Por Mônica Bonna.
Olá, garotas!
Como vocês tem passado? Espero que todas estejam bem! Sejam bem-vindas de volta a mais uma edição da coluna M.atriz. Hoje quero falar sobre inspiração.
Dar vida a uma personagem é traduzir com gestos e ações as palavras de um papel. É demonstrar subtextos e justificar movimentações. Durante o processo de criação, podemos nos deparar com bloqueios criativos. Como buscar inspiração para prosseguir com o processo de forma mais fluida? Trouxe algumas ideias para trazer uma luz para essa questão.
Muitas pessoas acreditam que a inspiração é algo inusitado, que acontece em momentos encantados. Na verdade, a inspiração pode ser inusitada, mas esses insights acontecem por conta de recursos e referências que acumulamos ao longo de nossa trajetória.
Para não estar à mercê da inspiração inusitada, precisamos detectar esses recursos e nos apropriar deles!
A criação de uma personagem numa peça de teatro é feita de várias camadas! Ás vezes, quando não temos dimensão delas, podemos encontrar impedimentos na hora de executar as cenas. De uma forma geral, normalmente o nascimento de uma personagem passa por esse processo:
- Concepção autoral: a pessoa que escreveu o texto original, é quem idealizou a personagem. Caso seja possível, procure saber a versão de autores sobre suas personagens. Leia matérias, procure entrevistas e etc.
Precisamos levar em consideração dados sobre a realidade dela, como: época em que a história acontece, local que ela está inserida, idade, classe social, relações familiares. Como é a rotina dela? Do que ela tem medo? Quais são seus hobbies? Ela tem manias? Quem são seus amigos? Ela trabalha/estuda? Etc.
- Adaptação do texto para roteiro teatral: ao adaptar um livro, por exemplo, para uma roteiro de teatro, muitos detalhes são deixados de fora, para que a peça se enquadre em determinada duração. Ler os textos originais pode ajudar a encontrar referências valiosas para se inspirar.
- Direção: O papel de quem dirige a peça é desenhar marcações, direcionar atitudes, falas e etc. Ao receber alguma marca de cena, é preciso justificá-la: “Por que estou andando para lá?”. Encontrar os motivos que levam a personagem a fazer uma coisa ou outra, é o que num todo, forma sua personalidade.
- Propostas do elenco: Por fim, temos a execução das cenas. Nós, atrizes, aparecemos nessa camada! É nesse momento que precisamos juntar tudo o que entendemos da personagem e expressar com nosso corpo.
Em alguns casos, temos a possibilidade de trabalhar esse processo de forma mais detalhada. Quando isso acontece, é possível experimentar diferentes formas de falar, agir, criar particularidades.
Nessa etapa, quando começamos a passar as cenas, conseguimos definir as relações entre os outros personagens. A forma como eles agem/reagem também nos servem de gatilhos para nossas ações. Entender essa troca entre personagens também é fonte de inspiração.
Para finalizar, não posso deixar de falar sobre a importância de propor “sem julgamentos”. Experimentar diferentes propostas sem o filtro pessoal do “bom ou ruim”, “certo ou errado” pode trazer descobertas importantes sobre uma personagem.
Precisamos começar por nós mesmas: ao ler, pensamos em diferentes inflexões, movimentos/gestos e ações para expressar o que está escrito. Nesse momento, é muito importante estar aberta para o que der e vier. Mesmo que o resultado não seja o esperado nas primeiras tentativas, devemos continuar testando outras possibilidades.
Criar um ambiente ou uma situação confortável para testar possibilidades pode abrir caminhos e elevar o nível de todos.
Espero que esse texto, apesar de breve, ajude-as a encontrar recursos para deixar a criatividade fluir! Eventualmente, pretendo escrever mais sobre como trabalhar o bloqueio criativo, propondo alguns exercícios que ajudam a abrir caminhos para a inspiração chegar, bem como dicas de livros e atividades.
E você, como faz para encontrar inspiração quando se sente bloqueada? Deixe um comentário me contando qual sua fonte de inspiração para criar uma personagem e vamos juntas ampliar nossas possibilidades!
Beijinhos e até a próxima!
Mônica.