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Maria Madalena- A Deusa Profana.

             Modelo de liderança para mulheres.

Por Alíne Valencio.

Amiga musa,

Que saudade eu estava de você. Eu sei que nossa última conversa foi na semana passada, eu sei. Toda semana estamos juntas aqui não é mesmo? Acontece, minha querida e amada leitora, que eu amo você e ADORO demais estar aqui para você, por você e por todas nós. Isso me traz tanta felicidade, porque, de alguma forma estou convicta de que minhas matérias transformam a vida de alguma mulher, em algum canto desse mundo. E para mim, ainda que seja apenas uma, não importa, já me sinto satisfeita. Pois, essa mulher, também vai passar para frente a importância de todo esse conteúdo e da urgência do aprimoramento interior com a finalidade de libertação. Eu adoro escrever, e principalmente escrever sexualidade feminina, mulheres e tudo que envolve esse universo, você já sabe. Mas, agora, nesse mês é diferente. Dezembro é um mês nostálgico para mim. E para você? E quando eu me pego  a pensar a respeito de toda a história de opressão feminina, e de quanto tempo nós estamos numa infindável batalha pela liberdade, eu fico nostálgica. E o que é mais burlesco é o fato de eu sentir esse desalento por conta de algo que não vivi. Ou melhor, que eu não lembro de ter vivido. Porém, isso não significa que não subsisti em outra vida. Então, essa nostalgia se explica. É minha alma alardeando minhas diversas existências onde sofri inúmeras formas de violência pela elementar razão de ser mulher. E novamente aqui estou, vivendo essa experiência terrena, num corpo feminino e me deparando novamente com uma sociedade coercitiva , especificamente quando se trará de mulheres.

Logo, é natural que eu me sinta desconfortável, e exausta. Esse cansaço, além de não ser só meu, é também da minha alma, que parece enredada numa saga interminável. E cada mulher que é violentada é como seu eu também fosse, novamente. É por isso que endosso veementemente a urgência de relembrar e trazer de volta todas as mulheres que foram exemplos de liderança feminina. Ícones de movimentos e ideologias feministas. É fundamental retratar e divulgar seus legados e histórias de vida. E posso citar aqui desde as Deusas Gregas, como Ísis, Afrodite, Deméter, passando por Cleopatra, chegando em Simone de Beauvoir, Frida Kalo e claro, Maria Madalena, e temos também brasileiras memoráveis e incríveis. Maria Madalena, minha mestra. Eu já fui sua discípula em outra vida, talvez em muitas. É essa a razão desse meu temperamento voraz por liberdade e principalmente de toda a minha trajetória como mulher, atriz e sexóloga.

Enfim….isso tudo você já sabe. Portanto, vou direcionar essa matéria para Maria Madalena. Amiga, hoje vou discorrer sobre um assunto espinhoso e polêmico, mas necessário. Você concorda comigo que as mulheres estão exaustas, porque se sentem sobrecarregadas pela razão de que acabam carregando toda a responsabilidade de uma casa sozinhas, por exemplo? Sem contar as que acreditam que é sua responsabilidade ser assistente social de namorado. Agora vou arriscar minha cabeça com o que eu vou falar aqui. Minha deusa, essa exaustão vem da crença de que não precisamos de homem para nada, e precisar não precisamos mesmo, mas no fundo desejamos alguém para dividir a carga pesada do dia-a-dia e fazer o seu papel de homem. A gente reclama disso toda hora aos quatro ventos em todo lugar.  Algumas também se punem acreditando que tem que resolver tudo sozinhas. Sim, isso é uma crença. Inclusive, se você é o tipo de mulher que apoia a ideia de que mulher sabe se defender sozinha, é verdade. Ela sabe, mas não precisa. Isso mesmo. Até quando você vai viver nessa guerra de dar conta de tudo sozinha? As mulheres chegam para mim nos meus atendimentos particulares de sexualidade sagrada feminina se queixando de que gostariam que seus parceiros fizessem a sua parte. Mas, a dura verdade é que elas NÃO DEIXAM que eles façam justamente por conta do discurso : “Não preciso de homem para nada”. Então, vou te expor aqui uma situação hipotética ok? A mesma que eu explicito para as meninas que fazem atendimento comigo. A situação é a seguinte:

A mulher diz que sabe se defender sozinha. Um dia, ela sai com o namorado e eles vão a um bar. Num determinado momento ele vai ao banheiro e quando volta tem um homem assediando sua namorada. E aí? O que você gostaria que seu namorado fizesse? Já que você sabe se defender sozinha ele poderia não fazer NADA e deixar você ser assediada. Você realmente gostaria que ele fizesse nada?Tem um homem te assediando e você brigaria com seu namorado se ele te defendesse? Se você responder que sim que ficarei chocada, triste e muito preocupada. De verdade. Tudo isso só para se fazer de forte e não dar o braço a torcer porque você acredita que se deixar ele te defender você vai “ser fraca”?

Você compreende como esse discurso acaba se voltando contra nós? Quando você se faz de forte mesmo não dando conta de tudo somente porque para manter sua postura aparentemente empoderada, você está obrigando o homem a não fazer nada, afinal você já fez a parte dele que você tanto exige que ele faça. O que resta para ele se você já fez tudo? E pior, além da parte dele você tem que fazer sua. O resultado disso é um imenso sentimento de vazio e desamparo, além da famigerada exaustão feminina. Mas, esse desamparo não advém do fato de que você está sobrecarregada por conta dessa sua crença, e sim da realidade de que a sensação de vazio e desamparo advém da verdade de que você está desconectada de você. Até porque não sobra tempo né? Você se obrigada a fazer a sua parte e a do seu parceiro. Então, como você vai se encontrar com você e se concentrar nos seus sonhos? Como minha querida, me diga?

Sou dona da mais plena firmeza de que um dos seus sonhos é poder usar seu tempo e se dedicar aos seus desejos, projetos e metas. Pois é! Então porque você não se permite SER MULHER e admite que o homem é necessário na sua vida para fazer o trabalho DELE, e você se libera para se dedicar à você? Por exemplo, imagine um piloto e um copiloto. Enquanto o piloto faz o trabalho pesado, o copiloto coordena e organiza toda a logística para o bom funcionamento do avião e do trabalho do piloto. Mas, cada um faz a sua parte e tudo funciona harmoniosamente. Agora, reflita sobre a ideia de que além da copilotagem o copiloto tenha que pilotar o avião? Ele ficará sobrecarregado certo?  Espero que você tenha concordado. Não há outro resultado. Isso é sobre-humano. Não há a menor possibilidade de essa relação dar certo. Uma vez que o copiloto fez tudo sozinho, o que resta para o piloto? Mas, você, o copiloto cobra do piloto que ele faça a parte dele.  Você entende a insanidade disso?

Então SIM, ser uma mulher FEMININA é soltar e desapegar dessa crença de que você tem que dar conta de tudo sozinha. Desconstruir e ressignificar essa postura MASCULINA. Mulheres que se obrigam e acreditam piamente na premissa de que não precisam de ninguém, estão sendo sua própria algoz, pois fica evidente o desequilíbrio em todos os sentidos, energético, emocional, mental, psicológico e físico. E obviamente espiritual. Minha querida, ser mulher, é deixar que as coisas aconteçam como tem que ser. Ou seja, piloto e copiloto andando em plena harmonia. Contudo, para que essa simetria aconteça é fundamental que você pratique e exerça a sua energia feminina. A energia feminina consiste na fortaleza do seu interior. Seu mundo interior é primordial, aceitando quem você é de verdade. Suas dores e sua delícia. Quando ela estiver em plena potência aí sim você estará em total equilíbrio com a energia masculina. Que aliás, é fundamental para a realização dos nossos sonhos. O que não é normal, é estar em demasiada desarmonia.

E o que tudo isso tem a ver com Maria Madalena? ABSOLUTAMENTE TUDO. Porque você acha que ela é a mulher mais poderosa que já existiu na terra? Porque ela PERMITIU que Jesus fizesse a parte dele, e justamente por isso ele a exaltou e pode elevar a figura da mulher para o mundo. Tão somente porque cada um fez a sua parte que ela teve a oportunidade de se dedicar ao seu aprimoramento e crescimento. Ela não quis fazer a parte de Jesus e isso a tornou poderosa. E não me refiro ao poder social. Mas, ao poder PESSOAL. Não há maior poder do que esse. Não se iluda conjecturando que ter poder monetário ou ter status e posição social é o que há de mais poderoso. NÃO É!  Confiar nisso é o mesmo que esperar que  um castelo de cartas sobreviva a um vendaval. A única coisa que te manterá íntegra e verdadeira para consigo mesma durante as tempestades da vida, é a vulnerabilidade e a permissão que você se dá para ser você mesma.

Toda essa conjuntura histórica fez de Maria Madalena uma “profana”, exatamente porque ela teve coragem de percorrer uma trajetória interior que a libertou de toda uma conjuntura social que não sintonizava mais com a mulher que ela havia se tornado. E ao mesmo tempo, a consolidou como  um modelo de liderança para as mulheres. Mas, uma líder não nasce de um dia para outro. Ela se constrói da persistência e da constância de se melhorar a cada dia e aceitar deixar para trás tudo que a limita. E você? O que está disposta a deixar para trás para se tornar uma deusa profana? Um exemplo de força e realização feminina? Pense nisso, e até semana que vem.

Te amo.

Um beijo,

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Alíne Valencio.

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