A armadura que nos afasta do amor.
Por Andreza Justino.
Quantas vezes você respondeu “está tudo bem” quando, por dentro, sentia que estava desmoronando? Quantas vezes segurou o choro, disfarçou a frustração, ou fez piada da sua dor? O medo de sermos vistas como fracas, inadequadas ou “difíceis de lidar” faz com que mulheres incrivelmente fortes escolham diariamente se silenciar. Mas esse silêncio tem um custo: o afastamento daquilo que mais desejamos. Um relacionamento verdadeiro, com conexão profunda, cuidado e reciprocidade.
Mulheres fortes, mas emocionalmente sozinhas.
Não é raro encontrar mulheres que, mesmo dentro de um relacionamento, sentem-se absolutamente sozinhas. São mulheres que conquistaram liberdade financeira, sucesso profissional, têm uma rotina impecável e, ainda assim, vivem com a sensação de que algo está sempre faltando. O que falta, na maioria das vezes, é espaço para serem quem realmente são, com suas dores, inseguranças, cansaço e fragilidades.
O mito da mulher que dá conta de tudo.
Fomos ensinadas que ser forte é sinônimo de não precisar de ajuda. Que demonstrar sentimentos é sinal de fraqueza. Que ser vulnerável coloca em risco o seu poder de controle. O problema é que, ao vestir essa armadura, não percebemos que também barramos o acesso à intimidade. O parceiro não consegue nos acessar emocionalmente, não porque ele não quer, mas porque não existe abertura verdadeira. E o vínculo esfria.
Vulnerabilidade é ponte, não fraqueza.
Acredito que já falamos disso aqui em outros momentos, mas hoje quero trazer uma nova leitura sobre a vulnerabilidade, que na verdade, é a forma mais corajosa de se colocar no mundo. É dizer: “eu não sei tudo, mas estou disposta a aprender”. “Eu tenho medo, mas escolho tentar.” “Eu me sinto perdida, mas não quero continuar sozinha nisso.” Quando nos abrimos para o outro, com verdade e humanidade, damos permissão para que ele também se abra. E é aí que os relacionamentos se transformam. Criar um espaço onde ambos possam ser quem são, sem representações, é o que faz o amor evoluir.
O que te impede de ser quem você é?
Talvez você tenha crescido em um lar onde não havia espaço para expressar sentimentos. Onde mostrar dor era sinal de fraqueza. Onde era preciso ser forte, mesmo quando tudo doía. E, sem perceber, você repetiu esse padrão dentro dos seus relacionamentos. Mas a boa notícia é que isso pode mudar. Ser vulnerável é uma escolha. E como toda escolha, pode ser cultivada, com pequenos passos diários: aceitar quando não está bem, pedir ajuda, compartilhar medos com quem ama. Isso não te enfraquece. Te humaniza, te faz melhor e muito mais acessível.
Amar com verdade é um ato de coragem.
Não se trata de despejar tudo o que você sente sem filtro, mas de criar espaços seguros para a verdade acontecer. Se você quer viver um relacionamento profundo, onde existe admiração, compaixão e cumplicidade, comece sendo esse espaço. Comece sendo a mulher que ama com autenticidade, que ama apesar de seus medos e inseguranças. Que assume seus limites. Que pede o que precisa. Que respeita o que sente. E que escolhe, todos os dias, se relacionar com o coração aberto. Sem medo de ser ferida.
Quando você se permite ser quem é, cria espaço para ser amada de verdade.
A relação que você tanto deseja viver não depende de uma versão idealizada de você mesma. Ela depende de autenticidade. De verdade. De vulnerabilidade. Quanto mais você se esconde, mais o outro se distancia. Mas quando você se mostra, com respeito, com afeto e com coragem, mais você se torna irresistível. Porque o amor, minha deusa maravilhosa, mora na verdade. E a verdade está dentro de você.
Se esse texto tocou algo dentro de você, compartilhe sua experiência comigo nos comentários da coluna.
Com carinho,
Andreza Justino.