Despertando a essência sagrada e reconstruindo a história silenciada.
Por Daniela Jerônimo.
Olá perfumadas! Como vocês estão? Estou feliz por estar de volta e hoje trago uma reflexão sobre um assunto que está latente em mim. Vamos juntas? É verdadeiramente encantador quando nos permitimos mergulhar nas profundezas da nossa própria essência, não é mesmo? Descobrir-se como um ser racionalizado é como abrir as cortinas para um novo amanhecer, onde a luz da compreensão e da conexão com a fonte brilha intensamente.
Minha jornada de autodescoberta começou quando decidi voltar às minhas raízes, à minha ancestralidade negra. Foi um caminho de encontros e reencontros comigo mesma, onde cada passo de desconstrução me aproximava mais da compreensão do meu verdadeiro eu, aquele que ecoa os sussurros dos meus antepassados. E aí, minhas amigas, ao abraçar minha herança afro, descobri tesouros escondidos nos caminhos trilhados pelos que vieram antes de mim. Olhar para trás foi como encontrar um baú de preciosidades, onde cada lembrança, cada história, cada cicatriz revelava os segredos de uma força ancestral que pulsa em minhas veias.
Tudo o que meu professor Júlio Archanjo me ensinou estava correto: “Antes de alçar vôos em direção às estrelas, é essencial firmar os pés na terra que nos acolhe. É nesse solo sagrado que encontramos as raízes de nossa existência, as raízes que nos conectam à essência primordial de tudo o que há”. A umbanda, com sua sabedoria ancestral, não apenas me ensinou a resgatar os ritos sagrados, mas também me proporcionou o privilégio de ouvir o eco dos suspiros silenciados dos meus ancestrais. Cada batida do tambor, cada dança, cada cântico é uma celebração da vida e da resistência de um povo que nunca deixou de sonhar.
Foi, é, e está sendo uma jornada de lágrimas e sorrisos, de perceber como tantas mulheres negras foram invisibilizadas e silenciadas ao longo dos séculos. Cada voz calada é um pedaço da nossa história que clama por justiça e reconhecimento. Assim, me vi diante da missão de ser a voz daqueles que foram silenciados, mesmo que isso signifique abrir mão da minha própria voz por um momento. Porque ser antirracista é mais do que uma postura, é uma entrega amorosa à desconstrução de padrões que aprisionam e segregam.
Esta jornada de reconexão com a ancestralidade negra é uma jornada de amor e cura. Um caminho que nos convida a olhar para dentro e encontrar o divino que habita em nós e em todos os seres. Que possamos todos nutrir o nosso sagrado interior com amor e compaixão, e assim sermos a revolução que tanto almejamos. Que cada passo dado nessa jornada seja iluminado pela luz do amor e da reflexão, guiando-nos rumo a um mundo onde todas as vozes sejam ouvidas e todos os seres sejam amados e respeitados.
Eu sou negra, sou mãe solo, sou umbandista – cada uma dessas facetas da minha vida é um presente, uma dádiva que carrego comigo, que é a sabedoria e a força dos meus ancestrais. Cada desafio enfrentado, cada obstáculo superado, é uma prova da minha resiliência, da minha capacidade de transformar adversidades em oportunidades de crescimento e aprendizado.
E você, meu amor, já tinha pensado sobre a força da sua ancestralidade?
Com todo o carinho e admiração,
Dani Jerônimo