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O Padrão é eurocêntrico, a beleza é subjetiva.

                       A beleza está nos olhos de quem se vê.

Por Gabriela Chepluki de Almeida.

Ainda me lembro de quando eu tinha 14 para 15 anos, e estava na aula de filosofia, aprendendo o conteúdo que tratava sobre objetividade e subjetividade. Meu professor, para fazer aquele típico humor em classe, resolveu explicar isto utilizando um exemplo prático de amor, paixão e atração física. Não, nada picante demais para a nossa idade, mas se assim fosse, dificilmente se encontraria um santo púbere desinformado entre nós, que se isentaria de risos maliciosos, involuntários ou não.

Vou reproduzir com minhas palavras, mas não muito distantes das que o professor utilizou, para repassar a explicação dele: “Pode até ser que haja uma moça que todos os rapazes vão achar bonita, mas sempre vai existir aquele que não concorda. Além disto, pode haver uma garota na qual nenhum homem preste atenção, mas que certamente haverá um homem que terá olhos exclusivamente para ela. Ademais, algumas pessoas vão despertar grande atração em alguns,  em outras, não.”

Lógico, a explicação não teve qualquer viés de comparação pessoal ou de medição de vantagens ou valores. É uma exemplificação, com uma linguagem cômica, mas educativamente adaptada, através da qual um adolescente certamente conseguiria aprender o conteúdo exigido pela grade.

Certamente, esta narrativa era a definição prática da subjetividade em si. Basicamente, ela é a característica dotada pelo sujeito (nome que a filosofia utiliza para tratar do “homem” como ser pensante) de ter diferentes propensões através da sua própria perspectiva.

Gabriela do céu, que viagem é esta na coluna de nutrição?

Querida! O que tem a ver nutrição com a propensão que uma pessoa tem de opinar positiva ou negativamente sobre um padrão corporal, por exemplo, não é? Se pensarmos desta forma, quase nada, e ao mesmo tempo, quase tudo!

Vou te explicar. Por exemplo, quando a gente toca no assunto de padrões estéticos e corporais, e se distancia um pouco do foco no contraste entre magreza e sobrepeso, duas características muito percebidas nas mulheres quando estão presentes, tanto por exigência como por apreciação externas, de maneira acentuada em muitas regiões e culturas diferentes, são a fartura dos seios e dos glúteos.

Falando das características físicas anteriormente mencionadas, mesmo que sua influência tenha favorecimentos terceiros, como sendo propagada como um ideal por uma globalização, ela tem um porquê, um princípio a partir do qual se justifica a exigência/apreciação deste elemento corporal. Por exemplo, muito se fala que, na antiguidade, os homens se atraiam por mulheres com quadris largos por representar boa capacidade de parir um filho, já as com seios fartos, mais capacidade de alimentá-los. O padrão corporal popular de hoje tem origem no instinto animal, e isto não tem viés exclusivamente sexual!

Claro, a gente sabe. O que é ditado nos padrões de popularidade da Europa, ou de qualquer influência política ou de globalização, é tomado como tendência por todo o resto do mundo. É por isto que algumas características são mais prevalecidas que outras. Isto envolve influência política, potência mundial, capitalismo, globalização, digitalização, bah, um leque de um milhão de fios nos quais a gente vai se demorar demais se acabarmos nos aprofundando agora. Mas, lembre-se também do padrão violão que se estipulou na nossa sociedade depois do surgimento da suprema figura capitalista da Barbie. Entende onde eu quero chegar?

Mesmo que imposto e exigido por uma maioria, o padrão de beleza nem sempre foi o mesmo em uma MESMA sociedade ao longo do tempo, quem dirá em OUTRAS sociedades! Muitas culturas possuem costumes locais que são considerados padrões de beleza, como alongamento do pescoço, encurtamento dos pés, alargamento dos lábios, tatuagens, inclusive e especialmente, a engorda. Mesmo que isto seja antropologia (aos eruditos, se eu estiver falando alguma caca, me perdoem), é subjetividade, mesmo que induzida.

Mas não estamos vivendo em meio a estes hábitos. Vivemos na supremacia onde tudo que nós somos, a origem da história que aprendemos, os costumes e rituais nos quais nossos hábitos se baseiam, todos de origem européia. Mas mesmo a nossa própria cultura, a nossa própria raiz, passou por suas diferentes fases de subjetividade.

Quem não conhece a obra O Nascimento de Vênus? Pintura renascentista, inspiração para capas de álbuns de músicos, representações, releituras, simbologias, decoração culta de estabelecimentos e lares.

Não, querida. Não vou deixar de falar das nossas rebeliões nutricionais e alimentares para começar a falar de arte. Quero, agora, que você se lembre desta pintura, e caso não a conheça, peço que a pesquise no Google rapidinho.

Se a gente observar, e não é preciso muito esforço, o padrão estético corporal da deusa Vênus enquanto representada na pintura, sobre o qual, aliás, tenho uma opinião pessoal de grande fascínio, é o padrão estético da época. Muito tempo atrás, o antigo “corpo de miss”, que hoje em dia, é considerado um corpo alinear, acima do peso e pendente em tonificação muscular. Um dia, foi um corpo representante da idealização da perfeição feminina.

Querida, o que eu quero e dizer é que, independente do que dita a moda, a maioria ou a sociedade, jamais deixe de ser quem você é. Jamais deixe de amar e honrar a sua autenticidade. Se você é Barbie, saiba que você é linda, e se você é Vênus, saiba que você é linda! Seja a pessoa que você sente sentido e verdade em ser, e lembre-se sempre que você é perfeita exatamente como é. Enxergue a sua beleza através da sua subjetividade para consigo mesma, e a sua visão e seu autoamor irão transcender exponencial e irreversivelmente.

Incluindo nutrição, padrão estético, política, globalização, história, arte, filosofia e humor em uma mesma conversa, a gente consegue entender, leitora, o quanto a nossa mente viaja, e o quanto a vida é uma teia imensa de interconexões, diretas ou não. Depois de toda esta vitamina informativa, eu sinceramente, não sei mais o que esperar de mim, mas sei que será extraordinário.

Um abraço torto de uma mente viajada,

Gabi.

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