As bruxas, rainhas, livres e sábias. Por todas nós!
Por Alíne Valencio.
Deusas poderosas,
Hoje esta revista está toda em sintonia. É impressionante como a nossa energia nos aproxima das pessoas que vibram na mesma frequência, e a gente SENTE. Mesmo que não saibamos explicar, algo sempre nos sinaliza. Foi o que aconteceu hoje. Eu já tinha me decidido sobre o assunto que iria escrever na coluna essa semana, quando lembrei que hoje era dia também de publicar o texto de uma outra colunista. Eu sou a revisora dos textos. Corri ler novamente antes de publicar e PIMBA! Estava lá ela abordando a mesma temática que a minha. A nossa amiga colunista Dani Jerônimo, que assina a coluna “Reconectando a fonte através do Sagrado”, escreveu lindamente sobre POMBA GIRA. Eu estava sentindo uma sintonia diferente hoje mas não sabia explicar. Era isso. Publiquei a matéria dela e vim revisar a minha para publicar também e senti profundamente como nós mulheres estamos conectadas de uma maneira intrínseca e totalmente explicável.
Porque “explicável”? Ora minha deusa, somos todas irmãs literalmente, afinal, uma mulher pariu a outra, que era parente de outra, prima de outra, que por sua vez era tia de beltrana, sobrinha de cicrana, mãe de fulana e assim por diante. Até que você chegou. Isso quer dizer que para você nascer hoje, aqui, nessa experiência terrena foi preciso que todas essas mulheres passassem por inúmeras situações. E elas passaram, fizeram suas escolhas e de um jeito ou de outro você está aqui agora. Percebe que há uma energia indestrutível que nos liga umas às outras? E isso não é uma escolha. Assim é! Sendo assim, há também, intrínseca em cada uma de nós uma força inexplicável. Aquela força capaz de transformar o mundo. Toda mulher sabe do que se trata, mesmo que não tenha consciência disso, porque essa fortaleza somos nós. Sabe aquele vigor que aparece quando você acreditava que não era forte o suficiente? E uma situação que parecia irreversível se resolveu com sua habilidade, amor e destreza? Pois é. Isso é energia feminina, atuando através da sexualidade, que é justamente a essência de “ser mulher”.
E toda essa força não existe em nós arbitrariamente. Nada é por acaso. Você já sabe, acaso não existe. Toda essa potência interior vem não somente das nossas ancestrais de parentesco como também de mulheres que mudaram o rumo da história, como Maria Madalena e as Pomba Giras. Todas elas, são sinônimo de resistência e luta pela liberdade das mulheres, todas elas enfrentaram um mundo machista que rechaçava mulheres que queriam ser livres e donas do próprio nariz. E esqueça qualquer definição que você já conheceu aqui na terra sobre “ser mulher”. Essas mulheres quebram qualquer conceito terreno a respeito disso. As Pomba Giras são a própria corporeidade feminina e nada tem a ver com os conceitos sociais. Isso significa afirmar que as pomba Giras trabalham em nós a nossa sensualidade, e por consequência nossa sexualidade na sua máxima potência. E mais uma vez, esqueça qualquer designação que você ouve por aí sobre sensualidade feminina. É através da força delas que acessamos em nós a nossa essência e tomamos consciência do nosso poder pessoal. As Pomba Giras, assim como Maria Madalena são mulheres desconcertantes exatamente porque nos ensinam que ser sensual é ir mais fundo do que se limitar à aparência. Isso é fácil, qualquer mulher consegue com um pouco de dinheiro e bom gosto. Agora, ser sensual a ponto de olhar para dentro de nós e encarar o que vemos mesmo que a gente não goste, é o que elas nos ensinam. E isso é sensualidade. E compreende a sexualidade da mulher. Está vendo como tudo é mais profundo e complexo do que a rasa compreensão social?
Isso quer dizer que, esse é justamente o ponto “desconcertante” em Maria Madalena e as Pomba Giras, porque não é e nunca foi interessante para a sociedade em que vivemos, que as mulheres busquem a si mesmas e que sejam intelectualmente inteligentes e pensem por si mesmas. Logo, elas são a temida representação do abalo da estrutura social machista e conservadora que vem sendo orquestrada há milênios. Você já reparou que a maioria das mulheres sexys e sensuais na aparência é que são julgadas? Mas, se você observar a fundo a vida delas você vai confirmar que o que elas exibem por fora é exatamente o que elas são por dentro? Ou seja, a beleza externa delas é um reflexo da beleza interna. Escolha por exemplo uma mulher pública que você considera belíssima e comece a acompanhar as postagens dela no instagram e você vai constatar que ela além de inteligente intelectualmente, é generosa, altruísta, não fala da vida alheia e está focada no seu desenvolvimento pessoal, é altruísta, não é preconceituosa e pratica caridade. Quer mais sensualidade que isso?
É por isso que Maria Madalena foi tão julgada e apontada, pois a partir do momento em que ela iniciou o processo de superar a si mesma e foi se libertando das couraças mentais que a prendiam, sua verdade de alma foi se revelando, e é como se um brilhante que estava “sujo” e sem brilho, passasse a reluzir por onde passa. Isso incomoda MUITO minha deusa, MUITO. As pessoas ficam desconcertadas quando se deparam com pessoas que revelam sem medo quem são de verdade. Isso é sensualidade. Isso é sexualidade feminina.
É por isso que um dos processos mais difíceis dentro do Sagrado Feminino se torna nosso maior tesouro. O Sagrado Feminino nos ensina a trilhar esse percurso de desconstrução interna, aceitando nosso “profano”, acolhendo-o ao invés de escondê-lo e sufocá-lo. O Sagrado Feminino nos ensina e nos prova que somente quando aprendemos a aceitar e trabalhar nossas sombras é que seremos livres de verdade. E mais: paramos de viver na Disneylândia acreditando que nossa “escuridão” vai sumir como mágica somente porque estamos nos curando. A cura das nossas feridas e cicatrizes consiste em saber que as dores que vivemos não deixarão de existir na nossa história, mas elas não precisam viver em nós e não nos definem. Somente quando nossas dores não nos doem mais, e nós aceitamos o que nos aconteceu e ressignificamos nossa história é que seremos livres de verdade. E todo esse processo é muito sensual, portanto não há como fugir da externalização dessa beleza.
Paira em torno de entidades femininas como as Pomba Giras e mulheres como Maria Madalena mistérios que as tornam figuras “feias” moralmente. Considerando, obviamente, o conceito rasteiro de moralidade que atravessa nossa sociedade. Maria Madalena após ter se tornado quem era de verdade se mostrou sem medo, mesmo que isso tenha lhe custado séculos de apedrejamento moral. E é exatamente esse o motivo de tanta especulação em torno da sua pessoa e de tantas teorias e conjecturas a respeito de quem ela foi de verdade. Da mesma forma, se dá com as bruxas, que foram estigmatizadas com uma aparência que nada condiz com a realidade, porque para a sociedade religiosa e social era negócio vender a ideia de uma aparência repugnante às mulheres desobedientes. Era uma forma de usá-las como exemplo do que acontece com as mulheres que se atrevem a não seguir padrões morais, religiosos e sociais. Inclusive, esse estigma se tornou tão arraigado no imaginário popular que até mesmo, ainda hoje, elas são retratadas em peças de teatro escolares, filmes e na arte em geral, dessa maneira totalmente equivocada. Sempre colocadas à margem da civilização, morando em casebres fúnebres e empoeiradas. E mais: são retratadas como mulheres sozinhas, sem família, descuidadas da aparência e más, muito más. Ou seja, um reflexo subliminar da não obediência de uma mulher. E nós sabemos que na verdade, as bruxas foram as mulheres mais sábias que já passaram pela terra. Essa sabedoria consistia também no conhecimento do mundo extra físico, que advinha tão somente de uma completa e profunda liberdade de todo tipo de grilhões, e dessa forma seus “canais” energéticos se expandiam e a comunicação com o mundo invisível aconteciam de forma livre e natural. O que as pessoas desconhecem porém, é que todos nós temos a mesma capacidade mediúnica, mas ela só se manifestará quando estivermos dispostos a nos libertarmos da nossa ilusão mundana.
Essa realidade é a base da nossa sociedade e o número alarmante de feminicídios não me deixa mentir. Porque o feminicídio acontece minha amiga? Porque os homens que matam as mulheres não conseguem lidar com o fato de que elas estejam se valendo do seu poder pessoal de escolher o que querem para suas vidas e isso chama a atenção das pessoas, ou, mais precisamente, de outros homens. Ou seja, aquela mulher, pelo simples fato de ter decidido o que não queria mais para si e ter “bancado” e respeitado sua vontade, se tornou atraente e sensual para o olhos alheios. Esse comportamento, na cabeça de homens machistas não é tolerável. Então eles as matam para que elas parem de ser vistas por quem são de verdade: belas POR DENTRO, se destacando para todo mundo. Na nossa sociedade é uma situação que pode acontecer de jeito nenhum, caso contrário, o reinado masculino de desfaz como um castelo de cartas.
Minha querida deusa maravilhosa, essa matéria vai chegando ao fim, não obstante, pretendo deixar aqui uma reflexão para você. Eu sempre digo para você pensar por si mesma, ir atrás das respostas para as dúvidas que te atormentam, tirar suas próprias conclusões e viver de acordo com sua vontade independente do julgamento alheio. Não é fácil não, eu sei. Porém, você é a única que vai viver as consequências de se anular e ser sempre a garota legal com todo mundo. Ninguém estará lá com você quando seu castelo fantástico interno desmoronar e você ficar no vácuo emocional e mental, perdida, sem saber o que tá acontecendo com você e sozinha. Pelo contrário! As pessoas ainda vão te punir de todas as formas. O mesmo vai acontecer quando você resolver seguir seu caminho de acordo com o que você acredita. Então, cabe a você escolher qual “massacre” você escolhe viver. Pense a respeito de qual desses caminhos te levarão à liberdade e a felicidade e do quanto você está disposta a suportar para ser você mesma, custe o que te custar.
Um grande beijo,
Com amor, Alíne.