Fora do eixo: As mulheres de cinema da Bahia.
Por Vanessa Cançado.
– Vai Som, Vai Câmera. Ação!
Amoras (es), parafraseado Caymmi: “Você já foi a Bahia? Não? Então, vá!”.
Vamos saber um pouco mais sobre essas mulheres de cinema e do audiovisual. Quem são elas? Começo com a Bahia, numa série de textos sobre mulheres de cinema fora do eixo Rio-São Paulo. Antecipando um pouco o próximo ano, pois essa série virá de tempos em tempos, ao longo do ano.
Bahia, um celeiro infinito de mulheres talentosas, criativas, com muito repertório para colocar em prática e muitas linhas escritas para o cinema e audiovisual brasileiro. Não é atoa que falam que baiano não nasce, estreia. Trago aqui um balaio múltiplo, fortalecido por coletivos, associações e parcerias diversas, além de profissionais do mercado audiovisual diverso.
Três coletivos focados na mulher do audiovisual merecem destaque: a Mostra “Lugar de Mulher é No Cinema” de Salvador, que já foi citada com mais detalhes em outros artigos da coluna; o “Coletivo Gaiolas” (criado em 2011) de Salvador e o “Coletivo MIBA – Mulheres do Interior da Bahia” de Vitória da Conquista. Esse último destacamos algumas mulheres de cinema: RAYANE TELLES (diretora, roteirista e assistente de som); EMMILY OLIVEIRA (cineasta e poeta visual); ANA NOÉ (documentarista e diretora de arte) e tantas outras. O coletivo nasceu em 2020. (https://www.instagram.com/coletivomiba/ )
O coletivo Gaiolas (https://coletivogaiolas.wixsite.com/coletivogaiolas) é formado por 3 mulheres de cinema: CAMILA CAMILA, documentarista, diretora e roteirista; LETICIA RIBEIRO, formada em cinema na cidade de Cachoeira, é diretora, fotógrafa, montadora e roteirista. Também fundadora de outro grupo “Coletivo Benditas Tetas”, com objetivo de discutir e fomentar a linguagem audiovisual a partir da perspectiva feminista (https://coletivobenditastetas.wordpress.com/ ); OHANA SOUSA, paraibana que encontrou na Bahia uma forma de dialogar o cinema com suas outras formas de arte. Tem um objetivo na busca do cinema autoral. O coletivo realizou filmes como “Olho Adentro Povo Cigano”(2013); “No Seu Giro Corpo Leve” (2014) e outros em fase de produção.
Mas para além dos coletivos, a Bahia traz em seu balaio criativo muitas profissionais diversas do cinema e do audiovisual brasileiro e destacamos algumas.
CAROLLINI ASSIS, uma profissional que muito admiro. Roteirista, gestora de negócios criativos, pesquisadora, criadora e atual diretora da “AUTORAIS” (Associação de Autores Roteiristas da Bahia – https://www.instagram.com/autorais.roteiristas/). Caroll foi também criadora junto com Ceci Alves (outra cineasta incrível da Bahia que já passou pela coluna em outro artigo) do projeto de sucesso “Live de Roteiristas”, projeto de imensa troca entre roteiristas do país. Criadora e roteirista da série baiana “Pensão Ludovico”, filmada em Cachoeira. Estudou na EICTV em Cuba e está a frente dos projetos de sua produtora a Bocapiu Conteúdo Criativo, com desenvolvimento de projetos de filmes e séries tanto documentais quanto de ficção, além de eventos importantes para o mercado audiovisual, focando no diverso para a região.
SOL MORAES, produtora maravilhosa e uma amiga querida. Com mais de 25 anos no mercado audiovisual, sempre aprendo muito com ela. É fundadora e ex-presidente da Associação Baiana de Cinema e Vídeos, foi presidente da ABD Nacional (Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas). Tem em sua filmografia a produção de filmes importantes como “Capitães de Areia”(2016) de Cecília Amado; “Jardins das Folhas Sagradas”(2010); “A Pele Morta”(2023); “Longe do Paraíso”(2022) de Orlando Senna, que é inspirado no mito de Caim e Abel e premiado no Festival de Brasília e que recentemente teve sua estreia nas salas de cinema comercial.
Cintia Maria e Jamile Coelho são dois destaques da animação baiana. Codirigiram o sucesso “Orun Aiyê – A Origem do Mundo”(2015), que narra a história da criação do universo a partir da religiosidade afro-brasileira. O curta foi campeão de visualizações na plataforma Itau Cultural Play e ainda pode ser visto no catálogo. O curta rodou mais de 100 festivais em 25 países e 22 estados brasileiros.
CINTIA MARIA é cineasta e pioneira no desenvolvimento de filmes multiplataforma com aplicação de 3D, realidade virtual e aumentada na Bahia. Cineclubista, idealizadora do “Cine Janela” em que projeta filmes em fachadas de prédios em Salvador. Atual diretora do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira.
JAMILE COELHO é cineasta, diretora de arte e produtora executiva, especializada em animação stop motion e VR (Realidade Virtual). Sua filmografia inclui os curtas “Corações Encouraçados”(2021) e “A Menina e o Rio”; o longa “Cores da Diáspora”(2021), rodado em Angola.
CEICÇA BOAVENTURA é produtora executiva, fundadora da Layepas Produções, atriz e roteirista. Fui sua parceira em projetos de cinema como o curta-metragem “Legítima Defesa”(2017) e no argumento do longa-metragem documental “Terreiros de Candomblé de Cachoeira e São Félix”(2016), que pode ser conferido na Globoplay/futura. Ceicça tem em sua filmografia ainda: “Da Alegria, do Mar e de Outras Coisas”(2012) de Ceci Alves; “Quem Eu Sou?”(2023) de Lisiane Cohen.
MARILIA HUGHES, é diretora, roteirista, produtora e curadora de cinema. Produtora Executiva da “Mostra Internacional Panorama Coisa de Cinema”. Tem em sua filmografia “Carreto”(2008); “Depois da Chuva”(2013); “Guerra de Algodão”(2017); “Sobradinho”(2021); “A Vida em Meus Punhos”(2022) e, atualmente, dedica-se à finalização do Longa-Metragem “A Mensageira”.
Outras tantas mulheres de cinema teria para falar porque a Bahia transborda, mas cito aqui alguns nomes que já passaram pela coluna e de outras mulheres de cinema que merecem destaque: TAIS AMORDIVINO (diretora e roteirista); GLENDA NICÁCIO (diretora e roteirista); ALINE CLEA (Produtora idealizadora do “ANIMAÍ” e produtora das “Oficinas Cinearts de Audiovisual”, além de produzir filmes e séries); JUH ALMEIDA (diretora e fotógrafa); NINA NOVAES (produtora e produtora de impacto); LAIZ MESQUITA (diretora); LILIH CURI (diretora e roteirista); ANA DO CARMO (diretora e roteirista); SOFIA FREDERICO (diretora e roteirista); MARGARETE JESUS (diretora e roteirista); ANA JULIA RIBAS (diretora e roteirista); JULIA FERREIRA (diretora, roteirista e produtora) e outras.
A Bahia tem humor, drama, terror, história, religiosidade, coletivo, ateísmo, feminismo, machismo, dendê e muita pimenta para temperar as emoções. Morei 6 anos em Salvador e foram anos de muito aprendizado, alegrias e tristezas, erros e acertos, encontros e desencontros e muito audiovisual e amizade. Porque se tem um lugar que é difícil sair da mesma maneira que entrou, esse lugar é a Bahia. “Você já foi a Bahia? Então, vá! E quem sabe nos encontramos em alguma praia ou no Cine Glauber.
Até a próxima cena!
Abraço Afetuoso,
Vanessa
Cine-Recorte: A série “Sonhadores” da diretora Julia Ferreira da Bahia, na Amazon Prime Video
Referência Fotos:
- Foto Mapa Bahia via Canvas.com
- Foto Carollini Assis reprodução via instagram da roteirista
- Foto Marilia Hughes reprodução via Panorama Cinema
- Foto Ceicça Boaventura reprodução via LinkedIn da produtora
- Foto Sol Moraes de Ju Buosi, reprodução do site da fotografa