Nosso longo caminho e nosso direito de errar.
Por Gabriela Chepluki de Almeida.
Olá, mulher! Estou com um sentimento patético, como se estivéssemos chegando no fim de uma longa jornada. Mas, isto é muito contraditório, pois apesar de “Desenvolvimento Contínuo” ser o último texto da inauguração da revista Mais Minha do que Nunca, este é apenas o primeiro lançamento da nossa coluna nela! Então, sim, estou emocionada. Escolhi um nicho profundamente importante para mostrar para você nestes textos iniciais, para que você pudesse
entender os horizontes que a coluna Corpus Sapiem vai explorar através da nutrição.
A nutrição que você vai ver aqui é uma nutrição gentil, com a sua eficácia, precisão e respaldo científico. Afinal, é argumentação devidamente validada que os questionadores de plantão exigem de nós, não é mesmo? Ainda mais quando estivermos desmentindo dietas da moda, restritivas, incoerentes e inerentes à sua individualidade, leitora, que é a primeira coisa a ser considerada nas propostas de intervenção na nutrição.
Conhecer suas particularidades, explorar suas preferências, descobrir e oferecer caminho para suas dificuldades, te apoiar nos seus tropeços, espere tudo isso de mim! Menos questionar sua força e seu comprometimento.
Nós, como mulheres adultas, muitas vezes precisamos ouvir que “não somos mais crianças para comer porcaria”, que “vamos virar porcas se não pararmos de comer”, que “homem nenhum vai nos querer gordas”, que “temos um rosto tão bonito, só precisamos emagrecer”, que “nós estamos relaxando com nossa saúde e vamos nos arrepender”, que “vamos ficar doentes” principalmente, que “tudo isso é culpa sua.”
Eu nem vou me demorar demais em falar que um paciente com uma doença crônica já desenvolvida jamais ouviria isso, e sabe por quê? Porque é indelicado demais, é invasivo, é ridículo, é desumano. Somente uma pessoa completamente ignorante e fria trataria com desdém e acusação a alguém que precisa severamente de ajuda! Alguém que já está se castigando demais com pensamentos de culpa. Mas, uma que pessoa está enfrentando patologias psicológicas e psiquiátricas, ou uma pessoa com problemas alimentares de qualquer tipo, precisa passar por esta situação exatamente por quê? Desde quando culpar alguém por uma situação onde se sente preso e refém é ajudar? Será que realmente passa na cabeça das pessoas que apontar o dedo muda vidas?
Lógico, eu não quero comparar a gravidade de nenhum acometimento acima do outro, muito menos invalidar. E a intenção é mostrar como a ignorância de muitas pessoas as faz cegas perante casos onde alguém está com urgência de ser tratada e acolhida!
Por isso, quero começar a acolher você. Não tenha vergonha de contar sobre as vezes que você “errou”, de compartilhar suas dificuldades e pensamentos, afinal, minha missão é ajudar você a abrir os olhos e a caminhar sozinha. Para isto, mesmo que eu precise segurar suas mãos, assim o farei!
Perca o medo e a vergonha que você tem de mim, a minha missão é tratá-los e não alimentá-los! Quero justamente te mostrar por onde ir quando você não souber.
Antes de todo este caminhar, posso te passar uma primeira lição? Desista de querer curar a ignorância das pessoas. Foque em curar a sua mente, a sua relação com seu corpo, com sua comida, foque em tratar estes hábitos de se castigar e se culpar, de se enxergar um fracasso, de sentir vergonha e raiva de si mesma, de se ver com uma lupa que é fútil demais para te definir por inteiro. Abandone de uma vez por todas o hábito de se justificar e de se desdobrar para fazer as pessoas entenderem o que elas não querem. Se aproxime de quem pode te ajudar!
Se acolha, acima de tudo! Respeite seu processo, acolha e observe seus tropeços e falhas, eles são cruciais para o aprendizado, para você exercitar sua visão sobre o que precisa de atenção. E não desista nunca! Caso você não se identifique como alguém que tem uma relação seriamente transtornada com a comida, mas que ainda assim a tem como um assunto delicado, sinta-se acolhida, vamos trabalhar isto! Vamos entender suas dificuldades, os pontos críticos e os pontos chave. E nisto, vamos reconstruir aquela relação que você, como a mulher maravilhosa que é, merece viver, entre você, a sua comidinha e o seu corpo perfeito!
Muito obrigada por estar comigo!
Gabi.