O sentido de auto responsabilidade que desbanca o conceito cristão de pecado.
Por Cigana Carmem.
Minha amada leitora,
Nessa segunda feira de feriado, almejo com todo o meu coração que você tenha usado seu tempo para refletir por si mesma a respeito de conceitos e ensinamentos que aprendemos desde crianças e questionado se é realmente assim ou não. Espero que tenha também, ainda que por um instante, desapegado de cartilhas e usado toda a sabedoria interior que Deus te deu para tirar suas próprias conclusões, sem medo de estar sendo desleal à qualquer aprendizado que tenha feito parte da sua história.
Meu objetivo é sempre te instigar a criar e defender suas próprias convicções, com coragem. E eu sei que é muito difícil enfrentar a família e dizer: “Não acredito nisso”, “Não vou seguir essa ou aquela religião”. Mas, ou é isso, ou viver entubando sua verdade para sempre. Te garanto que é muito melhor ser criticada, do que viver uma vida que não condiz com sua essência. Há um preço a se pagar e um caminho a trilhar para viver a sua verdade. E mais, é necessário estar disposta a fazer o que precisa ser feito para mudar o rumo da sua vida e viver o reino de Deus na terra. E, mais uma vez, se desvencilhe do conceito religioso de “reino de Deus”. Aqui essa expressão significa literalmente ter a ousadia de sair da “caixa”, e seguir a vontade do seu coração. É lá que Deus está, e não em achismos alheios. Aqui, nessa matéria, esse termo quer dizer “ter a coragem de ser feliz mesmo que isso custe deixar para trás a necessidade de viver para agradar as expectativas dos outros. Esse é o grande ensinamento de Jesus. Sabe porque eu tenho tanta convicção de que é isso que ele quer de nós e nada mais? Porque ele mesmo não foi uma pessoa que seguiu padrões. Ele estava fora de todos eles. Todos, por isso incomodava o sistema. Sendo assim, você concorda que ele jamais nos puniria por buscarmos nossa felicidade?
Qual o verdadeiro significado de pecado?
Você compreende que é essa audácia que nos empurra para frente e nos faz evoluir? Minha querida e amada leitora, a ideia de pecado é um conceito cristão para manter pessoas adestradas e distraídas. Pecado não existe. E talvez, você pense: “Existe sim, porque Deus fala disso na Bíblia”. Minha querida, Deus fala de muita coisa na Bíblia e cada um interpreta como lhe convém. Tanto é verdade que temos inúmeras religiões espalhadas pelo mundo. Umas acreditam em reencarnação, outras não. Algumas defendem a existência de santos, outras não. E assim vai. Umas chamam Deus de Jeová, outros de Fonte Criadora, outras de Universo. Inclusive a ciência hoje, já provou a existência de Deus e usa suas próprias nomenclaturas. Como se explica isso? Ora, é um tanto óbvio. Cada religião interpreta e propaga a palavra de Deus de maneira a atrair fiéis para seu rebanho para que a sigam. Contudo, a palavra de Deus é uma só e igual para todos.
Sendo assim, gostaria de propor uma reflexão para você. A igreja nos ensina noções de pecado, culpa, punições e sofrimento. Esse é um ponto de vista, que, a longo prazo termina gerando conflitos emocionais gravíssimos, porque muitas vezes as pessoas passam uma vida inteira se achando indignas e não merecedoras de felicidade devido à esse tipo de ensinamento, se punindo por seus atos. Logo, te pergunto, em qual Deus você acredita? Nesse Deus que castiga, pune e é um carrasco? Ou num Deus que é misericordioso e amoroso? Se você acredita num Deus amoroso é incoerente crer em ideais de julgamento, pecado, e punição, certo? Logo, se torna improvável seguir doutrinas cristãs que incutem essas preleções em suas pregações. Faz sentido para você?
Você acredita que existe um Deus salvador?
Além disso, a premissa de que existe um salvador, que é Jesus, colabora de maneira incisiva para que as pessoas deixem de assumir a responsabilidade total pelas suas vidas. Dessa forma, meu ponto de vista não converge com tais condições. Minha ótica encontra muito mais certeza de que Jesus nunca disse que iria salvar alguém. Ao contrário, seus ensinamentos primam pela auto responsabilidade. Ou seja, ele já nos deu todas as ferramentas necessárias para nós salvarmos a nós mesmos. Quer dizer, salvar a nós mesmos implica em usar o livre arbítrio para escolher seguir nosso ego (o mal, vulgo pecado) ou nossa essência (o bem). E essa escolha é total responsabilidade nossa e ele não virá nos salvar quando a gente se der mal. Nós é que teremos que consertar nossas próprias burradas, porém ele estará lá, ao nosso lado sempre, de braços abertos para quando decidirmos caminhar ao seu lado. Compreende a diferença entre isso e a ideia de abandonarmos nossa alma à um salvador?
Partindo desse pressuposto, não há sentido algum na ideia de pecado. Afinal, se considerarmos que somos seres espirituais vivendo experiências materiais, e que o único objetivo de aqui estarmos é evoluir a alma, não há outra maneira de evoluir a não ser errar, e isso necessariamente implica em seguir nosso ego. Contudo, isso é parte do processo de evolução, uma vez que ao insistirmos no erro caíremos nas mesmas consequências e na mesma roda de sansara até que a gente decida mudar a rota e caminhar no amor. Então, se errar é parte do nosso processo evolutivo, não há fundamento algum em sermos punidos por Deus por conta disso. Quem pune a gente, somos nós mesmas minha querida, não Deus. A gente se pune cada vez que escolhe desviar das vontades da nossa alma, que são as vontades de Deus. Entende a incoerência de sustentar a ideia de que seremos punidos? Ou a ideia de pecado?
A essência revolucionária nos ensinamentos de Jesus.
Então, há uma essência revolucionária nos ensinamentos libertários de Jesus. A partir do momento em que ele nos deixa totalmente livres para fazermos nossas escolhas e mesmo assim nos aceita incondicionalmente sem nos julgar, criticar ou punir, nossa alma cumpre seu destino evolutivo. Ao contrário de predisposições autoritárias, moralistas e conservadoras como as religiosas, que nos incutem e impõem lições fatalísticas e doutrinárias.
Enfim, nenhuma religião que imputa valores morais baseados em medo, pode estar alinhado com os ensinamentos de Deus. Nenhuma. Eu, pelo menos não acredito que isso seja possível. E você?
Nos vemos na semana que vem.
Um afago.
Cigana Carmem.