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       Ginecocracia das origens e o Sagrado Feminino.

                     Todo amor que há na terra tem origem na ginecocracia.

 

Por Alíne Valencio.

Deusa poderosa,

Cada dia que passa fico mais feliz em vir aqui dividir com você tanta beleza e tanta fertilidade quando se trata do universo feminino. Essa beleza e fertilidade já começa por tanta coisa a dizer a respeito de nós mulheres. E eu leio tanto, estudo tanto e quanto mais estudo, mais aparecem assuntos interessantes, complementares e diversos sobre nós. Mas o curioso é que, por mais que os temas sejam divergentes, eles convergem para um mesmo axioma: o de que nós, mulheres, somos as criadoras da vida, e é conosco que está toda a semeadura de fartura, fertilidade, prosperidade e abundância no universo desde a origem da vida e do mundo. Isso é um fato incontestável em toda pesquisa que faço concernente ao tema.

Sendo assim, vou seguir dando continuidade a esse assunto tão instigante e impulsionador. É como se houvesse uma alavanca pronta para ser acionada e eu arremessada certeiramente para dentro de mim mesma, num mergulho tão profundo de conexão comigo mesma que chego a ficar incrédula. E ao mesmo tempo, cada impulso, cada arremesso alavancado por esse tipo de assunto me dá a certeza de que não quero mais voltar para o lugar por onde caminhei por muito tempo na minha vida, que era longe de mi mesma, e onde tudo era limitado, bloqueado e angustiante. Nunca mais eu quero voltar pra lá! NUNCA MAIS. E o que faz com que isso acorra é o autoconhecimento e a vontade avassaladora por liberdade e retorno para mim, somente para mim. Por mim e para mim. A cada escrita, a cada estudo, a cada conteúdo que cai nas minhas mãos, parece que um fractal meu volta para mim, e que todos os pedaços da minha alma perdidos no passado, retornam a mim curados, e renovados, e aos poucos vou me sentindo mais eu. Cada vez que venho aqui escrever para você a respeito do sagrado feminino ou mesmo sobre sexualidade feminina, vou me curando, e por consequência, proporcionando sua cura também, ainda que isso te pareça estranho ou sem sentido, ou até mesmo incompreensível. E se eu conseguir que você sinta a mesma vontade de ir em busca de si mesma com a tamanha imensidão como eu, nossa! Já terei cumprido minha missão.

Vamos começar então. Como já mencionei na matéria da semana passada, as teorias sobre a origem da vida explicam que que seu início se deu através da ligação de fenômenos naturais e a natureza fértil e fecunda da mulher. Isto se torna evidente em estudos a respeito dos períodos paleolítico e neolítico, porque nesses períodos se constatou uma condição mítica entre as pessoas, que acreditavam que a Deusa Mãe (já falei as respeito dela na matéria da semana passada) assumia formas representativas da natureza, como árvores, ventos, animais como serpentes, pássaros…) e ela era cultuada como fertilidade viva, nutridora e doadora de toda a subsistência humana. Logo, era reverenciada em cultos primitivos onde recebia oferendas. Deusa maravilhosa, vou repetir mais uma vez o que eu venho comentando há um bom tempo e pode até soar como baboseira, mas quanto mais você se inteirar desses conhecimentos, mais barreiras internas você estará desconstruindo dentro de você, e menos ilusões a seu respeito você terá.

Fonte: @soyexpansion

 

E você pode estar se perguntando: “Ora, como assim, eu ter ilusões a meu respeito”? Exato minha querida. As ilusões que você cria a respeito de si mesma vem da nossa cultura, que nos impõe como devemos ser, viver, agir, e determina o que uma mulher pode, deve ou não, fazer. Sendo assim, cada vez mais nos afastamos de nós mesmas porque nossos corpos foram colonizados para nos enquadrarmos à cartilha social. E, uma vez que não estamos sendo quem verdadeiramente quem somos, você concorda que vamos, ao longo da vida criando ilusões a respeito de nós mesmas? E você tem noção do quanto tal conjuntura nos adoece de todas as formas? É por isso que o autoconhecimento é o diamante mais preciso que existe. E o que é mais divino, é saber que ele está disponível para todos, porém, a grande questão é o quanto estamos dispostos a aceitarmos seu convite para o despertar.  Ah, como o universo é generoso e democrático.

Nessas civilizações primitivas onde já se manifestava a Deusa Mãe, inúmeros fenômenos misteriosos ocorriam e eram regidos pela ordem do divino feminino matricial, que já começava a nascer, e da qual brotariam, mais tarde, as sociedades matriarcais. Tais episódios traziam fertilidade em todos os sentidos, abundância plena, nutrição e acolhimento, mas ninguém compreendia muito bem de que maneira essas manifestações advinham.

Tá, mas e o papel da mulher nessas civilizações primitivas? Para responder essa indagação, é preciso compreender, antes de mais nada que o matriarcado, era um fenômeno social e cultural e estava ligado à descoberta da agricultura pela mulher.  Você disse agricultura Alíne? Sim, minha amiga, eu disse. Opa! Opa! Opa! Mas e aquela história que a gente aprende desde sempre que a única função de uma mulher nas sociedades primitivas era restrita apenas aos afazeres domésticos? Hum? Reparou como o conhecimento liberta e nos impulsiona a assumir uma postura questionadora também? Minha linda, nenhum argumento arqueológico existente até hoje reforça a ideia de que no Paleolítico, por exemplo, as mulheres tinham um papel ou status social inferior ao dos homens. E tais argumentos baseiam-se, exatamente no que já explanei aqui para você: na abundância que a figura feminina representa, e isso era suficiente para que arqueólogos afirmassem, inclusive, que elas tinham uma posição elevada nessas sociedades. Vai vendo, amiga. Vai tirando aí suas conclusões que já já a gente você vai concordar comigo que só nos ensinaram mentiras sobre nós mesmas, e essas patacoadas vêm perpetuando um comportamento colonizador e degradante para nossos corpos, há milênios. Se a mulher já tinha um papel ativo na caça, e agora na agricultura, isso implica em afirmar que sua função doméstica tão preconizada pelos registros históricos estava bem longe da verdade. E mais uma vez seguimos sendo enganadas. Está de acordo?

Ademais, muitos pesquisadores sustentam ainda que nesse período, as sociedades eram matrilineares. Ou seja, o sistema de parentesco era baseado na filiação pela mãe. Isso quer dizer que, a hierarquia familiar provinha da mãe e não do pai. Em outras palavras, os sucessores que assumiriam as responsabilidades familiares vinham da mãe, e não do pai, como acontece no patriarcado. Muitos historiadores partem ainda premissa que as sociedades eram matriarcais, já nessa época. Contudo, outros recusam-se terminantemente a aceitar que na maioria das civilizações primitivas até a antiguidade, muitos homens tinham um poder social e econômico inferior ao das mulheres e por isso, distorceram os fatos, enraizando a falácia social de que o único papel das mulheres era mesmo restrito ao lar.

Mas, para refutar tal afirmação, vou citar o papel político das mulheres retratado nas obras “A República”, de Platão e “A Assembléia das Mulheres”, de Aristófanes. Duas comédias. Em “A República”, Platão propõe e defende a igualdade entre homens e mulheres. Já em “Assembléia das Mulheres”, Aristófanesmreforça o protagonismo feminino e poder da mulher.  Outras obras que posso citar para enfatizar que o poder feminino exerce supremacia na história são as obras: “Lisístrata” e “As Tesmoforiantes”, ambas também de Aristófanes. “Lisístrata” conta a história da personagem de mesmo nome da obra. Uma mulher que lidera a tomada do poder pelas mulheres se os homens não parassem de guerrear, através de uma greve geral de sexo. Já em “As Tesmoforiantes”, Aristófanes conta a história de uma egrégora de mulheres reunidas no templo de Deméter e Perséfone (Deusas Gregas) para celebrar o festival das tesmofórias, onde a presença masculina era proibida. Nesses templos sagrados elas planejam se vingar do autor grego Eurípedes pela maneira como ele retrata a figura feminina em suas tragédias.

Deusa, não vou me estender muito nessas obras. Você as encontra facilmente na internet para ler. Meu intuito foi apenas reforçar minha fala nesta matéria: o poder das mulheres desde a origem da vida, com genuíno intuito de te fazer compreender que o mundo não existiria sem nós e do quanto somos donas de nós mesmas, mas não sabemos, porque não aprendemos a usar tudo isso a nosso favor. Então, por favor, pare de achar que não tem valor, ou se deixar para trás, e continuar desatenta, distraída da sua verdade, do seu poder, da sua essência. Ao contrário! Mergulhe fundo para dentro de si e se reconecte com sua alma e você nunca mais vai se sentir limitada, bloqueada ou desvalorizada, pois é você quem deve se validar, amar e cuidar. Ninguém mais. Contudo, sei que não é tarefa fácil, uma vez que nunca nos ensinaram a fazer isso. Sendo assim, te convido a conhecer mais o Sagrado Feminino e seu papel nos dias de hoje.

Mas, voltando às sociedades primitivas, raciocine comigo amiga linda, se as mulheres tinham um papel ativo inclusive no processamento da caça, no corte das carnes e no deslocamento dos animais que iam para o abate, então o que aconteceu foi uma nojenta manipulação dos valores patriarcais, limitando e rebaixando a mulher, aos afazeres domésticos. E veja bem, de forma alguma estou desqualificando o trabalho doméstico. Ao contrário. Para mim, inclusive é um trabalho que deveria ser muito bem remunerado financeiramente. Contudo, diante de um olhar machista os afazeres domésticos são tarefas menores, e isso se perpetua até hoje. É ou não é? Uma vez que, se fosse mesmo um trabalho valorizado, já seria remunerado há muito tempo.

Minha querida deusa, você consegue compreender que essa estrutura machista e patriarcal que prevalece sobre nós, segundo alguns antropólogos, surgiu da transição da economia de predação (caçadores-coletores) para a de produção (agricultores e pastores), e foi aí que os homens teriam tomado o poder e instaurado a patrilinearidade, seguida do patriarcado. Essa transição exigiu uma mudança na estrutura social, onde os povos passaram de nômades para fixos, e assim, surgiu a propriedade privada, e as famílias monogâmicas, e esse novo formato foi um prato cheio para o rebaixamento da mulher que passou a ser considerada biologicamente inferior ao homem, quando limitam a capacidade ativa das mulheres para além do lar.

Isso é cultural, e até hoje permanece essa premissa no inconsciente coletivo. Ora, minha amiga, se você leu a outra matéria que eu escrevi acerca das teorias sobre a criação do universo, você vai concordar comigo que é uma completa insanidade considerar a nós mulheres biologicamente inferiores, uma vez que criação da vida se deu a partir de fenômenos naturais cujos vestígios são comprovadamente femininos e que embora não existam registros escritos que comprovem tudo que aqui conversamos, constam elementos concretos, como ossadas encontradas por arqueólogos, obras artísticas que retratam fielmente a constituição social das sociedades em que viveram, além de fenômenos naturais presenciados por pessoas reais e que foram passados de geração para geração. Enfim, provas irrefutáveis acerca do poder feminino no mundo.

E agora me despeço para permitir que você reflita e conclua por si mesma se tudo que conversamos faz sentido para você. Se fizer, daqui para frente a transformação da sua vida é sua responsabilidade, porém, eu estarei sempre aqui como uma verdadeira amiga, segurando sua mão, arrumando sua coroa toda vez que ela cair, ou sair do lugar, e de coração aberto acolhendo você nesse processo de descoberta de si mesma, sempre pronta a te dar um colo, um abraço ou até mesmo um silêncio se assim você precisar. Mas, sair do seu lado não sairei nunca.

Um beijo no seu coração.

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Alíne.

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