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Estética e prisão mental.

Estética e prisão mental

                   A Opressão dos padrões de beleza.

Por Gabriela Chepluki de Almeida.

Mulher, uma coisa que você vai me ouvir falar muito, é sobre estética, e a relação do profissional de nutrição com ela. E sim, de um ponto de vista onde muitas pessoas irão torcer o nariz e acusar “militância”. Que seja! Pois eu não vou apresentar nada além de fatos e informações formalmente validadas.

Quando buscamos informações sobre transtornos alimentares, fome emocional, “comer”  transtornado, manias de privação e episódios de exagero alimentar, uma parte significativa dos materiais de base, principalmente os artigos científicos, destacam uma relação direta entre as ocorrências anteriormente citadas e o surgimento de transtornos psicológicos, todos atuando simultaneamente como causa e consequência uns dos outros.

Dentre todos os sintomas e comportamentos provindos destas várias disfunções, resolvi falar sobre um deles em particular: a distorção de imagem. O foco neste momento é falar dos padrões estéticos, e do efeito que eles têm sobre a saúde física, nutricional, mental e emocional, e sobre qualidade de vida das mulheres. Portanto, a menção deste acometimento foi respaldada na relação que o mesmo possui com o efeito dos padrões estéticos.

A distorção de imagem, ou transtorno dismórfico corporal, é quando uma pessoa sofre uma tendência a se enxergar diferente de como ela é na realidade, com sua visão voltada à auto reprovação geral ou direcionada, havendo uma fixação com características físicas de si mesma que julgue indesejadas ou inadequadas. Na maioria das vezes, este mecanismo ocorre como consequência de uma comparação obsessiva com outras pessoas, e quando vamos desvendar a fonte de onde toda esta comparação é desencadeada, descobrimos que é principalmente pelos padrões de beleza propagados em nossa sociedade.

Estes padrões estão o tempo todo sendo exaltados (e silenciosamente impostos) na mídia, no marketing, na publicidade, de forma dominadora e generalizada. Logo, uma auto observação
comparativa e diminuta recai sobre seus espectadores, e em seguida, qualquer característica antagônica àquelas popularmente impostas, é entendida como uma pendência a ser corrigida, como um defeito reprovável, que traz desvalor e desmerecimento. Todos estes efeitos acabam atuando como gatilhos de baixa auto confiança, baixa auto estima e, na maioria das vezes, em relações transtornadas com o corpo e com a comida. Estas últimas acontecem porque a opressão estética, em sua imensa maioria, acontece através da imposição e do condicionamento de um corpo magro como o corpo ideal, no qual nos fazem acreditar que, caso não o tenhamos, trazemos alguma insuficiência ou inadequação como mulheres.

Tudo isto, eu estou falando não por estar em um documento ou material, mas porque foi a minha cascata de reações quando eu sofri da distorção de imagem. As causas e efeitos foram todos estes. E é claro que a distorção de imagem não se origina exclusivamente disto. Ela pode acontecer com cor dos cabelos e olhos, com o formato das mãos, com o tamanho de nariz e boca, e com relação à corpo, não é exigente somente com corpos “grandes demais”, mas também com os “pequenos demais”! Se todas as nossas características físicas precisassem seguir um ideal, passar no Inmetro daria trabalho!

Brincadeiras à parte. Neste momento, o que eu quero te mostrar, é que a forma como nos enxergamos, nossa autoestima e autoconfiança, e a forma como comemos são fatores com grande  correlação, tanto de causa quanto de consequência. E que o estado de nossa saúde mental e psicológica influenciará de forma direta a nossa alimentação. Vou te dar alguns exemplos. A frustração de se comparar e de se sentir insuficiente pode gerar um quadro de ansiedade, onde se tem episódios de alimentação exagerada para se confortar. A ansiedade faz buscar um conforto na comida e, em seguida, o consumo exagerado da comida se torna novo
causador da mesma ansiedade inicial.

Por outro lado, o desespero em se adquirir um corpo magro pode causar episódios de privação alimentar, ou até mesmo de purgação (indução do próprio vômito, uso de laxantes ou diuréticos para expurgar líquidos e volumes de alimento do corpo). Por conta da auto cobrança e da auto reprovação constantes, a comida pode sofrer tanto obsessão como repelimento. Então, sim, a
opressão estética e a baixa auto estima afetam a sua saúde, e te induz a comportamentos que a deixarão cada vez mais comprometida, quer seja no sentido nutricional, quer seja no sentido mental. Nestes casos, você  não deve correr da nutricionista nem da psicóloga, mas sim correr para elas, confiando no seu papel na intervenção destes acometimentos, desde o que lhes deu origem.

Acredito que, para não haverem conclusões precipitadas, preciso me posicionar sobre uma coisa muito importante: esta conversa nossa não teve objetivo de criticar a estética em si, como área profissional, de estudos científicos, que traz sua ética e sua função de promover a auto estima feminina ao invés de miná-la. Mas sim, de falarmos sobre as causas e efeitos das opressões e imposições de embasamento estético. Você vai se esclarecer e entender esta diferença, por isto, te espero na nossa próxima conversa!

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Gabriela.

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