Search
Close this search box.

O Perfume da Resiliência: Uma Jornada de Amor e Transformação.

O Perfume da Resiliência

A história de Dani Jerônimo e sua filha Sophia: Da dor à esperança, da fragilidade à força interior.

Por Daniela Jerônimo.

Olá, minhas queridas amigas perfumadas,

Estou tão feliz por estarmos juntas novamente. Hoje, estou com o coração cheio de reflexões e pronta para compartilhar um pouco da minha jornada com vocês. Minha filha se chama Sophia. Ah! Ela nasceu em 5 de maio e veio para mudar tudo em minha vida. Como diria minha avó, é mais uma história que se entrelaça à minha. Quando descobri que estava grávida, passei por um momento muito difícil.
O Perfume da ResiliênciaUma artrose no joelho me deixou doente durante os oito meses de gestação, uma dor que parecia dilacerar meu corpo todos os dias. No dia 04 de Maio, fui ao hospital onde Sophia iria nascer para uma avaliação do líquido amniótico, já que minha produção não estava muito boa. Foi então que descobrimos que estava apenas com 4% e que enfrentaríamos um parto de alto risco. Nesse momento, meu mundo desabou. Já estava lidando com dores que mal conseguia imaginar, sem uma rede de apoio sólida ao meu redor.

Fui literalmente deixada de lado pela sociedade, pelo pai da Sophia, pela empresa em que trabalhava, pelo INSS que insistia que eu poderia trabalhar, negando-me o benefício que eu tanto precisava.

Eu já tinha levado meu corpo à exaustão física e emocional, mas naquele 04 de Maio tudo atingiu um novo patamar. Perdi o controle, meu corpo simplesmente parou de produzir líquido amniótico. Lembro-me vividamente de estar no hospital onde Sophia deveria nascer em 24 de maio. Tudo estava preparado para sua chegada, mas ela decidiu vir ao mundo 19 dias antes, e não havia vaga na UTI neonatal, pois, devido à situação, disseram que ela precisaria ir diretamente para lá.

Foi nesse momento que meu mundo despencou novamente. Apoiada em minha bengala, sentei-me na recepção do hospital, atordoada. Não conseguia raciocinar, somente chorar. Ao meu lado, estava Valdira, minha mãe, e Daniel, meu irmão. Minha obstetra estava fora da cidade naquele momento, e quando minha mãe ligou para ela, a resposta foi desanimadora, nada poderia ser feito, era uma questão para resolver com o hospital. Mais um sentimento de abandono.

Como o hospital não tinha vaga na UTI, Sophia não poderia nascer ali, e começou uma busca desesperada por outro hospital que tivesse essa vaga. Fiquei horas sentada naquela recepção, sem comer, suportando dores intermináveis, até que finalmente fui levada para uma sala para monitorar Sophia. Às 23:00, encontramos um hospital que eu nunca tinha ouvido falar, mas aceitamos, porque Sophia precisava nascer.

Lá, conversei com o médico, especialista em partos de alto risco, o que me trouxe algum conforto naquele momento. Naquela época, eu não estava muito conectada à espiritualidade, seguia uma religião para agradar minha avó, depois outra para agradar minha mãe. Eu não era feliz, sentia-me aprisionada, mas feliz por fazer os outros felizes. Naquele hospital onde fui internada, não era permitida a presença de acompanhantes (embora minha mãe estivesse sempre ao meu lado), e ali me vi completamente sozinha.

Era um salão com várias macas e apenas eu, Sophia e a enfermeira. Nunca me senti tão sozinha e nunca tive tanto medo na vida. Eu não sabia o que esperar no dia 05 de maio, não estava no hospital que eu queria, não estava com a roupa que eu queria. Nessa noite, era apenas eu e Sophia. Lembro-me de colocar minha mão na barriga e dizer: “Filha, eu não sei o que o futuro nos reserva, mas peço para você aguentar mais um pouquinho, mesmo sem líquido, aguente firme, meu amor, minha guerreira, porque seremos a melhor dupla deste mundo.” Senti um chute fraquinho, quase imperceptível.

Nesse momento, conversei com Deus, à minha maneira, sem reza pronta, sem roteiro. Tivemos uma conversa franca, chamei por todas as forças que poderiam e quisessem me ajudar. Chamei pela minha avó, e sei que nesse momento toda a minha ancestralidade esteve comigo. Senti um vento gostoso e percebi que estaria amparada. Sophia nasceu em 05/05/2014, saudável, não precisou em nenhum momento de UTI, e é meu milagre, minha transformação. Da minha dor, nasceu o meu amor.

Depois que Sophia nasceu, acordo agradecendo todos os dias por esse grande milagre. Então, todo dia 04 de Maio, volto a esse momento, recordo essa dor por um breve momento e agradeço. Vocês já tiveram uma grande dor que se tornou um grande amor? Muitas mulheres já passaram por isso, não é mesmo? Neste ano, estávamos em uma feira de artesanato, passeando, e uma escritora olhou para nós e perguntou: “Você aceita uma poesia?” Eu olhei para ela e perguntei: “Como funciona?” E ela explicou o seu lindo trabalho.

Ela ouve uma história que você deseja contar, e ali mesmo faz um poema. “Nossa! Hoje estou aqui tão reflexiva”, e contei a breve história do meu grande milagre. Com sua doçura, ela fez o poema, e eu quero compartilhar com vocês, minhas amigas.

Peguem um chazinho, uma música de fundo, porque sei que vocês se identificarão.

 

Respeite a Minha Dor

 

Você mudou a órbita

Dos Astros na minha Constelação

Me fez sentir na carne a dor

Do Viver, do nascer, de fazer nascer.

Você me fez viver uma revolução

Que somente eu entendia

Você me fez abrir os braços

E alcançar o passado na inconsciência

E transmutá-lo a mais pura empatia

 

Você me devolveu a terra a quem pertenço

Até crescerem raízes em meus pés cansados

Há religar saberes por milênios guardados

Nos seios e no ventre de quem gerou Maria,

Que gerou Maria,

Que gerou Valdira, que gerou Daniela,

Que gerou Sophia.

 

Você me fez calmaria e tempestade

Você me trouxe de volta, rumo ao meu Norte.

Hoje te vejo em mim e

Me reconheço em ti.

Hoje não sou mais o que fui ontem

E o amanhã nos aguarda muito mais fortes”.

 

Adriana Cope

 

Que possamos renascer da dor a cada dia, que possamos nos ajudar, nos apoiar, nos dar as mãos. Unidas somos mais fortes, conectadas às nossas ancestralidades, somos imbatíveis.
Agradeço imensamente a sua visita em minha coluna. Em breve nos reencontraremos.

Um grande beijo,

Dani Jerônimo.

Anúncio
Anuncio305x404

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *