Você tem participado com suas tentativas de melhorá-la?
Por Gabriela Chepluki de Almeida.
Todos nós temos a fundamentalidade de sermos abraçados e acolhidos e, muitas vezes, enquanto estamos carregando esta necessidade dentro do nosso ser, ao invés de a recebermos, somos desdenhadas, temos as nossas necessidades tratadas com descaso e insensibilidade. Como eu sempre te falo, meu objetivo é conseguir te dar aquilo que, talvez, você ainda não tenha encontrado em lugar nenhum. Uma palavra amiga que te entende, te abraça, te aceita e te incentiva a se curar e a crescer. Se você vive em meio à recusa da compreensão, espero ser uma singela luz de esperança para você.
Contudo, como a grande mulher adulta que você é (ou que se tornará, um dia, caso ainda não esteja na faixa etária da OMS), eu acredito inteiramente na sua inteligência, na sua sabedoria e na sua capacidade de compreensão dos fatos. Se em dado momento eu migrar do estado de cuidado excessivo ao do ensinamento rígido, é porque eu tenho certeza que você tem capacidade de entendimento, e porque você está plenamente pronta para esta etapa do processo.
Eu posso te dar meu abraço, incondicionalmente, independente de hora, de tempo ou distância, sem nenhuma pressão de prazo ou limitação, porque não há um ser humano nesta terra que não tenha esta necessidade fundamental. Mas, eu não posso te prender dentro da minha gaiola. Se o maior objetivo da minha vida é te ver crescer, eu preciso tirar a venda dos seus olhos, para você aprender a enxergar o diamante que você é, e todo potencial que existe dentro de si, para que você seja capaz de caminhar sozinha.
Ademais, eu quero encaminhar você para o seu desenvolvimento, e não vou conseguir fazer isto se eu te estacionar no conforto. Eu posso ser a sua parada de porto seguro se você precisar, porque você precisa de descanso, mas não posso me permitir a te deixar na conformidade e na mediocridade. Se eu te empurro, não é para te derrubar, e sim para te impulsionar à sua própria caminhada imparável.
Se eu te mantiver no conforto e no lado afável da vida, estarei sendo negligente com a sua individualidade, que desejo ver florescer, ao invés de secar seus botões antes mesmo que venham a se abrir, e estarei sendo também negligente com meu propósito de curar pessoas.
É por isto que hoje você vai ver a face de mim para a qual eu venho te preparado todas estas semanas para conhecer.
O que eu venho fazer, hoje, é pedir um apelo, pedir que você aceite abrir os olhos perante a relação que tem tido com a comida, com a sua saúde. Que você reconheça que, mesmo que muitas vezes soframos de enfermidades emocionais (sobre as quais estou me esclarecendo quinzena após quinzena para que a compreensão e a ciência que tenho destes fatos fiquem plenamente claras) e isto acabe deixando evidente a sua necessidade de tratamento, às vezes o que está acontecendo com você, é que está tendo comportamentos alimentares disfuncionais por pura procrastinação, porque deixa para depois, porque não está afim, porque existem tantas outras “prioridades” para as quais você canaliza sua atenção e seu tempo, tratando-as como superiores a um assunto tão basal como a sua saúde.
Para de se esconder atrás de pessoas que de fato não têm tempo para nada por conta de suas rotinas rígidas que exigem conciliação de mil e um focos, para os quais 24 horas são extremamente pouco, ou de pessoas que sofrem de vulnerabilidade social e econômica ou de acessibilidade a recursos, e até mesmo atrás das vítimas de transtornos alimentares e psicológicos com os quais temos tanto cuidado. Pare para observar que, às vezes, você não tem nenhum obstáculo real, se não o péssimo costume de sempre deixar “para a próxima segunda-feira”. Às vezes, só nos falta parar e observar ao nosso redor, para então perceber que temos diante de nós todos os recursos que precisamos para começar uma mudança na alimentação, ou nos hábitos que influenciam nosso bem-estar e nossa saúde.
Você pode, sim, ter o seu histórico, o seu passado, que influencia o presente de maneira constante. Mas, você tem tentado? Quando acorda de manhã, se lembra de ao menos tentar iniciar uma mudança? Incluir um hábito novo? Parar e prestar atenção na dádiva que você tem que, talvez, se não cuidar, pode um dia não ter tanto como gostaria?
Se não, o que é que DE FATO tem impedido você? Você está assim tão bloqueada, presa e impossibilitada como sua mente automática te faz parecer?
Querida, sim, infelizmente, em alguns casos, para não dizer que em boa parte deles, nós somos o nosso único problema. E isto é muito bom, por um lado, pois assim descobrimos que o problema tem o tamanho da solução, apesar de a solução ser mais densa e poderosa. Ambos tem o tamanho do nosso poder pessoal. A atenção ou o descaso que escolhemos dar para o recurso da nossa saúde, ouro líquido no qual não prestamos atenção porque estamos acostumados a ter, é o que guia a colheita que, dentro de um tempo que talvez pareça distante demais agora, nós teremos, um dia. E a hora para começar é agora, e não segunda-feira.
Quem me acompanha quinzenalmente sabe do meu comprometimento em justificar minuciosamente algumas falas que alguém pode entender de maneira torta, incompleta ou distorcida. Deus me defenda de deixar lacunas em branco e acabar dando respaldo para qualquer mal-entendido, ainda mais se, por um grande acaso, este mal-entendido parecer contradizer o que eu estou diariamente lutando para ensinar.
Venhamos e convenhamos, entretanto, que apesar de o país ser democrático e o ser humano ser livre, um questionamento bem aceito e respondido só seria levado plenamente em conta por mim vindo de alguém que, não tendo só lido um único texto, tenha lido toda a coluna, para ter respaldo sobre eu julgar ou não pessoas e seus hábitos. Espere maturidade e permissividade da minha pessoa, leitora querida, pois estou disposta sempre a responder a qualquer questionamento. Mas você mesma deve saber, e até concordar, que não se abre um livro no meio para se ler uma página e se permitir a criar sua própria conclusão inquestionável.
Querida, mesmo que hoje minhas palavras tenham soado como um tapa, eu quero te dizer que, MESMO que você se identifique, (sim, ainda assim, depois de todos estes tapas) está tudo bem. Às vezes, o que nos falta, é alguém que nos enxerga de uma perspectiva distante. É sobre a famosa frase “é preciso sair da ilha para enxergar a ilha”. Muitas vezes, no automatismo, não nos lembramos de fazer este exercício de auto observação, por estarmos cansadas, atarefadas ou distraídas demais. Espero ter contribuído com este ladrilho de ponte para você.
Quanto às perguntas que fiz no meio da nossa conversa, minha cara, peço com carinho que as responda para si mesma, e que encontrando sua resposta, você possa enfim iniciar, ou, retomar, seu processo de cura e preservação da harmonia da sua alimentação e da sua saúde. E do fundo do coração, quero que você permaneça comigo, e que jamais esqueça de todas as palavras que foram ditas todas as outras vezes aqui. Leve em consideração plenamente qualquer sinal que você possa, em auto observação, identificar uma possível enfermidade. Mas, que você também tenha força para reconhecer que, às vezes, nossos vilões internos são ainda menores do que podemos imaginar, principalmente no que tange ao poder que eles NÃO TEM, de nos paralizar na procrastinação.
Estou aqui, prezando profundamente que, ao ler este texto, você tenha agregado para si um degrau a mais de evolução pessoal.
Com amor de mula, que não por ser de mula deixa de ser menos amor,
Gabi.