Por Andreza Justino.
Por muito tempo, eu, como muitas outras pessoas, acreditei que a principal razão para o fim de um relacionamento era a falta de amor. Pensava que, se o amor acabasse, então não havia mais sentido em continuar. No entanto, depois de muitas experiências pessoais e observações ao longo dos anos de profissão, cheguei a uma conclusão diferente: o amor nunca foi o problema. O amor, na verdade, é consequência de outros fatores que, quando falham, e levam os relacionamentos ao colapso. Esses fatores envolvem questões como ciúme, traição, falta de conexão sexual, problemas de comunicação e a incapacidade de crescer individualmente e como casal.
O ciúme, para muitos, pode parecer um sinal de amor ou cuidado, mas, na realidade, é uma das formas de demonstrar a necessidade de controle. O ciúme nasce do medo de perder, da insegurança e da falta de autoconfiança. Quando deixamos que o ciúme guie nossos comportamentos, começamos a restringir a liberdade do outro, e criar em nossa mente um mundo de desconfiança e ressentimento.
Esse sentimento cria uma tensão constante, onde tudo se torna motivo para vigilância e, com o tempo, as acusações, mesmo que infundadas, desgastam o relacionamento. O ciúme é, muitas vezes, um reflexo da própria falta de autoestima, e enquanto não olharmos para dentro e resolvermos nossas próprias inseguranças, ele continuará sabotando a relação.
Outro fator que muitos consideram, talvez, o motivo para o término de um relacionamento, ;e a traição. Porém, é importante entender que a traição não é a causa, mas o sintoma de problemas muito mais profundos. Traições, na maioria dos casos, ocorrem quando a conexão emocional e sexual do casal já está enfraquecida. E isso nos leva a uma questão central: a desconexão.
Ela pode ser vista como um grito por atenção, uma tentativa de preencher um vazio que já existe na relação. Isso não justifica o ato, mas nos faz pensar sobre os motivos que levaram até ele. A falta de intimidade, de diálogo honesto e de uma conexão verdadeira cria um espaço propício para que a traição aconteça.
A falta de conexão sexual: Mais do que física, é emocional.
Conexão sexual vai muito além do fator físico, ela é uma barreira do reflexo da intimidade emocional do casal. Quando um casal não se sente emocionalmente conectado, o desejo sexual inevitavelmente diminui. E, com o tempo, essa desconexão pode criar um abismo. A falta de sexo no relacionamento não é apenas a ausência de contato físico, mas sim um sinal de que algo mais profundo está desalinhado.
Se existe um comportamento que determina o sucesso ou fracasso de um relacionamento, é a comunicação. A forma como nos comunicamos, ou deixamos de nos comunicar, pode transformar uma pequena discordância em um abismo intransponível. Conversas difíceis não devem ser evitadas. Quando um casal evita discutir problemas ou tenta “varrer para debaixo do tapete”, o que era pequeno cresce e se transforma em algo que consome toda a relação.
É muito comum que, ao longo do tempo, os casais passem a viver numa espécie de “modo automático”, onde as conversas mais profundas são deixadas de lado. As discussões que surgem, em vez de serem resolvidas, acabam sendo ignoradas, gerando acúmulo de mágoas e ressentimentos. A verdadeira intimidade não vem da ausência de conflitos, mas sim da capacidade de enfrentá-los de forma aberta e honesta com seu parceiro.
Outro grande fator para o término de relacionamentos é a falta de evolução individual. Quando um dos parceiros está crescendo em sua jornada pessoal, seja profissional ou emocionalmente, e o outro permanece estagnado, isso cria um desequilíbrio. O relacionamento saudável é aquele onde ambos estão dispostos a crescer juntos, sem competir, mas sim apoiando um ao outro.
Muitas vezes, caímos na armadilha de achar que, ao estarmos em um relacionamento, precisamos abrir mão de quem somos para nos moldar ao outro. Porém, a verdade é que quanto mais nos conhecemos e evoluímos individualmente, mais temos a oferecer ao relacionamento. O amor floresce quando ambos os parceiros estão em constante evolução, inspirando e apoiando um ao outro.
Existe uma forma de pensar muito comum que muitas vezes não reconhecemos como sabotador: tentamos massivamente mudar o outro. Passamos tanto tempo tentando convencer nosso parceiro a ver o mundo da nossa maneira, a acreditar nas nossas verdades, que nos esquecemos de algo fundamental: ninguém muda ninguém.
Quando nos concentramos em convencer o outro de que ele está errado ou de que precisa mudar, caímos numa dinâmica desgastante de competições e discussões. Isso só gera frustração e desconexão. O verdadeiro poder está em influenciar, não em forçar. Quando mudamos nossos próprios comportamentos, mostramos ao outro, através de ações, o caminho para a mudança.
Por isso, o fim de um relacionamento não acontece de um dia para o outro. Ele é resultado de um acúmulo de desconexões silenciosas, mágoas não resolvidas e comportamentos repetidos que não levam ao crescimento. É preciso coragem para olhar para dentro e perceber que o verdadeiro problema pode não estar no outro, mas nas pequenas escolhas que fazemos diariamente, na forma como nos comunicamos, ou melhor, na falta de comunicação. A chave para reverter esse cenário é assumir a responsabilidade de evoluir individualmente e juntos, sempre cultivando comportamentos que alimentem o respeito, a admiração e a intimidade. O amor, afinal, é consequência de tudo isso – e não a única razão para seguir ou desistir.
Um abraço carinhoso,
Andreza Justino.