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   Mulheres, moral religiosa e espiritualidade.

Por Cigana Carmem.

Minhas amadas leitoras,

Para comemorar o mês da mulher, eu, na minha condição de fêmea,  ainda que eu seja apenas uma entidade, me sinto tocada a trazer à tona um assunto pujante e perigoso, que é a visão que a sociedade atribuiu às mulheres ao longo da história. Principalmente a visão religiosa. E é para descortinar esse olhar equivocado que eu venho aqui hoje, bater um papo com vocês minhas amadas. No mês da mulher, é necessário ir fundo e tocar na ferida social latente. Principalmente quando se trata da perspectiva religiosa. Portanto, nessa matéria, faço questão de ressaltar a distância entre o olhar religioso sob nós mulheres, e o ponto de vista da espiritualidade a respeito da figura feminina.

Os distraídos da matrix e a figura feminina na sociedade religiosa e patriarcal.

Enquanto na religião, as mulheres tem seu lugar obscurecido pelo machismo e pela moral conservadora, em especial quando se trata de sexualidade, na espiritualidade, a figura feminina vem sendo enaltecida. Esse é um assunto de outra coluna, vocês sabem, mas não é de hoje que os paradigmas morais e religiosos empurram corpos femininos apenas ao pequenos encargos e em geral ficam restritas a afazeres dentro da igreja, fazendo uma alusão ao lar, mesmo que seja de forma velada. Em sua maioria, dentro de uma instituição religiosa, suas tarefas se restringem a serem líderes de louvor, servidoras da comunhão, colaboradoras ou líderes de pequenos grupos. A elas, em especial dentro do catolicismo não há espaço para grandes lideranças. Ou você já viu, dentro da igreja católica alguma mulher se tornar Bispo, Arcebispo ou Papa? Eu nunca! E olhe, que, como você sabe, eu sou uma entidade, e já faz muito tempo que estou do lado de cá, mas já estive encarnada durante muitas encarnações e para te falar a verdade, nada mudou no quesito “figura feminina”. Já deu tempo mais que suficiente para a sociedade ter evoluído. Mas, infelizmente não foi o que aconteceu, e está aí estampada na cara da sociedade a forma como a mulher é vista até hoje, e a igreja continua reforçando tais doutrinas e sendo aplaudida pelos distraídos da matrix.

Já quando analisamos o assunto de acordo com a premissa da espiritualidade encontramos uma perspectiva completamente diferente, onde a mulher é grandiosa em sua essência, identidade, brilho e poder pessoal. Se para a igreja a mulher tem de apagar seu perigoso brilho interior, para a espiritualidade, bem ao contrário, ela é incentivada a deixar para trás e desapegar de tudo que a desvia desse lugar. E estão aí, tantas mulheres que ao longo da história foram aniquiladas porque se atreveram a ir além do que a religião, a moral e os bons costumes ditavam em suas cartilhas. São muitas, desde a antiguidade, passando por Maria Madalena, encontrando as sufragistas e todas aquelas que até hoje não toleram correntes nem tampouco cadeias mentais. Lembra das famigeradas bruxas? Pois é. A Igreja é responsável pelo assassinato de milhares e milhares delas ao longo dos trezentos anos de inquisição. E não sei o que é pior. Uma morte escancarada, ou uma morte velada, como a que acontece hoje, onde a moral conservadora e religiosa incentiva a mulher a matar sua subjetividade. Ou seja, as mulheres são engolidas por uma cartilha que as incita a morrer em vida para não olhar para sua natureza considerada ‘pecadora’. Como se os atributos da natureza feminina não fossem divinos.

A espiritualidade tem um outro ponto de vista em relação à isso. Ela nos ensina a libertar nossa alma, e obviamente por consequência nossas prisões mentais, emocionais e físicas. Isso implica em dizer que a espiritualidade é o verdadeiro caminho a ser trilhado, porque NENHUM DEUS, NENHUM! criou as mulheres para serem moralistas, reprimidas e sem brilho. Ao contrário, na visão espiritual, as mulheres devem aprender a resgatar seu brilho interior, pois é dele que nasce toda força transformadora do mundo. É dentro de cada uma de nós que reside a resistência necessária para persistir e nos tornarmos imparáveis para a verdade do coração.

O banimento da subjetividade feminina pela religião e seu fortalecimento pela espiritualidade.

Concomitantemente, religião e espiritualidade exercem forças contrárias na trajetória da história feminina. Ao passo que a espiritualidade estimula cada vez mais as mulheres a olharem para dentro de si, resgatarem seu poder pessoal e alcançarem a sua identidade e essência, se tornando verdadeiras rainhas de si, ousando ser diferente de tudo que a matrix ensina, se valendo da sua natureza sexual e atratora ( e fuja do clichê de predadora sexual, quando me refiro à sua natureza sexual  feminina ok? Isso é coisa de gente limitada e preconceituosa) para conseguir tudo que ela deseja e ser feliz honrando a Deus, que nos fez para prosperar, a religião impõe e exige recato, não só no que concerne à maneira de uma mulher se vestir e se comportar, mas também ao que eu chamo de “recato moral”, se valendo da pior punição que alguém pode ter. O recato moral para si. Ou seja, a ideia de admitir para nós mesmas nossa natureza ‘selvagem’, considerando os arquétipos femininos, é demonizada. Enfim, nenhuma mulher, sob a perspectiva da moral religiosa, pode nem sequer ousar saborear a própria existência interior sob pena de ser condenada a perecer no ‘inferno’ por toda a eternidade.

freepik surreal and dreamlike saturated pastel dreamy atmo 69128A mulher em segundo plano, sob a ótica da moral cristã.

Se de um lado, a espiritualidade trouxe à tona, ao longo da história da humanidade, mulheres inconformadas com a submissão feminina , e as exaltou perante a sociedade, assim como fez Jesus ao elevar a inteligência feminina, quando delegou à Maria Madalena a incumbência de transmitir seu legado à humanidade, a religião cristã aniquilou-as como insetos peçonhentos, colocando-as em segundo plano, e reforçando historicamente por milênios, que até hoje permanecem no inconsciente coletivo uma figura que é por natureza fonte de pecado e perdição para os homens, reforçando solidamente a premissa de que a culpa pelo desvio da conduta masculina é nossa, como se homens fossem meros títeres das mulheres e nosso sexo fossem cadeias obscuras das quais eles não tem força interior para se desvencilhar.

A espiritualidade, por sua vez, ao contrário, preconiza em seus ensinamentos que cada um é responsável por suas atitudes, inclusive por seus pensamentos e sentimentos e nada que alguém faça para nós pode nos afetar se a gente souber como lidar com tais situações. Isso quer dizer, que a espiritualidade é em essência defensora do autoconhecimento, que leva todos a se responsabilizar 100% por suas vidas.  Quer dizer, enquanto a moral cristã ativa na sociedade a ideia de que a mulher precisa se submeter e obedecer, sendo santas quando o fazem, e bruxas quando não, a visão espiritual em sua sabedoria infinita impulsiona e alavanca a figura feminina, concedendo a nós mulheres muitos dos grandes feitos e invenções científicas, físicas, literárias, médicas e artísticas da humanidade, mesmo que aqui, no plano físico, onde ainda reina o machismo, a sociedade patriarcal tente esconder a todo custo a inteligência, competência e capacidade intelectual das mulheres.

Jesus Cristo, o homem mais entendido de mulher na face da terra.

Minhas amadas, raciocinem comigo acerca da sabedoria divina. Na época de Jesus, enquanto as mulheres que o acompanhavam estavam preocupadas em aprimorar suas faculdades intelectuais afim de aprender tudo que Jesus tinha a lhes ensinar e principalmente desenvolverem todas as competências comportamentais, gerenciais, emocionais, técnicas e espirituais para serem as mensageiras de seus ensinamentos para o mundo, pois sabiam da nobreza e grandiosidade de tal tarefa, os apóstolos ( homens) disputavam entre si quem era mais competente e mais capaz de cumprir tal missão. Quer dizer, o ego masculino cego não permitia que eles enxergassem um palmo diante do nariz, além de expressarem sua raiva no fato de Jesus ter escolhido uma mulher. Enfim, não muito diferente dos tempos atuais, homens se apoiavam no inócuo pressuposto que o simples fato de serem homens já lhes conferia o direito inato de serem escolhidos.

Jesus, em sua infinita sabedoria, percebendo as atitudes ignóbeis de seus discípulos, delegou às mulheres, e em especial à Maria Madalena, uma inconformada com a realidade feminina, a missão de ser sua mensageira na terra.

O que essa atitude de Jesus nos leva a concluir? O óbvio né? Machismo só existe na concepção conservadora, preconceituosa e rasa da mente masculina, e da cartilha autoritária das intuições religiosas, porque para a espiritualidade só existe liberdade de escolha e o respeito ao livre arbítrio das pessoas, e tal olhar vem de encontro aos mandamentos de Deus, mas a igreja, ao meu ver, vêm desobedecendo a maioria deles há milênios, vendendo a falsa de que são representantes de Deus na terra, usando seu nome para usurpar a subjetividade humana e em especial, a das mulheres, porque na visão religiosa, a mulher representa a devassidão. Isso vem acontecendo desde Adão e Eva, quando SOMENTE a figura de Eva foi responsabilizada pela perdição de Adão. Nunca vi uma teoria que seja, a respeito da visão da religião sobre a figura de Adão e a responsabilidade sobre seus atos, e você, conhece alguma tese nesse sentido? E porque não se debruçam teses a esse respeito?

Ora, elementar não é? Uma vez que joguem sobre Adão a responsabilidade acerca dessa tal ‘perdição’ a que ele foi relegado, toda a engrenagem falaciosa inventada para enganar e manipular pessoas a respeito da figura feminina, toda a engenharia cristã ruiria em segundos, já que não haveria mais nenhum’ bode expiatório’ (as mulheres) para assumir a “culpa” pela falência masculina. Quando não houverem mais muletas sociais, morais, intelectuais e espirituais para se apoiarem, haverá somente liberdade divina sobre a face da terra, pondo fim, de uma vez por todas, ao obscurantismo ao qual fomos condenadas.

Pense a respeito, e na próxima semana nos encontramos novamente.

Um afago,

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Cigana Carmem.

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