Você quer liberdade. Mas você se sente livre?
Por Cigana Carmem.
Minha querida leitora,
“Querer liberdade é também querer o outro livre”.
(Simone de Bevouir).
Nossa conversa hoje é sobre liberdade. Mas, o que é liberdade? Ah, antes de tudo, preciso te pedir um grande favor: aqui nessa coluna esqueça a religião. Se concentre na espiritualidade, certo? Essa coluna não trata de religião, porque não é sobre isso. É sobre espiritualidade. E existe uma imensa distância entre uma coisa e outra. Imensa. Espiritualidade diz respeito à ser quem você é. Ou melhor, quem sua alma é e seguir os propósitos dela aqui na terra. Logo, espiritualidade é sobre liberdade, porque a espiritualidade acredita na responsabilidade de cada um sobre suas escolhas e a colheita dos resultados das suas escolhas. E aí sim, não há nada que se possa fazer. Nem Deus poderá fazer nada. As leis de Deus e do universo existem, cada um as usa como desejar, afinal é para isso que temos o livre- arbítrio. Porém, o livre arbítrio também consiste na auto responsabilidade de que tudo que plantarmos seremos nós que vamos colher e Deus não tem nada a ver com isso.
Aqui não existe cartilha que prega castigos de Deus, não existe o medo, nem inferno, porque o inferno ou o céu está dentro de nós e escolhemos todos os dias se queremos viver no céu ou no inferno. A espiritualidade é tão generosa que ela não impõe nada, a religião sim. Na espiritualidade Deus vive através de nós. Na religião ele parece alguém distante e inalcançável que um dia virá e se sentará diante de nós apontando um a um quem merece o reino dos céus. Ou seja, um Deus segregador. Para a espiritualidade todos somos os escolhidos para viver o reino dos céus. Todos. Mas a escolha é nossa e Deus, ao invés de julgar os vivos e os mortos, acolherá os vivos e os mortos, dando a cada um a incumbência de se libertar dos erros cometidos, por meio dos seus ensinamentos.
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
E ele o fará mil vezes até que estejamos prontos para finalmente compreender seus ensinamentos e seguir na sua palavra. Portanto, espiritualidade é sobre liberdade. Não a liberdade do ego. O que é a liberdade do ego Carmem? A liberdade do ego minha querida, é você querer a liberdade de viver como bem entender, mas se dar o desfrute de se meter na vida do outro achando que ele deve viver a liberdade da maneira que você acredita que é liberdade e o julga por isso, porque você aprendeu na igreja uma série de conceitos morais e falsas certezas a respeito da palavra de Deus e tem a plena certeza egóica que lhe diz que você está no direito de dizer como o outro deve viver. Até porque você que vive a palavra de Deus de acordo com os preceitos religiosos e morais, e faz tudo certo. O outo é que está errado.
Então eu te digo: você está plantando um futuro sombrio para si, já que se comportar como se suas certezas fossem a únicas certas só porque você acha que faz tudo certo, é ir contra a palavra de Deus. Se você quer liberdade, então seja a liberdade, simplesmente, concentrando seus esforços na sua vida e deixe os outros viverem a vida deles da maneira que bem entenderem. Isso é sobre Deus, sobre liberdade e sobre espiritualidade.
A falsa liberdade do ego que te apriosiona em convicções.
Se você é daquelas que se gaba de ser uma seguidora da palavra de Deus, já começou errado. Se você é daquelas que passa seu dia tentando convencer as pessoas a seguir sua religião, ou se acha a própria Madre Tereza de Calcutá tão somente porque entendeu tudo sobre os ensinamentos de Deus, tenha em mente que você não entendeu nada e precisa voltar para o fim da fila e começar tudo de novo.
Não é sobre tentar convencer as pessoas a compreender a palavra de Deus, porque cada um tem seu tempo, seu nível de evolução espiritual e suas lições a serem aprendidas. Além do livre arbítrio de querer ou não voltar ‘para a casa do pai’. E mais uma vez, por favor, desapegue da cartilha religiosa quando se usa essa expressão. Para voltar para a casa do pai, segundo a religião, é preciso morrer. Quer dizer, passamos uma vida inteira esperando esse momento. É um tanto ilógico e sem sentido.
Para a espiritualidade, ao contrário, é preciso viver. Saber viver. É perfeitamente possível voltar para a casa do pai em vida, uma vez que ele está dentro de nós. Deus é hoje, aqui e agora. Não depois. Portanto, voltar para a casa do pai, requer uma profunda, intensa e comprometida viagem para dentro de si, todos os dias, para o resto da vida, com o intuito de encontra-lo lá, no âmago si mesmo. Não fora, numa cartilha religiosa, ou numa confissão ao padre, dentro de uma cabine numa igreja. E veja, não é juízo de valor ok? Se você se sente feliz indo à igreja se confessar para um padre que também é apenas um ser humano igual à você em missão espiritual na terra, ok. É seu direito e está tudo certo.
Se é lá que você encontra alento para suas angústias, vá em frente. Aqui, eu só trago reflexões mais complexas e questionadoras acerca de paradigmas e da matrix, da cegueira humana. Enfim. Aqui, nessa coluna há conhecimento suficiente de que as pessoas ainda estão num nível de consciência religioso e deveríamos estar num nível mais avançado, o nível de consciência da espiritualidade. Entretanto, eu como uma entidade, sei que é um processo de aprendizado para o qual estamos caminhando, e minha missão não é, jamais será e não possuo a mínima pretensão que seja, mudar, ou insistir que alguém deve viver assim ou assado. Aqui, apenas trago reflexões espirituais, cada um lida com isso da maneira que pode e quer, de acordo com suas convicções.
A liberdade e Deus estão dentro de si.
E nossa conversa agora se debruça em destrinchar o seguinte dilema: olhe para dentro de si e se pergunte se realmente você consegue se comportar de maneira genuinamente livre. Em outras palavras, quando você deseja ser livre, mas julga a vida alheia, você não é livre. Ao contrário. Está presa na arrogância. No ego. Isso implica em afirmar que seu caminho até a liberdade verdadeira está longe. Tem muita estrada para caminhar. Alcançar um nível espiritual de liberdade é detectar que alguém está ‘dormindo’, distraído, na matrix, mas deixar que aprenda por si só, no tempo dela, porque não é sua função dar lição para ninguém. Isso é incumbência divina. A nossa é apenas respeitar mesmo enxergando que a pessoa está criando para si mesma uma vida de infortúnios. E desejar que ela faça o melhor e Deus a guie nessa jornada, emanando amor e muita luz a esse irmão perdido na escuridão.
Se entregar ao apego de viver em função de convencer as pessoas a mudar suas vidas também é viver aprisionada numa crença. Em algum nível dentro de ti há uma escassez muito grande para se empenhar tanto em se mostrar sábia e querer ser vista e ouvida. Pense nisso. Eu desejo à você toda felicidade e alegria que puder encontrar dentro de si todos os dias. Anseio que você seja uma Sherlock Holmes da sua alma e não da vida alheia, porque essa é a verdadeira liberdade.
Lembre-se:
Liberdade é sobre buscar constantemente a sua liberdade, cuidando apenas da sua vida. Isso é sobre a palavra de Deus que liberta.
Hoje nosso papo foi mais curto, porém não menos importante. Acredito que as reflexões de hoje serão suficientes para a sua semana.
Te espero na semana que vem.
Um afago.
Cigana Carmem.