As Realizadoras Brasileiras no Cinema de Terror.
Por Vanessa Cançado.
– Vai Som, Vai Câmera. Ação!
“Uma música macabra, um ranger de madeira, suspense. Uma mocinha indefesa protegida por um macho a tiracolo, geralmente menos inteligente que ela, mas com protótipo de força. Ela ameaçada por algum outro macho psicopata…”
Olá Amoras (es), quem nunca viu em um filme de terror ou suspense alguma cena assim ou parecida?! Hoje falaremos desse gênero, onde era muito comum que os sets de filmagens fossem comandados unicamente por homens, relegando às mulheres esses personagens mais “bestiais”. Mas isso está no passado, porque ao longo dos anos, esse gênero vem se modificando para melhor, muito melhor.
Sim, elas (as mulheres de cinema) tocam os sets do gênero, assim como gostam. Vamos falar sobre algumas dessas mulheres que se destacam no gênero terror e elevando, ao meu ver, o horror apresentado nas narrativas, pois misturam suspense, fantasia, mistérios às questões mais profundas.
Não tem como começar esse assunto sem citar de cara a precursora do cinema de terror no Brasil realizado por mulheres – ROSÂNGELA MALDONADO, que foi a primeira diretora do gênero na década de 70. Atriz, teve seu auge no cinema de pornochanchada. Atuou em rádio, teatro, cinema e trabalhou com nomes como Bibi Ferreira, Domingos de Oliveira, Humberto Mauro e no terror com José Mojica Marins (o Zé do Caixão). Roteirizou e dirigiu os filmes “A Deusa de Mármore”(1978) e “A Mulher Que Põe a Pomba no Ar” (1979).
Depois outras vieram, e cito aqui algumas de destaque nos últimos anos e que ainda vem se destacando: CLARISSA APPELT que aborda tema de rito de passagem da infância para adolescência no filme “A Casa de Cecília”(2015), em que assina a direção.
JULIANA ROJAS é uma cineasta que já citei aqui na coluna outras vezes, tamanho seu talento e versatilidade. Além de ser uma diretora em ascensão na atualidade do cinema nacional, também é roteirista e montadora. Uma mulher de cinema admirável. No gênero terror, mistura com fantasia e suspense, temas sobre a violência aos corpos femininos, com olhar único e marcas de destaque em sua filmografia. Filmes como “Trabalho Cansa”(2011) em parceria com Marco Dutra em que aborda as perturbações na vida de um casal; “As Boas Maneiras”(2017) tendo o tema das diferenças de classes e a direção da série “Terrores Urbanos”(2019) que faz um apanhado de histórias de terror em 5 episódios.
De ANITA ROCHA DA SILVEIRA destacamos o filme “Medusa”(2023) que aborda o tema da opressão contra mulher. Formada em cinema, também tem em sua filmografia “Mate-me Por Favor”(2015) que foi selecionado para o Festival de Veneza e ganhou prêmio de direção no Festival do Rio naquele ano. O tema gira em torno do despertar da juventude. Anita assina também os curtas de terror “Os Mortos-Vivos”(2012) e “O Vampiro do Meio-Dia”(2008).
GABRIELA AMARAL ALMEIDA é uma diretora e roteirista de Feira de Santana, fã de Stephen King e que tem o excelente “O Animal Cordial”(2017) como destaque da filmografia, um filme do subgênero Slasher com muito sangue, psicopatia e terror próprios desse estilo. Também assina “A Sombra do Pai”(2018) e os curtas no gênero “A Mão Que Afaga”(2011) e “Estátua”(2014).
Outras tantas mulheres do cinema merecem serem citadas por suas contribuições ao gênero como MÔNICA DEMES que trabalha o sombrio em “O Despertar de Lilith”(2016); MARIA MELIANDE (com “Mormaço” de 2019 e “Anjo Louro Com Sangue No Cabelo” de 2021); ALICE FURTADO (“Sem Seu Sangue, 2019) lançado pela Netflix e com passagem pelo Festival de Cannes; AMANDA MAYA (com “Jogo do Copo”, 2014); NATALIA LEITE (M.F.A, 2013) onde trabalha o tema do assédio e estupro com superação do drama; DARCYANA MORENO IZE (“Dark Amazon”, 2014) e o suspense de BRUNA CARVALHO ALMEIDA em “Os Jovens Baumann”(2019).
E você gosta de terror, suspense, o suar frio, o grito, o susto, a surpresa? Conhece alguma dessas mulheres de cinema? Conhece outros nomes da atualidade no cinema de terror e que não foi citada? Escreve nos comentários.
Até a próxima cena!
Abraço Afetuoso,
Vanessa.
Cine-Recorte: Minha dica hoje vai para o filme
“Suaves e Discretas” (em inglês “Soft & Quiet”) de BETH DE ARAUJO.
É uma cineasta da Califórnia, filha de pai brasileiro e que com esse filme recebeu a indicação ao Gotham Awards (O Oscar do Cinema Independente) em 2022.
Referência Fotos Cartazes: Reprodução Cartazes da pagina Adoro Cinema das Cineastas.