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OLHOS DE ÁGUIA.

Foto de Amanda Dalbjörn na Unsplash

O papel vital das continuístas mulheres na produção cinematográfica.

Por Vanessa Cançado.

– Vai Som, Vai Câmera. Ação!
Amoras (es), espero que estejam bem. Eu estava pensando a respeito do que escrever aqui na coluna, e deixei a TV ligada em um canal qualquer sobre animais, e estava passando sobre algo acerca das águias. Pensei: “Hum, interessante”. Vocês já devem ter lido algo, ou ouvido falar sobre o comportamento das águias. Elas se destacam pela visão nítida e perspicaz, avistam suas presas há quilômetros de distância.

Mas o que isso tem a ver com o assunto? Tudo! Porque é esse olhar que a continuísta mulher tem de diferencial. Uma boa continuísta verá além dos acontecimentos. É um dom que desenvolve no set de filmagem.

Foto de Amanda Dalbjörn na Unsplash
Foto de Amanda Dalbjörn na Unsplash

 

A continuidade é uma função que está interligada à direção. Contudo, durante muito tempo essa função, inclusive, era exercida pelos diretores, mas a evolução do setor foi exigindo que se tornasse uma função à parte. E apesar da importância para a narrativa de um filme, é uma função com escassez de profissionais, e as mulheres nessa função tem seu diferencial: essa antecipação, analisando o cenário e mantendo o foco no primordial.

A continuísta trabalha junto à direção, faz parte da equipe e trabalha muito com o 1o assistente, quando não é exercida por um dos assistentes da direção. Uma boa continuidade passa despercebida, mas não deve ser ignorada, porque a falta de visibilidade acarreta um outro problema para a função, que é a do não reconhecimento, além da desigualdade de gênero.

Continuidade está muito além de somente anotar objetos, cenas válidas da direção no boletim. É preciso estar atenta a todos os setores, porque dependem desse olhar de águia, antecipando problemas, mantendo foco. Mas é muito lembrada se houver erros entre as cenas. Hoje usa-se muito a nomenclatura de “supervisora de roteiro”, devido à responsabilidade que essa
função exerce na produção de um filme.

É difícil elencar nomes que se destaquem exclusivamente por serem continuístas no mercado brasileiro do cinema, pois muitas vezes essa atribuição é exercida por algum profissional que soma à função de assistente de direção, ou outra função. Mesmo assim, trouxe dois nomes de mulheres que merecem ser citadas, como Ana Lígia Coradi, especialista da área e que trabalhou com grandes nomes do cinema (Sandra Kogut, Paulo Halm, Bruno Barreto, Andrucha Waddington, para citar alguns). Outra profissional que merece destaque é Carmem Levy, que exerceu a função em filmes como “Grande Sertão: Veredas”, “Eike – Tudo ou Nada”, “Inverno”. Além de assinar a continuidade de séries como “O Mecanismo” e a recente “A Vida Pela Frente”
com direção de Leandra Leal.

Continuísmo pode ser um bom começo para quem quer entrar na área, e se aprimorar na função. Pode ser uma boa porta de entrada, amoras. Pensem nisso, porque a coerência das narrativas agradecem.

Até a próxima cena!

Abraço afetuoso,
Vanessa.

CINE RECORTE

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Cine Recorte: Amoras (es), aí vai mais uma dica de filme. Esse pode ser assistido nos
streamings da vida. O filme de Julia Rezende, sensacional. Assista com uma boa taça
de vinho e uma boa companhia.
“A Porta Ao Lado”

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