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Sexualidade- Que tabu é Esse?

Por Alíne Valencio.

Deusa,

Eu fico aqui, cansada, exausta, só de pensar em ter que conversar sobre algo tão natural, elementar e divino. Com frequência, quando entro em contato com alguma mulher para divulgar meu trabalho a respeito dos meus atendimentos particulares em sexualidade, ouço tantos absurdos inacreditáveis. E é claro que me solidarizo, em especial quando se trata de mulheres proferindo-os. E o faço porque sei que não é culpa delas, e sim da educação que recebemos nessa sociedade machista. Principalmente quando se trata do universo feminino. Aí sim, a coisa se perfaz de tal maneira que engasgo numa tristeza e um nó na garganta, tamanho é meu desgosto.

E, por ouvir tantos desses absurdos é que tomei a decisão clara de esclarecer de uma vez por todas, o que é sexualidade afinal. Contudo, antes disso, se faz urgente que você se desvincule dos conceitos morais religiosos. E é justamente esse o ponto de partida da nossa conversa. E é aí que os enganos se principiam. Lamentavelmente, os monstros mentais que aprisionam as pessoas, são criados justamente nesse universo: o religioso. Preciso, nesse momento, fazer um parênteses para elencar  a explanação mais importante dessa matéria. Quando falamos em sexualidade, imediatamente nos remetemos necessariamente à sexo e a culpa é da sociedade moralista e conservadora. Do patriarcado, para quem, é extremamente necessário perpetuar essa premissa baixa e da igreja que usurpa a liberdade das pessoas e mente a respeito disso, uma vez que o próprio Deus nos deu a sexualidade e NUNCA disse que ter prazer é pecado, até porque se fosse mesmo, aos olhos de Deus, a relação sexual apenas serviria à procriação sem que sentíssemos um mínimo gozo. Simplesmente ocorreria a penetração, sem prazer, e pronto! Nasceriam os bebês.

Então, eu te pergunto, se foi Deus que nos criou porque ele nos deu o prazer? Para nada? À Toa? Para enfeite? Para sermos açoitados moralmente? Você realmente acredita que Ele faria isso para nos deixar passar por tantos destemperos quando o assunto é sexualidade. Você já pensou sobre tudo isso? Ou você não costuma questionar o que dizem? Você simplesmente aceita e segue apenas repetindo como uma vitrola quebrada aquilo que te disseram ser verdade?

O que é mais importante ainda eu te dizer, ou melhor, te afirmar, fazendo jus à minha competência de sexóloga, é que sexualidade não é só sobre sexo. Aliás, sexo, embora seja parte fundamental da sexualidade, é apenas um dos elementos que a compõem. Há muito mais na sexualidade do se pode imaginar. A maneira banal e rasa com qual ela é tratada lança sobre as pessoas um mal constante. Pois então para esclarecer definitivamente o que é sexualidade, e não vou mencionar nessas linhas o conceito do ministério da saúde. E ele é importante sim, porém não considera aspectos espirituais, e energéticos, os quais são fundamentais para a sexualidade, vou, finalmente, te contar que sexualidade é tão ampla e complexa que está diretamente relacionada com sua essência, sua identidade, sua verdade, com quem é você e nasceu para ser. Além disso, prazer é algo intrínseco da sexualidade. E eu sei que você já associou ao prazer sexual. Novamente repito, o prazer sexual é apenas dos prazeres que englobam a sexualidade. Entretanto, sexualidade é tão complexa que não há como ter prazer sexual sem ter prazer na vida, prazer de viver. Percebe? Não aprendemos a cultivar o prazer de viver, mas queremos ter prazer ao fazer sexo. Não é um disparate? Aliás, prazer é outro assunto tabu, inacreditavelmente. E já começa desde que somos crianças. Quando uma menina, criança, está ali brincando PRAZEROSAMENTE, ou seja, ela está descobrindo o prazer de viver, ela é cerceada por um adulto malicioso, cuja maldade povoa sua cabeça. Maldade essa que não existe na cabecinha daquela criança, que está apenas brincando e existindo. Isso quer dizer que, desde cedo essa menininha aprende que ter prazer é feio e então seu cérebro registra essa informação e ela leva para a vida adulta. Não é difícil concluir as razões pelas quais a maioria das pessoas, ou mais especificamente das mulheres, se sente inadequada, insuficiente e esquisita quando se trata de prazer sexual. Mas, o problema não está na sexualidade. O problema está na concepção que nos foi ensinada e que formou nossa visão a respeito do assunto.

Se não somos incentivadas a viver a vida da maneira que queremos ou acreditamos, estão necessariamente nos privando do nosso direito natural de ter prazer. O prazer de ser quem somos, e de quem queremos ser. Isso nos leva a sabotar totalmente o prazer sexual sem que a gente se dê conta. E jamais associamos uma coisa à outra, infortunadamente. As consequências desse comportamento geram gerações de mulheres frustradas sexualmente. Sem contar os ideiais religiosos punitivos. Tudo isso perfaz um cenário extremamente hostil frustrante e coercitivo sobre algo que é divino e natural. E tudo isso começa muito cedo. Como eu exemplifiquei, desde muito criancinhas somos castigadas por sermos quem somos. Diante de todos esses fatos, como ousamos conjecturar que compreendemos de verdade o que é sexualidade? Se nem mesmo nos deixamos conhecer o próprio corpo para nos deleitarmos com o prazer de nos amarmos pelo simples fato de sermos quem somos, como temos podemos querer achar que entendemos de verdade o que é sexualidade?

A sexualidade, minha musa maravilhosa, começa com uma palavra chamada PERMISSÃO. Permissão para que? Em primeiro lugar permissão para se dar o direito de questionar os próprios conceitos. A liberdade sexual- e entenda-se por liberdade sexual, liberdade de alma- tem a ver com o livre arbítrio de pensar livremente e ser respeitada por isso, independentemente da opinião alheia. Sexualidade é aceitar e ter coragem de diferente do que vem fazendo durante toda a sua vida, e que ela não vai acabar por conta disso. Ao contrário. Sexualidade é “bancar” as próprias escolhas e ir até o fim, mesmo que isso custe se afastar de quem lhe faz mal, ainda que sejam familiares e pessoas próximas.

Sexualidade começa quando você tem coragem de dizer não, mesmo que os outros se sintam ofendidos. Até porque, quem exerce sua sexualidade na sua plenitude já entendeu que cada um é responsável pelo que vai fazer com o que sente, ou com o que outra pessoa lhe disse ou lhe fez. E não você. Quando você muda sua vida e passa a ser quem você é de verdade, aí sim você começa a viver sua sexualidade, porque você consegue sentir prazer em ser quem você é. E nada pode te abalar. Nem ninguém. Ter a certeza de que nada vai ter tirar do caminho que você trilhou para si é viver sua sexualidade. Diante de tudo que te explanei aqui, eu te pergunto: porque cargas d’água sexualidade é um tabu mesmo? Agora que você finalmente compreendeu de uma vez por todas, o que é sexualidade é, pelo menos assim espero, desejo que a partir de hoje você possa galgar passos mais firmes e fortes para defender seu direito de exercer a sua plenitude e de viver a sua vida da maneira que te fizer mais feliz, respeitando seus limites e valores. Quando você começar a agir dessa maneira, vai se sentir livre, leve , solta e FELIZ. É isso que Deus quer da gente. É isso que Deus espera que você faça. Se ele te deu o prazer, honre a Deus, vivendo prazerosamente.

Um beijo “sexual” para você,

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Alíne.

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