macerar com vinagre e água.
- Tonificar o útero: preparar a infusão de folha de amora. 01 colher de chá para 01 taça de água. Tomar três taças ao dia, durante duas semanas.
- Cólicas e dores: preparar infusões de gengibre, bardana, camomila e arruda (uma de cada vez).
- Para acalmar os nervos: boldo, alface, lavanda, valeriana, melissa e camomila.
- Anemia: incorporar na dieta frutas e vegetais como espinafre, hibisco, erva-doce, cereja, pêra, entre outros.
- Sistema imunológico: passado alguns dias pode começar a ingerir tintura de uxi Amarelo e unha de Gato.
- Cortar o leite materno: preparar infusão de sálvia. Tomar no máximo três taças ao dia. Fazer um colar de flores de adelfa, usar por alguns dias, é capaz de secar o leite materno rapidamente.
Ervas indicadas para a vaporização do útero pós sangramento:
- Artemísia: auxilia no fluxo menstrual.
- Orégano: calmante, ativa circulação.
- Calêndula: limpeza, cicatrização e anti-inflamatório.
- Lavanda: anti-séptico, antiespasmódico, sedativo, relaxante.
Segue um Ritual de despedida:
Um ato fundamental é despedir-se. Em poucas ocasiões abraçamos a morte como parte de nossos ciclos. Podemos realizar um pequeno ritual de separação e ofertá-lo à natureza, regressando à sua origem, a Mãe Terra. Uma sugestão de ritual é escrever uma carta. Escreva para o seu bebê dizendo tudo o que você deseja falar. Diga-lhe sobre a sua dor, o quanto você a ama, e agradecê-la para viver em você. A escrita é uma técnica simples para o que é eficaz em muitas circunstâncias. Depois queime o papel pedindo para que o fogo sagrado transmute toda essa energia ou enterre ao pé de uma árvore em gratidão à Mãe Terra.
Carol El Agha.
◇ Terapeuta Integrativa da Mulher & Especialista em Ginecologia Natural.