A incondicionalidade do ser.
Por Alíne Valencio.
Deusa poderosa,
De tempos em tempos eu regresso a me pronunciar sobre Maria Madalena né? Inclusive, as últimas matérias tem sido sobre ela. O motivo você já sabe. A vida dela e sua história é do meu interesse pessoal, e ainda que não fosse minha missão de vida difundir seus ensinamentos, eu estudaria sua vida e seu legado, ávida por devorar tudo a respeito dela. É uma biografia instigante e misteriosa, e sua figura é envolta em muita especulação e numerosas versões que favorecem interesses pessoais. Eu sou adepta da exegese de que ela e Jesus eram um casal e viveram um grande amor, porque eles são chamas gêmeas. Até porque quando a gente embarca profundamente em estudos a esse respeito, fica muito óbvio, embora nada fique explícito em nenhum material encontrado até hoje. Ou melhor, eu acredito que sim, já tenha ficado muito óbvio, entretanto, como eu mencionei, cada um versa acerca disso de acordo com favorecimentos pessoais.
A quem interessa o relacionamento amoroso de Jesus e Maria Madalena?
Para muito pouca gente é interessante admitir e afirmar que Jesus pudesse ser uma pessoa com desejos e vontades sexuais. Mas ele era, quer queiram ou não. A única diferença é que ele era uma alma evoluída demais para época em que viveu. Aliás, não somente para o período que passou por aqui, como para os tempos atuais também. Mesmo em 2025 as pessoas não estão preparadas para seus ensinamentos. Pelo menos a maioria não está. Quer, dizer, a maioria que teima em permanecer sem o aprimoramento interior para a evolução do espírito. E o mesmo se dá com Maria Madalena. Para o cristianismo ortodoxo e conservador é extremamente temerário assumir que uma mulher possa ser livre e dona do seu nariz. Imagina se todas as mulheres também reivindicassem o mesmo direito? Seria o fim da moral religiosa, e ela que sustenta o império rentável que as igrejas se tornaram. Em especial as próprias mulheres trabalhadoras da igreja, que jamais alcançaram altos cargos dentro da instituição. O máximo que alcançam se limitarem a freiras. Gente desperta é perigoso. Mulheres despertas então, nem pensar. É que Maria Madalena era. Livre, dona de si e detentora dos conhecimentos ocultos do universo, suas leis e seu funcionamento.
Ademais, para a religião, mulheres livres não são bem vistas. Até porque, essa expressão tem seu significado distorcido, bem como a imagem dela. Contudo, esse é assunto para outra matéria e eu já me estendi demais nessa conversa.
O amor incondicional e a sexualidade feminina.
Amor incondicional é uma sentença que infelizmente não é bem compreendida. Amar incondicionalmente não é se submeter sem restrições à vontade e expectativa alheia. De maneira alguma. Amor incondicional é a suprema sabedoria de que cada um faz o que pode com a consciência que tem. As pessoas agem de acordo com o nível de evolução em que se encontra o espírito. O amor incondicional sabe que cada um tem seu tempo para evoluir, e principalmente: tem o direito de permanecer onde se encontram, sem querer evoluir e se aprimorar, e a ninguém cabe julgar. Essa é a primeira premissa do ensinamento divino sobre o amor incondicional.
Ok, mas e onde entra a sexualidade feminina e Maria Madalena nessa história? Maria Madalena em suas Cartas, em especial na Carta 05, sobre a incondicionalidade do ser, ela diz: “O Amor incondicional é vital para a alma e para o espírito, assim como a água é essencial para purificar, hidratar e conduzir adequadamente a energia por todo o corpo. Deixem de lado vossas crenças limitantes e pratiquem o amor incondicional, que é o vínculo da perfeição”.
Antes dar seguimento é fundamental rememorar que a perfeição a que ela se refere é a ideia de que já somos perfeitos em essência. Nosso espírito é perfeito. E considerando que somos seres espirituais vivendo experiências terrenas, então nossa sexualidade se manifesta de maneira divina. Contudo, não há como exercer a vida em essência e sexualidade em plenitude, sem liberdade de pensamento e de alma, que por sua vez advém da expansão da consciência e do despertar espiritual. Isso explica perfeitamente os motivos pelos quais a maioria das mulheres (ou pessoas) adoecem dos bloqueios da sua sexualidade, que na maioria das vezes está aprisionada em moral religiosa.
E a sexualidade, além de outras coisas é em essência também o encontro com nossa verdade e identidade. Esse encontro acarreta entusiasmo e prazer pela vida. Se temos prazer de viver, temos prazer em sermos quem somos. Logo exercemos nossa sexualidade em sua plenitude. Deus é plenitude e amor incondicional. E quem não se ama incondicionalmente e ao próximo da mesma maneira, não ama a si mesmo, e por isso julga o próximo. Julgar o próximo é julgar a si mesmo. É um engodo pensar o contrário. Pois só podemos dar para o outro o que temos em nós. Se não temos amor por nós mesmas como podemos amar a Deus?
O chamado da alma.
Não podemos caminhar pela vida terrena de maneira plena se não estamos ouvindo o chamado da alma. Acatar o apelo da alma é viver necessariamente em essência e total conexão com a Fonte ( Deus). Estar em conexão com Deus é também manifestar plenamente nossa sexualidade no mundo. É agradar a Deus, que espera de nós inteireza e integridade do espírito. Mas, para viver a integridade do espírito é primordial se libertar dos paradigmas e clausuras mentais relacionados à sexualidade. Era assim que vivia Maria Madalena. LIVRE. Sua alma era livre. Só almas livres conseguem realmente viver o reino de Deus na terra, porque nada em Deus é clausura, medo, punição, culpa, julgamento, ou qualquer outro tipo de condicionamento terreno. Somente suporta o verdadeiro reino de Deus, quem é livre, porque no reino de Deus não há culpados, nem vítimas. Apenas responsáveis. Cada pela sua vida.
Não há como transpor esse nível de conhecimento vivendo numa masmorra interior, fazendo a alma de refém e o corpo de escravo de crenças limitantes. Deus é total fluidez. Acessar essa condição é tão somente possível em estado de total confiança e liberdade. Quando limitamos nossa compreensão a respeito da sexualidade aos confins do sexo, estamos aprisionando nossa percepção. Sexualidade é muito mais que sexo. Muito mais.
Se somos seres espirituais não podemos nos ater a nenhum tipo de cárcere. NENHUM. Seja ele físico, emocional, mental ou espiritual. Só almas livre seguem a Deus. Almas habitam temporariamente corpos humanos. Dessa forma, o corpo também é livre porque Deus se manifesta através dele em nós. O que significa dizer que todos os tabus não tem o menor sentido para Deus. Uma vez que tabus foram inventados pelos humanos para fugir da imensidão que somos e da falta de habilidade para lidarmos com isso, nós padecemos por sermos algozes de nós mesmas. E claro, por sermos mulheres, recai sobre nós o fardo da obediência, imposta pelos homens. E nosso corpo novamente é golpeado e nosso espírito aviltado.
Em suma minha deusa, tenha coragem de ser livre e pensar por si mesma, vivendo sob a ótica das suas próprias convicções. Nossa alma sabe de tudo, ela tem todas as respostas que buscamos fora de nós. Deus não está fora. Não está na igreja, não está no culto. Está dentro de você. Deus confia em você e sabe que se você vasculhar dentro de si, se valendo de toda a sua sabedoria interior, você estará em consonância com a vontade dele. Só isso. Mais nada.
Somos seres incondicionais, ou seja, não estamos condicionados a nada e a à ninguém. Não existem amarras no mundo divino. Então, qual a raiz de tanto sofrimento? A desconexão com Deus, devido à essas amarras que nos fazem acreditar que existem e nos podam as asas da alma. Podando a Deus também, cortando as asas de Deus também. Cada vez que você se afasta da sua identidade de alma, da sua sexualidade, você se afasta de Deus também. Portanto, a única alternativa é se agarrar às ilusões da matéria, que nos convence e condiciona ao mal.
Os demônios vivem dentro de você.
- O mal não é demônio não tá? Pelo menos não esse demônio que te ensinaram. O mal são as prisões emocionais. Os demônios são as prisões emocionais que vivem dentro de você. As ilusões que te fazem acreditar em um monte de baboseiras como pecado, que distorce completamente qualquer noção divina de sexualidade.
Minha querida, Deusa maravilhosa, desejo ardentemente que essa nossa conversa tenha sido uma alavanca impulsionadora de inconformismo para você. Um inconformismo questionador que te mova em direção à verdade que mora no seu coração, te curando dos devaneios tresloucados da realidade terrena, te levando a enxergar a realidade espiritual dentro de ti, para somente assim você viver a perfeição à que Maria Madalena se referiu em suas CARTAS.
Te espero na semana que vem.
E se quiser, comenta aqui o que você pensa sobre isso, Vou adorar saber sua opinião.
Beijos brilhantes.
Alíne Valencio.