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ELAS PAVIMENTARAM A ESTRADA I

ELAS PAVIMENTARAM A ESTRADA

Por Vanessa Cançado

O Cinema realizado por mulheres pioneiras.

– Vai Som, Vai Câmera. Ação!
Minhas Amoras (es), quero fazer um convite para uma viagem, uma
viagem no tempo. Vamos celebrar as mulheres do cinema? Isso deveria ser
intrínseco ao próprio cinema brasileiro. Para mim, primordial, pois mesmo
admirando e reconhecendo os demais fazedores da nossa arte, para esses,
diga-se, eles, já há uma horda dominante que o faça.

Cleo de Verberena – O Misterio doDomino Preto 1930
Cleo de Verberena – O Misterio do Domino Preto 1930

As mulheres do cinema não chegaram há
pouco, essa é uma luta constante e precisamos
saudar aquelas que ousaram e impuseram suas
presenças no universo masculino do cinema no
início do século passado, rompendo a barreira de
gênero que nos é imposta. São diretoras e atrizes
que, entre as décadas de 30 e 50, estiveram no
comando do set dos filmes.
É fundamental valorizar e reverenciar suas
trajetórias porque nosso país não tem memória.

 

São mulheres de cinema: Carmem Santos, Cléo de Verberena, Gilda Abreu, Carla Civella e Maria Basaglia. Possivelmente, você já tenha ouvido falar de seus filmes, mas estou certa de que muitas de vocês nunca ouviram falar sobre elas, ou de alguma delas.

Isso tem uma explicação simples, porque vivemos numa cultura que pouco valoriza seus antepassados, os que vieram antes de nós, e quando se trata de mulheres menos ainda. Por isso é necessário falar dessas mulheres
pioneiras, para não deixar cair no alheamento completo. E junta-se a essas, muitas outras mulheres vanguardistas que deixarei para falar em uma segunda parte sobre o tema.

Cléo de Verberena (1904-1972), pioneira do chamado cinema silencioso e considerada a primeira realizadora do cinema brasileiro, produziu e dirigiu um único filme – “O Mistério do Dominó Preto” (1931). Cléo, antes de assumir a
direção em set de filme, foi atriz de teatro de revista, mas sempre nutriu a vontade de realizar um filme, seu filme. Filme que recebeu críticas duras.

ELAS PAVIMENTARAM A ESTRADA
Fonte: Reprodução via IMDB

Carmem Santos (1904-1952), portuguesa radicada no Rio de Janeiro aos 8 anos. Também era atriz antes de dirigir seu filme, função muito comum de se começar no cinema, mais aceita para ser exercida por uma mulher, o que nos dias atuais não mudou tanto. Há determinadas funções que são mais aceitas para serem exercidas por mulheres em nosso cinema. Carmem era produtora e realizou seu primeiro e único filme “Inconfidência Mineira” (1948) como diretora e roteirista. A cineasta levou quase 10 anos para finalizar o filme, que se perdeu num incêndio junto com sua filmografia. Também não obteve êxito com o público.

Gilda de Abreu (1904-1979) teve melhor aceitação de público e crítica com seu primeiro filme “O Ébrio” (1946). Gilda também era atriz, produtora e roteirista. Possui uma filmografia mais extensa, e após seu primeiro sucesso dirige mais dois filmes ao longo de sua trajetória, sem atingir o sucesso do primeiro: “Pinguinho de Gente” (1947) e “Canção de Amor” (1977), este último assinando também como roteirista.

Entre dramas, mistérios e fatos históricos essas mulheres não se entregaram aos conflitos, assinaram a realização de filmes numa época extremamente hostil para com o feminino. Se ainda hoje as condições impostas
às mulheres não são as melhores, imaginem o quão difícil deve ter sido não sucumbir ao domínio machista de se contentar em assumir determinadas funções dadas às mulheres. Mas elas reagiram e deram voz a si mesmas.

Outras mulheres juntam-se na continuidade dessa construção, na vanguarda do cinema realizado por mulheres a partir da década de 60, trazendo discussões mais profundas e técnicas mais apuradas. Muitas delas ainda estão
entre nós, ativas e produtivas fazendo filmes relevantes, mas é papo para outro momento. Voltaremos a conversar.

Até a próxima cena!

Abraço Afetuoso,
Vanessa

CINE RECORTE

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Cine-Recorte: Amoras (es), deixo aqui mais uma dica de filme. Um documentário dirigido por Pamela B. Green e narrado por Judy Foster sobre a pioneira do cinema mundial, a cineasta francesa Alice Guy-Blanché
“Alice Guy-Blaché: A História Não Contada da Primeira Cineasta do Mundo “

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