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UM REDENTOR PARA ELAS.

                          As Mulheres de Cinema e seus Filmes no Festival do Rio.

 

Por Vanessa Cançado.

Foto: Christian Rodrigues/divulgação Festival

 

– Vai Som, Vai Câmera. Ação!

Olá Amoras (es), começa amanhã um dos principais festivais de cinema em nosso país – o 26º Festival do Rio (03 a 13 de Outubro de 2024) e não poderia deixar de falar sobre as mulheres de cinema que estarão despontando com seus filmes pelo evento.

O festival está dividido em 5 mostras, sendo duas delas competitivas que premia com o Troféu Redentor: a Première Brasil (competitiva oficial) e a Novos Rumos. Esse ano são 51 longas e 28 curtas na competição. Nós aqui já estamos na torcida pelas mulheres de cinema. Os filmes são projetados na noite de gala no Estação Net Gávea e no dia seguinte a preços populares, seguidos de debates no Cine Odeon, na Cinelândia (região central da cidade). O evento ainda conta com mais três mostras importantes (Não-Competitivas): a Hors Concours, Retratos e O Estado das Coisas.

Nos longas, a PREMIÈRE BRASIL traz os filmes ficcionais “Lispectorante” de Renata Pinheiro(PE), inspirado em frases e pensamentos da escritora Clarice Lispector, que viveu em Recife, antes de se estabelecer no Rio de Janeiro e “Manas” de Mariana Brennand(RJ), um drama que apresenta a narrativa da história de Marcielle, uma jovem de apenas 13 anos que está inserida em um meio repleto de violências dentro da periferia onde mora. Moradora da Ilha de Marajó, no Pará, junto com o seu pai, a mãe e a três irmãos.

Em documentários traz os filmes “Apocalipse nos Trópicos” de Petra Costa(SP), um documentário que revela como o movimento evangélico, com sua ideologia apocalíptica, desempenhou um papel crucial na ascensão de Jair Bolsonaro à presidência e levanta questões sobre a ameaça de uma teocracia nacional; “A Queda do Céu” de Gabriela Carneiro da Cunha(SP) em parceria com Eryk Rocha, que  acompanha o importante ritual fúnebre Reahu, que mobiliza a comunidade de Watoriki, a mais importante cerimônia dos Yanomami, que reúne centenas de parentes dos falecidos com a finalidade de apagar todos os rastros daquele que se foi e, assim, colocá-lo em esquecimento. E o filme “Quando Vira a Esquina” de Chris Alcazar(RJ), documentário construído com as histórias e reflexões de mulheres trabalhadoras sexuais da Vila Mimosa, no Rio de Janeiro. O reduto de prostituição mais antigo e famoso do país.

  

     

 

A NOVOS RUMOS traz para competitiva os filmes de 5 mulheres de cinema: “Ainda Não É Amanhã” de Milena Times(PE), que tem como protagonista Janaína, uma jovem de dezoito anos que mora com a mãe e a avó em um conjunto habitacional na periferia do Recife. Ela é a primeira pessoa da família que pode obter um diploma universitário, mas uma gravidez indesejada ameaça os planos que ela havia traçado para sua vida.

“A Procura de Martina” de Márcia Faria(RJ), conta a história de uma viúva de 75 anos diagnosticada com Alzheimer, que recebe um telefonema inesperado que pode ser a chave para resolver um mistério que persegue sua vida há mais de 30 anos: o possível paradeiro de seu neto desaparecido. O que começou como uma busca pela sua filha única, sequestrada pela ditadura argentina enquanto estava grávida, agora a leva ao Rio de Janeiro. Assina também o roteiro do filme a roteirista Gabriela Amaral Almeida que já foi citada em outros textos na coluna.

Incondicional: O Mito da Maternidade” de Patrícia Fróes(RJ), levanta alguns questionamentos sobre a trama. A maternidade é instintiva ou construída? A que serve o sentido incondicional do amor materno? Uma mãe-diretora abre conversa com outras mães e juntas elaboram sobre as complexidades e riquezas da maternidade.

Paradeiros” de Rita Piffer(RJ), documentário que acompanha a jornada de Sandra, uma mãe em busca do corpo de seu filho Leandro, desaparecido após um jogo de futebol em seu bairro dominado pela milícia. A obra retrata a luta das mães que, mesmo silenciadas pelo medo e invisibilidade, enfrentam desafios extremos, tanto em suas comunidades quanto no sistema público, em busca de respostas.

Avenida Beira-Mar” de Maju de Paiva(RJ), narra a vida de Rebeca (Milena Pinheiro), na qual se muda com sua mãe para o subúrbio de Piratininga, no litoral de Niterói, após a separação dos pais. Forçada a ficar em casa devido a uma onda de roubos na área, Rebeca vive confinada, com uma visão limitada da vida além do muro. Sua solidão é quebrada quando conhece Mika (Milena Gerassi), uma menina trans que vive no subúrbio vizinho de Tibay.  Em parceria na direção e roteiro tem Bernardo Florim.

Para nossa felicidade outras mulheres de cinema se fazem presentes no festival com seus filmes. São ele: na Mostra HORS CONCOURS, Rosane Svartman(RJ) com “Câncer com Ascendente em Virgem”, comédia dramática com base na história real de Clélia Bessa, produtora do longa, que lutou contra um câncer de mama. Tem no elenco Suzana Pires, Marieta Severo e Nathália Costa.

Eliane Caffé(SP) com “Filhos do Mangue”, a trama conta sobre Pedro Chão que vive em um dos lugares mais exóticos e paradisíacos do litoral norte do Brasil. Ali, ele se estabeleceu usando mão de obra ribeirinha: ele é usado para explorar os outros, especialmente mulheres. Além disso, ele é colocado como um homem violento, truculento e autoritário, acusado de maltratar sua esposa e filhos. Ele não só tem uma péssima reputação, como também dá um golpe financeiro em sua comunidade, até um dia ele aparecer ferido e sem memória.

Yasmin Thayná(RS) com “Virginia e Adelaide”,  retrata a vida e a obra de Virgínia Leone Bicudo, uma socióloga e psicanalista negra brasileira, e Adelaide Koch, uma médica e psicanalista autodidata, judia alemã e branca. As duas se encontraram em 1937, um ano após a chegada de Adelaide ao Brasil, ao fugir da perseguição nazista, acompanhada pelo marido e suas duas filhas. Juntas, elas foram pioneiras na divulgação da psicanálise no país, enfrentando barreiras e preconceitos. Divide a direção com Jorge Furtado e no elenco tem Gabriela Correa e Sophie Charlotte.

Rebeca Diniz(RJ) com “Precisamos Falar”, acompanha dois casais de classe média alta, cujas vidas mudam drasticamente após um crime horrendo cometido por seus filhos adolescentes. Após uma festa, os jovens cometem um assassinato brutal de uma mulher que dormia em um caixa eletrônico. Com a câmera de segurança do banco registrando o ato, mas sem revelar a identidade dos culpados, o crime ganha repercussão. Quando os pais descobrem que seus filhos são os assassinos, eles enfrentam dilemas morais e éticos profundos, refletindo sobre a banalidade do mal e o impacto das ações dos filhos sobre suas próprias vidas. Pedro Waddington assina junto a direção e no elenco tem as atrizes Marjorie Estiano e Hermila Guedes.

Câncer com Ascendente em Virgem
Precisamos Falar

 

A Queda do Céu
Lispectorante

 

Paradeiros

 

 

 

A Procura de Martina
Ainda não é Amanhã

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na mostra RETRATOS podemos conferir os filmes de Ana Isabel Cunha(SP) com “Janis, Amores de Carnaval”, que explora o acervo do fotógrafo Ricky Ferreira, mostrando a intimidade da cantora. Seu visual hippie contrastava com o autoritarismo da época. A história aborda feminismo, liberdade, bullying e amores livres.

Tarsilla Alves(RJ) com “Moacyr Luz, o Embaixador da Cidade”, que acompanha as andanças de Moacyr, regadas a muita birita, encontros com amigos e belos sambas que o qualificam a ser chamado de “embaixador” da capital fluminense. Moacyr foi parceiro de Aldir Blanc e criador do Samba do Trabalhador.

Joana Nin(PR) com “Noel Rosa, um Espirito Circulante”, documentário que cria paralelos entre passado e presente, sobretudo pela forma como o samba e a figura de Noel Rosa se misturam até hoje ao redor de seu berço criativo. O artista morreu aos 26 anos e deixou um legado de quase 250 músicas.

Roberta Canuto(RJ) com “O Nascimento de H. Teixeira”, documentário que mergulha na vida e na transformação de Heloísa Buarque de Hollanda, agora conhecida como Heloísa Teixeira. O filme explora como a vida e a obra de Heloísa se entrelaçam com a história da cultura brasileira, criando um retrato “caleidoscópico” da intelectual. O Nascimento de H. Teixeira oferece uma visão profunda e íntima da trajetória de uma das mais brilhantes pensadoras do comportamento humano do Brasil, refletindo sobre sua influência na cultura e no pensamento nacional.

Paz Encina(RJ) com “Carta a Un Viejo Master”, uma reflexão ao cineasta Eduardo Coutinho, visitando o emblemático Edifício Master em Copacabana. Inspirada pelo filme de Coutinho, percorre o edifício em busca de ecos dos antigos personagens retratados por ele. Através de tomadas fixas de corredores, áreas comuns, maçanetas, apartamentos em reforma e detalhes de mobiliário, Encina chama pela presença daqueles que se ausentaram, seja por morte, mudança ou separação.

Na Mostra O ESTADO DAS COISAS temos as cineastas: Adriana Miranda, RJ com “Eu Sou Neta dos Antigos”; Claudia Calabi, SP com “Sabores”; as maravilhosas Carol Benjamin, Tais Amordivino, Julia Katharine, Luh Maza e Ana do Carmo com o filme “Insubmissas”; Denise Kmekhol, SP com “Pele de Vidro” e Patrícia Kogut, RJ com “No Céu da Pátria Nesse Instante”.

Dos CURTAS na competitiva PREMIÈRE BRASIL temos os filmes de Barbara Sturm, “A Cabana”; de Valentina Homem, “A Menina e o Pote”; de Moara Passoni, “Minha Mãe é uma Vaca”; de Yasmin Thayná, “O Tempo é um Pássaro”; de Julia Moraes, “Procura-se uma Rosa”; de Milena Manfredini, “Stella do Patrocínio e a Gênese da Poesia”. Ainda na competitiva NOVOS RUMOS, os curtas de Lis Paim com “Fenda” e Carol Aó com “O Céu Não Sabe o Meu Nome”.

O Evento ainda proporciona uma programação internacional com projeção de filmes inéditos no Brasil e que foram destaque nos principais festivais pelo mundo. Um evento grandioso como merece o cinema nacional. Vale a pena conferir pelo site oficial do festival, os horários e salas de cinema dos filmes. Nos vemos em algum dessas salas.

Até a próxima cena!

Abraço Afetuoso,
Vanessa.

Cine-Recorte: Minhas dicas hoje é o próprio evento: https://www.festivaldorio.com.br/

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