As Mulheres de Cinema Indígena e a Rede Katahirine.
Por Vanessa Cançado.
– Vai Som, Vai Câmera. Ação!
Olá Amoras (es), vocês já assistiram algum filme dirigido por uma mulher indígena? É sobre “Elas” (as cineastas indígenas) que vamos falar hoje. O cinema indígena tem grandes cineastas, e muita representatividade de mulheres de cinema, porém pouco conhecidas no meio audiovisual, quiçá do público em geral.
Em 2023 surgiu a KATAHIRINE – primeira Rede Audiovisual das Mulheres Indígenas (katahirine.org.br) e ali se encontram representadas os mais diferentes povos e regiões do país, fazendo um cinema potência, com narrativas plurais sobre os modos de viver de seus povos. Tem o contemporâneo e tem a ancestralidade. Vale a pena entrar no site da rede e conhecer um pouco mais.
Há o reconhecimento e com ele quero trazer aqui um pouco de quem são essas mulheres de cinema. A Rede conta hoje com 71 mulheres do cinema e audiovisual e 32 etnias.
GRACIELA GUARANI, que no inicio desse ano teve uma mostra de seus filmes no Festival Mulheres + da Inffinito, é pioneira em produções indígenas no cinema. Graci pertence à nação Guarani Kaiowá, é diretora, produtora e roteirista. Tem em sua filmografia a autoria da série “Falas da Terra” da Globo e dirigiu a 2ª temporada de “Cidade Invisível” (Netflix). No cinema: o premiado “Meu Sangue é Vermelho” (2020); “Nossa Alma Não Tem Cor” (2019); “Opará” (2019); “Mensageiro do Futuro” (2018); “Tempo Circular” (2018); “Mãos de Barro” (2016) e as vídeo-cartas “Nhemongueta Kunhã Mbaraete” (2020).
OLINDA YAMAR WANDERLEY, pertencente aos povos Tupinambá e Pataxó Hãhãhãe, está no audiovisual desde 2015, onde tem em sua filmografia: “Ibirapitanga”(2022); “Lili”(2022); “Ibirapema”(2022); “O Parto”(2021); “Preconceito”(2021); “Saúde da Terra”(2021); “Equilibrio”(2020); “Kaapora – O Chamado das Matas”(2020); “Mulheres que Alimentam”(2018); “Retomar para Existir”(2015). Também é curadora de diversos festivais e coautora da série especial da globo “Falas da Terra” (2021).
PATRÍCIA FERREIRA PARÁ YXAPY, da etnia Mbyá-Guarani é cineasta e professora e em 2020 teve uma exposição individual na Berlinale. Tem na filmografia: codireção com Sophia Pinheiro de “Teko Haxy – Ser Imperfeito” (2018); “As Bicicletas de Nhanderu” (2011); “Desterro Guarani” (2011); “Taua, A Casa de Pedra” (2012); “No Caminho com Mario” (2014).
PRISCILA TAPAJOWARA, é do bioma amazônico e atua desde 2013 como cineasta e fotógrafa. Assinou a direção de fotografia do longa documentário “Arapayau: Primavera Guarani” (2018). Tem em sua filmografia: a websérie “Ãgawaraita” (2022); o curta-metragem “Tapajós Ãgawaraitá” (2022); a série documental “Sou Moderno, Sou Índio” (2022). É produtora do Festival de Cinema Latino-Americano de Alter do Chão.
SUELI MAXAKALI, cineasta e multiartista que dirigiu o curta “Yãy Turunãhã Payexop: Encontro de Pajés” (2021) e codirigiu os longas “Quando os Yãmiy Vêm Dançar Conosco” (2011); “Yãmiyhex: As Mulheres-Espírito” (2019) e “Nũhũ Yãgmũ Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa!” (2020). É doutora em Letras: Estudos Literários pela UFMG.
ARLETE JURUNA, da Aldeia Paquicamba é diretora, fotógrafa e montadora. É uma mulher de cinema que iniciou em 2015 e tem em sua filmografia: “A História do Antes” (2019), que conta a história das raízes de seu pai como seringueiro; “Entre-Ilhas” (2021) e “Tá no Sangue” (2022), curta-metragem que põe em questão a ideia de aldeia e explica como o povo Juruna sempre viveu em ilhas e se tornaram grandes navegadores.
Esse ano, no grande prêmio do cinema – O Prêmio Grande Othelo, realizado pela Academia Brasileira de Cinema, tivemos as cineastas Yanomamis premiadas como melhor curta-metragem de documentário – AIDA HARIKA YANOMAMI e ROSEANE YARIANA. O filme “Thuë Pihi Kuuwi – Uma Mulher Pensando” conta a história de reflexão de uma mulher Yanomami sobre a relação de um Xamã com Yãkona, o rapé ritualístico que o inicia no conhecimento xamânico. As diretoras também fizeram outro filme “Yuri U Xëatima Thë – A Pesca Com Timbó” (2022).
Katahirine, essa Rede potente de mulheres do cinema indígena, tem no seu significado “Constelação”. É uma palavra da etnia Manchineri. Eis outros nomes dessa rede linda: LARISSA YE’PADIHO DUARTE; NARRIMAN KAUANE; ZAHY TENTEHAR; NATÁLIA TUPI; BÁRBARA LEITE MATIAS; NATUYU YUWIPO TXICÃO; NATALI MAMANI; FABIANE MEDINA YVOTY RENDYJU; KUJÃESAGE KAIABI; CÉLIA TUPINAMBÁ e muitas outras. Espero que tenha instigado a curiosidade de conhecerem mais sobre essas e outras mulheres do cinema indígena e seus filmes. Nos vemos em alguma Rede por aí.
Até a próxima cena!
Abraço Afetuoso,
Vanessa.
Cine-Recorte: Minha dica hoje é o livro “Empoderadas- Narrativas Incontidas do Audiovisual Brasileiro” da Editora Oralituras. Organizado por Renata Martins e que tem Graciela Guarani que citei acima como uma das colaboradoras.